quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Cadê meus parâmetros?

Ei!
Cadê meus parâmetros?
Eu tinha uma porção deles, alguns estáveis, outros, até, rígidos. Agora, estão aí, emaranhados, confusos, totalmente questionáveis.
Embora relute em admitir, os parâmetros (pelo menos os meus) são influenciados pelos sentimentos e adaptados por eles. No fundo, no fundo; os parâmetros são adaptados aos interesses dos nossos sentimentos, do nosso estado emocional. Isso me parece uma tremenda safadeza, mas não posso negar que isso acontece comigo.
Como ser racional com tamanha influência da emoção? Por que é tão difícil evitar essa promiscuidade entre razão e emoção?
Sempre defendi o direito do indivíduo escolher, optar pelo que lhe pareça melhor, desde que arque com as conseqüências. Por que não consigo aceitar as escolhas alheias que me desagradam? Por que alguém teria que pensar mais em mim que em si próprio, evitando-me dissabores e, conseqüentemente, sofrendo-os? É de uma safadeza imbecil pretender que isso aconteça! É extremamente envergonhado que confesso pretender que isso acontecesse.
É comum tentarmos evitar que pessoas que amamos se arrisquem em tentativas para conseguir o que lhes parece melhor pra elas. Argumentamos que estamos tentando protegê-las, quando, na verdade, estamos tentando proteger a nós mesmos, tentando evitar a nossa perda ou o nosso sofrimento pelo fracasso ou decepção que a pessoa protegida possa sofrer.
Quantos fracassos eu previ e tentei evitar as tentativas? Muitas previsões falharam e, o que me parecia fadado ao fracasso, mostrou resultados satisfatórios. Outras previsões se confirmaram, no entanto, as fracassadas, me mostram, claramente, minha falibilidade e desautorizam que eu force o impedimento de tentativas. Eu deveria me limitar a usar meus conhecimentos e experiência para argumentar e alertar para os riscos, mas respeitando o direito de quem quer tentar. No entanto, é difícil resistir à vontade de tentar evitar, a qualquer custo, que a pessoa tente o que está disposto a arriscar.
Quanta mesquinharia e egoísmo existe por traz das tentativas para evitar que as pessoas se arrisquem em conseguir o que pretendem? Quanto estamos preocupados com elas ou quanto nosso comodismo é que determina nossa preocupação?
É muito fácil recomendar que as pessoas resistam a suas vontades, no entanto, sabemos o quanto é difícil resistir às nossas. Por que não consideramos isso na hora de aconselhar ou recomendar? É muita sacanagem! Não é?
Nada melhor do que exemplos concretos para ilustrar esta reflexão.
Pais procuram impedir que os filhos se divirtam e tenham prazer com brincadeiras que causem barulho ou outro tipo de incômodo para eles, pais. O mesmo acontece se a brincadeira resultar em roupas sujas, que darão mais trabalho para serem lavadas.
É comum que os pais se preocupem quando os filhos se apaixonam e, não raro, procurem todo tipo de obstáculo que possa impedir o relacionamento. Em muitos dos casos, o motivo principal é o medo de perder o amor dos filhos e, não, os prejuízos ou sofrimentos que o relacionamento possa lhes causar. Pais costumam julgar o que é melhor para os filhos, pelos seus valores e, não, pelo dos filhos. Muitas vezes podem ter razão, no entanto, não é razoável desconsiderar os valores dos maiores interessados.
O homem abandonado pela mulher que o amara e que ele ainda ama; tende a acusá-la de incoerência, de falta de juízo, de estar cometendo suicídio moral, de estar abrindo mão de vantagens e se arriscando a grandes prejuízos e sofrimento. Não considera que, o que ela pretende, possa ter um valor muito maior do que o que está deixando para traz. Ele pretende fazer crer que se preocupa com ela, quando na verdade, o motivo principal é o seu próprio sofrimento. Se ele gostaria que ela voltasse, é mais para livrar-se do sofrimento próprio, do que para protegê-la, evitar o sofrimento dela. Isso não quer dizer que ele não se preocupe com ela e tenha interesse em protegê-la, no entanto, a maior motivação é o seu próprio sofrimento. Em conseqüência, ele torce para que ela se dê mal e sofra; o que demonstraria que ele tinha razão e, quem sabe, volte para ele, restituindo-lhe o amor próprio e possibilitando-lhe continuar desfrutando do seu amor. Portanto, é o que ele sente que manipula os parâmetros usados nas análises e conclusões.
A mesquinhez e o egoísmo, tendem a impedir a devida consideração do custo/benefício. Um custo muito pequeno costuma ser motivo suficiente para se desconsiderar o benefício possível, por maior que possa ser.
Quando decidi praticar paraquedismo e vôo livre, parentes e amigos só costumavam considerar os riscos inerentes, desconsiderando o prazer e a felicidade que aquilo propiciava. O mesmo aconteceu quando assumi um relacionamento incomum, com uma menina trinta e dois anos mais nova que eu e bastante bonita. As pessoas se fixavam no que eu sofreria quando ela me deixasse, desconsiderando o prazer e felicidade que ela me propiciava. Tinham razão quanto ao sofrimento, só não consideraram que o benefício pode ter valido o custo resultante. Também evitaram considerar outras qualidades dela, limitando-se a considerar sua beleza e idade.
Fui muito criticado por abrir mão de vantagens financeiras, optando por manter a dignidade.
As pessoas costumam desconsiderar as forças que nos influenciam, dificultando e, até, impedindo que as enfrentemos. Na hora de aconselhar ou criticar, as pessoas desconsideram o poder dessas forças, acreditando que o indivíduo tenha plena capacidade para racionalizar, agir e determinar qual será o resultado.
Se é verdade que somos influenciados por forças misteriosas, como julgar o que o indivíduo pode ou não fazer para resolver uma determinada situação? Será que uma criança tem capacidade suficiente para resistir a suas vontades? Terá o indivíduo capacidade para manter-se completamente racional quando influenciado por forte emoção?
Não escolhemos nascer, nem a família, nem a quem amaremos. Não nos cabe determinar a durabilidade de nossa saúde, que doenças sofreremos e, muito menos, o tempo que viveremos. Isso é inexorável! Quantas outras coisas, que acreditamos estar sob nosso controle, não são influenciadas por esse mesmo mistério? Como podemos condenar alguém, se não temos certeza de que ele seja o único responsável pelo que causou?
A consideração de direitos e deveres pode ajudar bastante nas decisões e evitar muitos problemas. No entanto, por que alguém deve sofrer pra evitar o sofrimento de outro?
É por isso que estou confuso desse jeito! Perdi os parâmetros que me permitiam analisar e julgar. E agora, faço o que?
Não consigo deixar de sentir vontade de criticar, julgar e condenar. No entanto, julgamentos em tais condições, correm risco de serem totalmente injustos. Não quero ser injusto! Não consigo eliminar a vontade de acusar, criticar e condenar! Será que isso tem cura?
Se alguém conhecer algo que possa resolver esse problema, por favor me indique, salvando-me da paranóia que insiste em me dominar. (Será que já não me dominou?).

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O Daniel chegou!

Ooooooooi!
Cheguei!
Como vocês são ansiosos. Tá Loco!
Eu estava bem acomodado, totalmente confortável, esperando a hora de nascer e sentia a pressão da ansiedade dos que tinham pressa que eu nascesse. Por que essa pressa?
Se fosse minha mãe que estivesse com pressa, eu até entenderia; afinal, o meu nascimento a aliviaria do peso que carregava. No entanto, Por que a pressa das outras pessoas?
A julgar pela felicidade que as pessoas demonstram ao saber do meu nascimento, considero que sou bem vindo. Obrigado.
Gostaria aproveitar a oportunidade de tanto interesse em mim, pra lembrar que já venho equipado com uma série de características boas e ruins, dependendo de quem as considere e da ocasião. O ambiente em que vou viver deverá ter alguma influência sobre mim e o que venha a ser. No entanto, eu sou o que sou e, dificilmente, poderei ser o que os outros queiram, mesmo porque, vão querer que eu seja várias coisas e, muitas delas, conflitantes entre si.
Agradeço, desde já, aos que se disponham a me ajudar, mas peço que reflitam bem sobre isso. To sabendo que muita gente vai se esforçar pra me transformar num boneco bem comportado, acreditando que isso será bom pra mim. Pelo que eu sei, muita gente se esforça pra que a gente seja o que eles não conseguem e, principalmente, não querem ser.
Tudo bem; to sabendo que esse mundo é bem complicado e que é impossível agradar a todos. Garanto que vou tentar ser o melhor possível, agradeço a ajuda e, desde já, peço desculpa pelos erros; no entanto, não me peçam pra abrir mão de mim e dirigir todo meu esforço só pra agradar aos outros.
Caramba! Deixa eu assumir meu papel de bebê porque esse papo é de encher o saco. Daqui a alguns anos, se você tiver afim, podemos discutir esse assunto. Agora, vou me dedicar a curtir as novidades, o carinho que me dedicarem e tudo que cabe a um bebê.

Daniel
Santos, 19 de dezembro de 2007

liberdade I

LIBERDADE
Liberdade é um sentimento. Um indivíduo encarcerado nas mais restritivas condições, pode sentir-se mais livre que alguém que não tenha nenhum compromisso e em condição de fazer qualquer coisa.

A lei Áurea deve ter provocado um grande sentimento de liberdade em muitos negros. Grande parte deve ter saído correndo das senzalas assim que as portas foram abertas, passando pelas porteiras das fazendas como passarinhos que deixam as gaiolas em que estiveram presos, sentindo-se livres, donos de si mesmos e de seu futuro.
A grande maioria nascera nas senzalas e não tinha a menor idéia do que era necessário para assumir a responsabilidade pela própria vida. Alimento, vestuário, moradia, saúde; até ali, tinham sido responsabilidade de seus donos.
A propaganda anti-escravista tinha razão quando acusava a exploração dos negros, que só custavam a manutenção e mais nada, propiciando grandes lucros aos patrões. Com a força de seu trabalho, poderiam pagar pela sua subsistência e conseguir melhorias, progredindo e acumulando.
Em teoria isso era verdade. Se tivessem terra e a trabalhassem como o faziam para os patrões; a administrassem como estes o faziam, comercializassem, tanto os insumos como a produção, com os mesmos critérios; alcançariam os mesmos benefícios conseguidos pelos que os tinham explorado por tanto tempo. Tendo consciência de que trabalhavam para si, poderiam produzir mais e melhor, aumentando a produtividade e desfrutando de maiores benefícios. Afinal, se eles eram os responsáveis pela riqueza dos patrões, seria lógico que obtivessem os resultados que propiciavam.
No entanto, não tinham terra, nem insumos, nem ferramentas. Não sabiam comercializar, nem trapacear, nem explorar. Não tinham consciência da força da união, da solidariedade, do que o esforço coletivo poderia propiciar a cada um. Acreditaram-se livres, como indivíduos e, muitos, devem ter considerado que qualquer tipo de associação restringiria essa liberdade. Partiram para desfrutar a tal liberdade, individualmente, acreditando que nada poderia ser pior do que a vida levada até ali.
Logo ficou evidente que a força de trabalho sem organização e, principalmente, sem capacidade de comercialização; vale muito pouco. A grande maioria constatou que o rendimento de seu trabalho não propiciava nem o mínimo do que desfrutavam na senzala. Sendo propriedade, mereciam um mínimo de atenção para que mantivessem seu valor. Agora, eram descartáveis. Continuavam sendo explorados, mas quando tinham algum problema, eram substituídos e abandonados à própria sorte.
O sentimento de liberdade, sentido quando da abertura das sensalas, deu lugar à constatação de que se haviam tornado em escravos da própria sorte. Deve ter sido triste perceber que se, antes, só tinham valor como escravos; agora, não tinham valor nenhum.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

LIBERDADE

Fui com o Michel até a praia de Picinguaba, Ubatuba, onde conhecemos dois suíços, pai e filho, o primeiro com sessenta anos e o outro com vinte e um. Eles estavam há quinze meses viajando em um veleiro. O pai é médico e o filho estudante.
Tive a sensação de que aquela aventura era um exemplo de liberdade. Os dois no veleiro, sem ninguém pra encher o saco, podendo fazer o que quisessem, aportando onde lhes desse na telha, ficando mais ou menos tempo, só dependendo de suas vontades.
Quando relataram as dificuldades com a burocracia da capitania dos portos e da polícia federal, senti que a liberdade não era tão grande. Quando recusaram o convite do Michel para pernoitar em sua casa, alegando que não poderiam deixar o veleiro sozinho; a liberdade que eu imaginara diminuiu mais um pouco. Ela continuou diminuindo quando eles se referiram à calmaria que os imobilizava por longos períodos, uma vez que repudiavam a navegação a motor.
Quando o filho disse que, na travessia do Atlântico, passaram seis semanas sem ver terra, muito menos, qualquer outro tipo de vida; senti que o veleiro funcionava como a mais segura prisão. Não tinham como sair dele, mesmo que quisessem. Eles tiveram a liberdade de se auto-aprisionar!
Pensei nos pensamentos que se instalam em mim e que gostaria de não tê-los. Eles me aprisionam, dificultam que eu pense no que quero, me atormentando, causando sofrimento, sem necessidade de qualquer interferência externa. É um auto-flagelo, involuntário, gerado dentro de mim, contrariando qualquer racionalidade. Esses pensamentos involuntários me aprisionam dentro de mim mesmo.
Se a mulher que amo não me quer; bastaria esquecê-la. Se não obtive o sucesso pretendido, bastaria esquecer o fracasso e partir pra outra. Bastaria empenhar-me no presente objetivando o futuro, desconsiderando o passado. Porém, como conseguir isso?
Se alguém conhecer uma receita que possibilite isso, me avise, por favor. Me ajude a libertar-me de mim mesmo!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Conversa com Deus

Deus, eu gostaria de saber por que o senhor fez pessoas conformadas, que aceitam a maior parte das coisas, passivamente; não questionam, limitando-se a aceitar, elogiar, aprovar, descartar, criticar ou reprovar, sem usar a razão e baseando-se quase exclusivamente em preconceitos, emoções e vontades. Por outro lado, fez imbecis, como eu, que teimam em questionar tudo, viver procurando causas, tentando compreender as coisas, buscando alternativas para o que consideram errado, mesmo sabendo que as soluções, que consigam encontrar, são temporárias e que, provavelmente, o tempo se encarregará de demonstrar que elas, também, não resolvem.
Emquanto algumas pessoas (acho que a maioria) são egoístas e egocêntricas, procurando acumular o máximo sem se importar com quem pagará por isso; outras (muito poucas), teimam em malhar em ferro frio, com conhecimento suficiente para saber que seu sacrifício será inútil; abrindo mão de vantagens que poderiam usufruir, dedicando-se a lutas utópicas, objetivando o bem comum.
O que o senhor pretende com isso? Usar os idiotas solidários para opor alguma dificuldade aos egoístas? O senhor acha que isso tem funcionado?
Os que se dizem seus representantes aqui na Terra, apregoam que o senhor nos deu livre arbítrio e que, portanto, a responsabilidade pelo que nos acontece é nossa, efeito de nossas escolhas. Se isso é verdade, quero acusar que o meu livre arbítrio veio com defeito. Eu gostaria de não conhecer, muito menos compreender, uma porção de coisas; o que só me trouxeram problemas; no entanto, não consigo, sou obrigado a questionar, pesquisar, analisar, refletir, buscando soluções. É evidente que isso é ruim, causa sofrimento e não resolve porra nenhuma! (desculpe pelo, porra). Eu gostaria de aceitar, me acomodar às coisas e tirar proveito delas, mas não consigo. Que porra de livre arbítrio é esse, em que eu quero uma coisa e faço o contrário? (desculpe de novo pelo, porra). Portanto, reitero a reclamação: meu livre arbítrio tá com defeito! Como faço pra trocá-lo por um que funcione? O senhor mantém alguma assistência técnica aqui na Terra?
Peço desculpas pelo atrevimento e aguardo resposta.
Na próxima postagem continuo o questionamento, pois o que mais tenho são dúvidas. Espero que o senhor não se zangue comigo.
Fui!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

CALA A BOCA CHAVES!

Calla-te! por que no te callas?
O rei Juan Carlos, da Espanha, no Chile, irritado com as intervenções de Hugo Chaves, que impedia o primeiro ministro da Espanha, Zapatero, defender o seu antecessor, a quem o Chaves atacara com acusações.
A imprensa destacou o episódio, provocando discussões e, como não poderia deixar de ser, o principal foi deixado de lado e a meia dúzia de palavras proferidas pelo rei, serviram de mote para ataques e defesa às polêmicas atitudes de Chaves.
O que Chaves tem feito, é acusar o imperialismo estatal e empresarial, que não têm escrúpulos na utilização de métodos que possibilitem e facilitem a exploração. Alguém tem dúvidas de que isso é verdade?
O problema é que o imperialismo, a corrupção e o crime, usam artifícios eficientes para ocultar os responsáveis, o que dificulta e, até, impossibilita a obtenção de provas que identifiquem, sem dúvidas, os planejadores e articuladores. Muita gente sabe quem são os imperialistas, os corruptos, os responsáveis pelo tráfico e os comandantes do crime; a dificuldade é provar.
As pessoas de bem abominam a injustiça. Um número razoável de casos, em que não havia dúvidas sobre a autoria de delitos, mostraram que os acusados eram inocentes. Isso fez com que leis fossem criadas objetivando evitar injustiças. A convicção de que: “É melhor centenas de criminosos livres do que um inocente na cadeia”, orientou a criação de leis que refletissem esse conceito. A conseqüência dessa preocupação foi que: é suficiente levantar dúvidas para impedir condenações, mesmo quando as evidências são gritantes. O custo de evitar algumas injustiças, é a impunidade dos culpados.
O que o Chaves tem feito, é desprezar o benefício da dúvida, usando as evidências para acusar. É evidente que a busca de vantagens levem países poderosos a usar todo tipo de artifícios para explorar os menos favorecidos. O mesmo acontece com relação às empresas em busca de lucro. Esforços para instalar governos que facilitem seus objetivos e derrubar os que os contrariam; faz parte do cotidiano dos exploradores. Ideologias altruístas são manipuladas e usadas a favor dos exploradores, contra os explorados, a quem pretendiam proteger.
A acusação sem provas acaba por beneficiar o acusado, oferecendo-lhe a auréola de injustiçado, transformando o réu em vítima.
É provável que Chaves tenha razão em muitas das acusações que faz. No entanto, a falta de provas, aliada aos exageros nas acusações; municiam os exploradores para transformá-lo de acusador em algoz. É a força bruta da revolta, contra a inteligência refinada a serviço dos poderosos. É como o caso da mulher traída, condenada por injúria, porque prevaleceu a versão do marido, alegando que fazia respiração boca a boca, contra a acusação de que beijava a amante.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

PSICOSE?

O que é psicose, esquizofrenia?
Acredito que seja a impossibilidade do indivíduo de controlar impulsos e vontades, além de alucinações em que o indivíduo sinta e veja coisas irreais.
Há indivíduos para quem as alucinações causam medo e sofrimento. Outros, aceitam a ilusão como realidade e interagem com ela. Qual a causa disso? Haverá causas orgânicas, físicas, químicas ou fisiológicas?
Se as causas não tem origem material, qual a sua origem?

O convívio social oferece, constantemente, motivos para a revolta dos indivíduos. Abuso de autoridade, desrespeito a direitos alheios, recusa a cumprir com deveres, egoísmo e prepotência; fazem parte do dia a dia; provocando revolta e exigindo hipocrisia para não manifestá-la por temer retaliações, punições ou qualquer outro tipo de reação que possa aumentar o prejuízo do revoltado.
Acredito que o maior motivo para conter a revolta é o medo de ser considerado “louco”.
Quem não controla suas reações é considerado um perigo pois pode expor os outros ao que não estão dispostos. Uma maneira de se livrar de situações embaraçosas é acusar a quem as causou de “louco”. Talvez, aí, esteja a justificativa para a maioria do preconceito da sociedade para com os psicóticos.
É normal que quem tem algum poder seja classificado de excêntrico enquanto, quem não o tem, é simplesmente “louco”, embora os motivos da classificação sejam os mesmos.
Por outro lado, há quem tenha problemas psíquicos por não conseguir externar sua revolta, abrigando-a, sendo corroído por ela.
Afinal, o que é psicose ou esquizofrenia?

sábado, 13 de outubro de 2007

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

TRÁFICO DE DROGAS

DISCRIMINALIZAÇÃO DO COMÉRCIO DE DROGAS
É evidente que considerar como crime o comércio de drogas não impediu que ele se alastrasse e tenda a continuar crescendo.
O objetivo da lei, caracterizando esse comércio como crime, é impedir que ele aconteça, possibilitando punir quem se atreva a contrariá-la, prendendo os infratores e esperando que o temor da punição impeça o ingresso de pessoas nesse comércio.
Não funcionou. Não porque a prisão não seja temida. Ninguém gosta de passar anos encarcerado, com total restrição da liberdade. O que propicia o desafio é a relação custo/benefício. Os envolvidos nesse crime consideram que o benefício conseguido é muito maior que o eventual custo representado pela perda da liberdade.
Embora a perda da liberdade seja um custo muito alto e seja senso comum que não há dinheiro que a compense; cada vez mais indivíduos se atrevem a correr o risco. Por que?
Em primeiro lugar está a prepotência que faz o indivíduo acreditar que é mais esperto que os outros, que não cometerá os erros que eles cometeram e, portanto, não será descoberto. Para diminuir o risco, caso seja descoberto, conta com a corrupção para continuar impune. Caso a corrupção não funcione, ele conta com o poder da força de reação, armando-se e cercando-se de gente disposta a defendê-lo, impedindo que os agentes da lei cheguem até ele.
Se, ainda assim, ele chegar a ser preso, conta com a possibilidade de fuga, a corrupção no judiciário, a competência de advogados de defesa contra a incompetência dos encarregados da acusação. Na pior das hipóteses, poderá contar com regalias no presídio que atenuem a falta de liberdade.
Essa diminuição do custo tem um preço que os lucros do negócio podem pagar, sobrando, ainda, grandes quantias para serem gastas ou acumuladas.
A ambição e o egoísmo ressaltam os benefícios e desvalorizam os custos. A facilidade de conseguir muito dinheiro e o poder que ele representa, fascinam o ambicioso e dificultam que ele valorize realmente a vida, a liberdade, a dignidade e outros valores que ficam encobertos e, até, totalmente enterrados. Os benefícios são super-valorizados enquanto os custos são considerados desprezíveis.
A ambição não é exclusividade do traficante, afeta policiais, servidores da justiça, políticos e parte da população. O dinheiro do tráfico alimenta a ambição de muitos que se empenham para que essa fonte continue a saciá-los, criando todo tipo de obstáculos para impedir que seja destruída.
Numa população miserável e ambiciosa, não faltam candidatos a serviçais do tráfico. Além do dinheiro e a sensação de poder, os operários do tráfico se sentem reagindo à opressão e desrespeito que a camada dominante da sociedade sempre lhes impingiu.
Muitas pessoas não envolvidas com o tráfico nem com o combate a ele, o vêem com simpatia porque são beneficiados com doações e promessas de proteção.
Tudo isso torna o negócio de drogas altamente atraente à ambição, prometendo benefícios enormes a custos insignificantes. Não faltam candidatos a entrar nele ou a tentar expandi-lo, conquistando territórios a custa de verdadeiras batalhas urbanas.
O que propicia esse negócio é o dinheiro carreado pelos usuários, como minúsculas gotas que formam um oceano. Ao contrário do que o senso comum acredita, a porcentagem de dependentes é muito pequena e o tráfico pode prescindir deles que, por sinal, são mais geradores de problemas do que benefícios para o tráfico. Eles têm dificuldade de conseguir dinheiro e, depois de explorar ao máximo as possibilidades da família, se dedicam a crimes e contravenções para alimentar o vício. Os dependentes são geradores de grandes problemas tanto para a sociedade quanto para o tráfico. Quando colocados a serviço do tráfico, causam mais problemas que benefícios. Os que mais se beneficiam dos dependentes, são os receptadores que obtém grandes lucros com os produtos que adquirem por preços aviltantes.
Enquanto a ambição oferece grande número de pretendentes aos benefícios oferecidos pelo tráfico, uma minoria diminuta se dispõe a combatê-lo, motivados pela moral, com desapego por bens materiais, dispostos a enfrentar os sacrifícios, que não são poucos. Só abnegados aventureiros, idealistas, verdadeiros loucos, se atrevem a opor resistência à escalada do tráfico. Infelizmente são exceção, mas, mesmo assim, são a pedra no sapato desse comércio, evitando que se alastre com maior velocidade. No entanto, não conseguem mais que isso.
Uma parte dos policiais opta pela omissão, evitando riscos, preocupado, apenas, em garantir seu salário. Haverá, nesse meio, espaço para mentes preocupadas em encontrar meios de combater o crime sem violência, enfrentando a corrupção e motivando para a ação eficaz?
Se as polícias através de seus serviços reservados e corregedorias não conseguem identificar os membros corruptos e relapsos, como se pode esperar que identifiquem criminosos, obtenham dados suficientes para incriminá-los e prendê-los?
Há quem defenda que a descriminalização do comércio de drogas, oferecendo-a no comércio normal; acabaria com esse tipo de crime ao eliminar-lhe o fundamento, que é o dinheiro. Sem ele não haveria como comprar armas, contratar asseclas, comprar conivência. Sem crime, não haveria necessidade de corromper políticos, polícia e judiciário. Parece evidente que a descriminalização acabaria com esse tipo de crime e muitas das suas conseqüências, no entanto, não acabaria com os criminosos. Que fariam eles para sobreviver e satisfazer sua ambição? É evidente que a última coisa que fariam, seria arrumar empregos honestos e viver de acordo com as regras sociais e com respeito a direitos e deveres. Parece evidente que a maioria buscaria outros ramos criminosos como: seqüestro, assalto, etc. Isso seguiria alimentando a corrupção e a conivência.

O problema está nas características do indivíduo, na ambição, no egoísmo, na falta de respeito pelo outro, na desvalorização da moral e da dignidade, na prepotência de achar que conhece o que lhe é totalmente desconhecido. Todos acreditam ter razão e apontam para longe de si as causas dos problemas. Quando todos fazem isso, que possibilidades há de soluções?
Indivíduos contaminam as instituições, que contaminam os seus membros. É um circulo vicioso difícil de ser rompido.
O dramático disso tudo é a facilidade com que os indivíduos são corrompidos e a enorme dificuldade de recuperá-los.
Ao que tudo indica, o combate tem se dirigido à frente errada. São atacados o crime e a corrupção enquanto a ambição e o egoísmo não merecem a menor atenção. É como dedicar todo o esforço no atendimento aos doentes, desprezando totalmente os vírus, bactérias e transmissores.

AUTO FLAGELO?

Haveria alguma maneira de alterar o comportamento dos indivíduos, eliminando muitos dos problemas e melhorando as chances de felicidade?
É razoável considerar a necessidade de identificar os problemas que geram sofrimento e as fontes de felicidade, listando e classificando.
O que leva o indivíduo a roubar, ser corrupto ou apropriar-se, de qualquer outra maneira, do que não lhe pertence ou a que não tem direito?
- Insegurança quanto ao futuro
- Super-valorização de bens materiais
- Ansiedade, pressa em conseguir o objetivo
- Preguiça, indisposição para fazer o necessário
- Super-valorização dos direitos e desprezo pelos deveres
- Egoísmo
- Vaidade

INSEGURANÇA QUANTO AO FUTURO
O medo de não ter como enfrentar problemas de doenças, de não ter um mínimo de conforto na velhice ou de enfrentar dificuldades com a própria sobrevivência; forçam o indivíduo a acumular riqueza, tentando capacitar-se para enfrentar dificuldades futuras. Por ser impossível imaginar que tipo de dificuldades poderemos enfrentar, é impossível estabelecer quanto seria necessário para enfrentá-las; isso leva o indivíduo a tentar acumular o máximo possível.
Uma sociedade que garantisse a sobrevivência, o atendimento à saúde e um mínimo de conforto, quando o indivíduo não tivesse mais como consegui-lo por seus próprios meios; o desobrigaria da necessidade de acumular.
É evidente que só uma minoria consegue acumular capital significativo e suficiente para enfrentar qualquer tipo de dificuldade. Um número maior, mas ainda muito pequeno, consegue garantir o futuro desde que não lhe aconteçam coisas excepcionais. A grande maioria dos indivíduos fica como um barco a deriva: totalmente exposto aos acontecimentos, sem condições de socorrer-se.
Parece que o razoável é um sistema de previdência social, onde todos os indivíduos contribuam para um fundo que garanta um mínimo de dignidade ao indivíduo até a morte. A despreocupação com o futuro, pode aliviar em muito os problemas que afligem o indivíduo, evitando que tente se apropriar do que não tem direito e que gera grandes prejuízos a terceiros e à sociedade como um todo.

SUPER-VALORIZAÇÃO DE BENS MATERIAIS
A crença de que tudo pode ser comprado e de que a felicidade depende do que se pode comprar; provoca o indivíduo a conseguir o máximo possível de bens materiais.
Quem não consegue se contentar com o que pode conseguir com seu esforço próprio, dedica-se a explorar terceiros ou a apropriar-se indevidamente do que pretende ou dos meios para consegui-lo.
Muitos dos bens que o indivíduo persegue, quando conseguidos, se mostram insatisfatórios e não geram a felicidade esperada. Esse tipo de frustração é mais comum do que a maioria percebe. É um grande desperdício de esforços que, com alguma racionalidade e aproveitamento de experiências alheias, poderia evitar, diminuindo a pressão por conquistas.
Os restos de comida jogados fora, o descuido com roupas e calçados, o mau uso de energia e água, são exemplos de desperdício de esforço para conseguir mais do que é necessário. O consumo racional propiciaria economizar esforços ou dirigi-los para outras necessidades.
Acumular quantidades exageradas de roupas e calçados é outro exemplo de desperdício de esforço para consegui-los. A maioria de quem faz isso é porque o esforço empenhado para conseguir essas coisas não é o seu.
Felicidade ou infelicidade são resultado de sentimentos. Conquistas materiais podem causar sentimentos felizes ou frustrações, no entanto, amor, ódio, amizade, depressão, euforia, etc., podem acontecer independente de qualquer bem material. Os bens materiais podem ajudar ou prejudicar esses sentimentos, mas dificilmente são a causa principal. A não compreensão disso, desvirtua os valores e desvia os caminhos que possibilitam atingir os objetivos.
Não depende do indivíduo o surgimento de um grande amor ou de uma grande amizade, nem a manifestação de depressão ou euforia. Talvez, para não sentir-se impotente, o ser humano se dedique a conquistar bens materiais, convencendo-se que pode determinar sua vida, desconsiderando influências misteriosas que o atingem, gerando sentimentos, independente de sua vontade. Essas influências misteriosas são evidentes e qualquer indivíduo tem exemplos pessoais que as comprovam. Por que é tão difícil aceitar isso?

ANSIEDADE, PRESSA EM CONSEGUIR O OBJETIVO
A ansiedade impele o indivíduo a tentar satisfazer de imediato suas vontades. Ela dificulta a racionalidade e a avaliação moral. Ela quer e faz tudo para eliminar qualquer coisa que se oponha a esse querer, principalmente, a análise custo/benefício.
Descontrolada, a ansiedade leva o indivíduo a praticar os maiores absurdos, dominado pela prepotência e pelo egoísmo.
Estudar para conseguir um bom emprego, que propicie um bom salário, que permita adquirir um bem desejado; é um caminho desprezado pela ansiedade. Ela quer o bem agora, sem considerar as dificuldades, sem avaliar se a conquista propiciará satisfação ou frustração. Ela quer, e ponto final.
A ansiedade causa grande mal estar, domina o pensamento, impulsionando o indivíduo a satisfazer a vontade rapidamente. Ela é grande incentivadora do roubo, corrupção e todo tipo de falcatrua.

PREGUIÇA, INDISPOSIÇÃO PARA FAZER O NECESSÁRIO.
A indisposição para atividades físicas e intelectuais fazem com que o indivíduo despreze seus deveres, sem abrir mão de seus direitos. Preguiça mais ansiedade, aniquilam a racionalidade e os valores positivos da moral.

EGOÍSMO
Ele é a super-valorização dos direitos e total desprezo aos deveres. Não importa que um pequeno benefício provoque custos altíssimos a terceiros. A prepotência costuma ser grande companheira do egoísmo. É uma dupla altamente prejudicial que, associada à ansiedade, formam um conjunto altamente destrutivo, causador de grandes prejuízos e sofrimento. São uma porta escancarada a tudo que é ilícito.

VAIDADE
O desejo de sentir-se poderoso e admirado, sem a disposição para consegui-lo por meios lícitos, é grande incentivo para distorções morais. É difícil que alguém não goste e deseje ser admirado, quando isso for resultado de reconhecimento de qualidades positivas. Quando o indivíduo acredita que só pode ser admirado através do poder, suas ações serão sempre prejudiciais.
Muitas pessoas acreditam no poder da estética e se consideram amadas quando só despertam desejo. Um homem que ama uma mulher feia, poderá ser atraído pela beleza de outra mulher, mas não a amará nem deixará de amar a feia.
Um homem poderoso atrairá muitos bajuladores, mas dificilmente merecerá admiração sincera.

Tentando motivar, incentiva-se a competição. Em contra partida à motivação conseguida, é enorme o sofrimento e prejuízos resultantes da competição.
O capitalismo incentiva o consumo, justificando que ele gera trabalho e, conseqüentemente, renda. Diminuindo a necessidade de bens, diminui a necessidade de renda e, conseqüentemente, de trabalho.
Se a renda não for a motivação do trabalho, este poderá gerar benefícios reais, aplicado em prioridades, priorizando bem estar e felicidade.
A cooperação pode diminuir sensivelmente a necessidade de consumo. Eletrodomésticos comunitários poderiam diminuir em muito a necessidade de posse particular. Liquidificadores, batedeiras, multiprocessadores, máquinas de lavar e de costura, etc. teriam aproveitamento muito maior quando compartilhados por grupos de famílias, incentivando a solidariedade, combatendo o egoísmo, valorizando os direitos e deveres e a justiça na sua consideração. Muitos outros equipamentos e máquinas poderiam ser compartilhados, diminuindo a necessidade de consumo.
A cooperação obriga o convívio que gera conflitos e força soluções. O isolamento alimenta hipocrisia, camuflando conflitos, dificultando soluções, alimentando ódios e desejo de vingança.
A grande hipocrisia da sociedade está em defender a solidariedade, enquanto incentiva o individualismo egoísta e a competição.
As pessoas se deixam iludir pela aparência, desprezando os sentimentos. Ao mesmo tempo que o luxo e a ostentação chamam a atenção, intensamente, muito poucos atentam para os sentimentos de quem ostenta. O empregado vê o patrão chegar em carro de luxo, vestindo roupas de grife, freqüentando festas e restaurantes de luxo, mas não percebe o medo que pode estar sentindo, a falta de afeto, de amor; as angústias, frustrações e desilusões. Enquanto o empregado se diverte, na hora do almoço, com os companheiros; o patrão pode estar chorando sofrimentos sentimentais, que não demonstra, mas tem. Enquanto o empregado reclama da falta de dinheiro, o patrão morre de medo de perder o que tem e o não poder desfrutá-lo a contento.
Se os verdadeiros sentimentos dos poderosos fosse conhecido de todos, provavelmente o desejo de poder não atingiria tantas pessoas. Nem os próprios poderosos tem consciência de que a causa de suas conquistas podem ser as mesmas que causaram sua infelicidade. Que a luta para manter o conquistado, pode alimentar seu sofrimento.
O fato é que: sem a ajuda dos poderosos dificilmente se conseguirão mudanças substanciais na sociedade. A maior arma dos poderosos é a educação, através da qual os explorados são preparados para sê-lo e, até, para colaborar e tornar mais eficiente a exploração.
Uma educação que preparasse o indivíduo para conhecer-se, identificar suas características e talentos, preparando-o para assimilar conhecimento, compreendendo-o ou questionando-o; respeitando os direitos e deveres; sabendo das forças misteriosas que costumam influenciá-lo, capacitando-se para enfrentar as que lhe forem prejudiciais; possibilitaria mudanças para uma sociedade mais feliz e com menos problemas.
No entanto, essas mudanças afetariam o sistema de forças hoje existentes, provocando os detentores do poder a opor-se ao que pudesse causar isso.

sábado, 6 de outubro de 2007

TEM SOLUÇÃO?

Como é que conseguimos viver e conviver com tantas incoerências?
Os pais pretendem super-proteger os filhos dificultando que aprendam a se defender das armadilhas e males que a vida oferece. Dizem-lhes para serem humildes e solidários, enquanto os incentivam a ser prepotentes e egoístas.
Os professores preparam os alunos para dar respostas ao invés de prepará-los para resolver problemas.
No mercado de trabalho, imperam a prepotência e o egoísmo, dificultando que os erros sejam aproveitados como aprendizado e que a colaboração facilite o trabalho, diminua dificuldades, melhore a produtividade e propicie um ambiente feliz. A competição é estimulada, acreditando que ela gera motivação quando, na verdade, causa medo, insegurança, diminui escrúpulos, gera tensões e provoca sofrimento.
Os marginais provocam grandes prejuízos e sofrimento e vivem uma vida miserável, com medo de serem descobertos, de perder o que conseguiram, sem dignidade, escravos de bens materiais que não conseguem aproveitar.
Políticos e servidores públicos que, ao invés de trabalharem para o bem da população, roubam-na inescrupulosamente, impedindo que consigam benefícios, facilitando que sejam explorados ao invés de lutar contra isso.
A maioria da população não luta pelo fim da exploração, com a esperança de mudar de lado e conseguir, um dia, poder explorar, também. A crença na onipotência do dinheiro desvirtua valores e leva as pessoas a buscar felicidade na dor, no sofrimento e no prejuízo alheios, sem perceber que as maiores vítimas são elas mesmas.
Policiais incentivam o crime ao exigir grandes somas para livrar o bandido da prisão, vendendo alvarás para crimes impunes, aumentando o risco para companheiros empenhados em promover a segurança pública.
Muitos servidores da saúde estão a serviço da doença, da dor e do sofrimento, obtendo grande sucesso no seu objetivo, sobrecarregando outros que se empenham na cura, no alívio da dor e do sofrimento.
Bandidos que não conseguiram benefícios na corrupção policial, obtêm-nos junto a servidores da justiça, que os libertam, causando revolta nos policiais que se empenharam para prendê-los e provar sua culpa.
O povo quer solução, mas se nega a lutar por ela. Exige direitos enquanto foge dos deveres. Repudia os que se dispõe a lutar por ele e apóia os que o iludem com promessas mirabolantes.
Será que, seja lá onde estejam, Cristo, Martin Luther King, Che Guevara e Madre Tereza de Caucutá, entre outros, percebem a inutilidade de seus sacrifícios?

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

LIBERDADE

Liberdade, o que é? Quem é você?
É fácil definir liberdade frente à opressão, à dominação, à exploração, em fim, quando a liberdade do indivíduo é cerceada por outro. No entanto, como considerar o fato do indivíduo ser induzido a pensar e agir contrariando a lógica, com evidente prejuízo a si próprio, sem a interferência de terceiros?
O ódio, por exemplo, escraviza o indivíduo que odeia. Se quem odeia não agir contra o odiado, este não sofrerá nada. Entretanto, o que odeia, será atormentado por esse sentimento, como que lendo em um luminoso de néon o motivo que o despertou, com brilho intenso, cada vez mais chamativo, alargando a ferida, escarvando-a, produzindo o sofrimento mais doído. O desejo de vingança se dirige ao odiado, que pode não ser atingido, no entanto, quem odeia não tem como se livrar do que sente, nem do sofrimento que o atinge.
O que causa o ódio?
O odiado impediu a realização de alguma vontade de quem odeia ou tirou-lhe algo que ele tinha ou acreditava ter.
O odiado pode não ser atingido pelo ódio, no entanto, quem odeia não escapará ao sofrimento. É possível deixar de odiar? É só querer? Não. O máximo que podemos fazer é lutar contra ele, não alimentá-lo, dificultá-lo ao máximo. Como qualquer sentimento, o ódio é causado pela emoção que é causada pela vontade e que reage à racionalidade.
Como considerar livre arbítrio e liberdade quando se está sujeito a imposições como o ódio?
O amor é outra emoção causadora de restrição de liberdade. Quem ama tende a restringir a liberdade da pessoa amada. Claro que é assustador imaginar a possibilidade de perder a quem se ama ou que ela possa sofrer o que quer que seja. O mais importante não é o motivo e, sim, a restrição de liberdade gerada. Restringir a liberdade de quem é amado acaba restringindo a própria liberdade de quem ama. Grande parte de seu tempo é usado para proteger a pessoa amada, outra parte é usada para impedir que ela faça algo que coloque em risco o relacionamento, além da parte que é usada para impedir-se de fazer algo que possa gerar dificuldades para o relacionamento. No final das contas sobra muito pouco de liberdade individual. Esse relacionamento pode ser gerador da maior felicidade, quando a falta de liberdade seria insignificante; no entanto, é patente a restrição de liberdade gerada.
E a ansiedade? Ela força, obriga, impulsiona, exige, tentando restringir totalmente a possibilidade de escolha entre satisfazer ou não a vontade.
Como ser solidário quando dominado pelo egoísmo? Sob o comando do egoísmo, o indivíduo pode, até, optar pela solidariedade, no entanto, terá que fazer um esforço hercúleo para opor-se.
Ódio, amor, ansiedade, egoísmo, prepotência, preguiça, predispõe o indivíduo ao jugo de outros. O explorador vale-se dessas características para submeter os explorados.
E o que dizer da democracia? É conhecida alguma aplicação prática do que a define em teoria? Alguma vez a representação política representou, realmente, a vontade do povo?
Os representantes do povo deveriam ser indicados por ele, no entanto, a máxima liberdade do eleitor só lhe permite escolher entre candidatos que lhe são impostos. Na maioria das vezes, a democracia só serve para legitimar a usurpação do poder por minorias em detrimento da maioria que será oprimida e explorada, assumindo, ainda, a responsabilidade por ter avalizado os que se propuseram a representá-los.
Se houvesse um sistema capaz de ouvir o povo para propostas e decisões, haveria mais harmonia e satisfação na sociedade?
No final das contas, o que sobra de liberdade e livre arbítrio para o indivíduo?
Levantar cedo, escovar os dentes, lavar o rosto, ir pra escola ou trabalho, estudar o que não lhe interessa, trabalhar no que não gosta, conviver com pessoas que lhe causam sentimentos ruins, comer o que pode e não o que gostaria, ser obrigado a ir ao banheiro, ter que ouvir o que não lhe interessa e, até, lhe causa mal estar, participar de eventos e cerimônias de que não gosta, suportar calor quando o detesta, sofrer dores, ter sentimentos e pensamentos que gostaria não ter, não ter a companhia que gostaria, ter a que gostaria não ter, não poder dizer o que gostaria e ter que dizer o que o contraria. Quem pode se livrar de tudo isso?
Por tudo isso, é tão importante utilizarmos da melhor maneira possível a pouca liberdade de que dispomos.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

LEI AUREA?

Cara! Você me perguntou sobre o que acho de você.
Acho que, na verdade, você não quer saber a verdade. Tem esperança de que eu possa elogiá-lo, dizer que está certo e incentivá-lo a prosseguir como é. Infelizmente não é assim e não vou me negar a dizer como te vejo.
Você nasceu numa família muito pobre, mas, ao contrário dos outros, não se conformou com isso e aproveitou o talento pra negócios e a maleabilidade do escrúpulo para conquistar o que achava Ter direito.
Depois de aprender a ler, escrever e as operações aritméticas, dedicou-se a usar as características inatas para conquistar o que queria.
Enxada, foice, facão e machado, deixaram marcas em suas mãos. A lida com gado foi o que mais te atraiu, embora você não fosse bom em nenhum desses trabalhos. Fazia por necessidade, mas não via a hora de se livrar deles.
O talento comercial te levou a intermediar alguns negócios e a ganhar bem mais com isso do que com o trabalho braçal.
Ganhar o máximo e gastar o mínimo, empenhando-se a fundo no trabalho e nos negócios; te possibilitou acumular capital que, aplicado com esperteza, foi aumentando e te tornou rico.
O moleque pobre que muitos duvidavam pudesse dar algo que prestasse, se tornara um homem rico e saboreava o poder do dinheiro.
Você nunca considerou que suas conquistas se deviam a características inatas como: talento comercial e maleabilidade de escrúpulos, associados ao que chamam de sorte. Acredita que tudo o que conquistou se deve ao trabalho, dedicação, economia e perseverança. Seu pai, irmãos, parentes e vizinhos, trabalharam muito mais e melhor que você e não conseguiram ganhar mais que o sustento com isso. Você mesmo, compare o que ganhou como trabalhador braçal com o que os negócios lhe propiciaram e perceberá a influência da sorte no seu sucesso. Sorte de Ter talento para o comércio, de não ser impedido por escrúpulos, de estar no lugar certo na hora certa. Quantos bons negócios você fez porque alguém, desesperado pela falta de dinheiro, vendeu por preço muito abaixo do valor real o que você tinha dinheiro pra comprar. Além de se aproveitar da desgraça do coitado, você acreditou que o estava ajudando quando, na verdade, você lucrava alto com a desgraça alheia.
Você acredita que se fez, que é o único responsável pelo seu sucesso. Não considera que tenha sido beneficiado por nascer com características diferenciadas que te facilitaram conseguir o que pretendeu. Você, realmente, é diferenciado da maioria, mas isso te foi dado. Se você tem algum mérito, é o de Ter aproveitado bem o que te foi facilitado. Mesmo assim, pode ser que o que te deu essas características te tenha programado para utiliza-las e, nesse caso, nem o mérito do aproveitamento você tem.
É provável que a causa do teu sucesso seja a combinação do que você chama de incapacidade alheia com a sua capacidade. Se não fosse a deficiência dos outros, não sei se sua capacidade seria suficiente para conseguir o que conquistou.
O dinheiro tem sido o teu chicote. Ele submete quem trabalha pra você, aceitando suas imposições por medo de perder o trabalho. Submete quem comercializa com você e tem medo de perder o lucro que pode Ter. Submete familiares e amigos que se beneficiam do que você pode oferecer com o dinheiro, mesmo que paguem alto preço emocional e moral por esse benefício.
Você acredita que os bons peões das tuas fazendas só o são porque trabalham pra você, o mesmo acontecendo com qualquer um que te serve. Você não percebe que quem é bom é, independente de você. Você, ao contrário, dificulta que seus colaboradores usem toda sua capacidade, ocupando-lhes a mente com emoções ruins e, principalmente, medo.
Você usou toda sua capacidade para aprender a ganhar dinheiro, acreditando que todo o resto poderia ser comprado. Deixou de aprender a complexidade da emoção, sua autonomia; a força da vontade e suas conseqüências, a importância da humildade e da solidariedade e os prejuízos causados pela prepotência e pelo egoísmo.

Sem dinheiro você não é nada. Só aprendeu a ganhá-lo e administrá-lo, acreditando na sua onipotência, que tudo pode ser comprado e, portanto, nada teria mais valor que ele. Ele não evitou a morte de seus pais, não impediu que tua mulher te trocasse por outro, nem fez com que teus filhos te amassem de verdade.
Tua grande vantagem é acreditar que a admiração, respeito e reconhecimento que te dirigem são verdadeiros. Não percebe que são interpretações interessadas em usufruir do teu dinheiro e evitar tuas agressões.
Quantas das pessoas que, hoje, participam do teu universo, te acompanhariam caso você se tornasse humilde e solidário, julgasse com base em reflexão e análise de dados, considerando a influência da vontade e emoção nos indivíduos?
Essa mudança te obrigaria a reconstruir teu universo e não me parece que você seja capaz disso. Portanto, o melhor pra você é continuar acreditando que é o oposto do que pensam de você. Afinal, o que importa é o que cada um sente e, se você se sente bem assim, bom proveito.
Ele nunca mais quis me ver, nem ouvir falar de mim. No lugar dele eu faria o mesmo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

SADOMASOQUISMO?

SADOMASOQUISMO?

É incrível como pessoas causam sofrimento e prejuízos a si e a outros, comportando-se de maneira irracional!
Aparentemente, isso, é causado pela vaidade apoiada na prepotência. É a vaidade no sentido de se sentir sábio, poderoso, infalível e, desejar ser reconhecido e admirado.
O prepotente crê saber tudo o que precisa, portanto, não vê necessidade de aprender. Não admite ser questionado em seus conceitos ou preconceitos, considerando-os absolutos. A conseqüência disso é considerar-se infalível.
Se considera onipotente, com todos os direitos e nenhum dever. Olha os outros de cima, acusa-os constantemente, com severidade e não lhes dedica o menor respeito, embora, faça o possível para camuflar isso sob a imagem de humilde.
Minha mãe e uma tia eram assim. Queriam impor o que achavam certo, usando a autoridade. Não argumentavam, mesmo porque não tinham justificativas para o que pretendiam, limitando-se a impor e exigir. Sua grande bandeira era que pretendiam o melhor para os que queriam subjugar. Elas sabiam o que era melhor, dispensando qualquer outra opinião, rebelando-se quando alguém se atrevia a questioná-las.
Não duvido que pretendessem, realmente, o melhor para quem tentavam submeter, o problema é que esse melhor era o que elas achavam, independente dos interesses, opinião ou sentimentos do interessado.
Não defendiam o mal, pregavam a honestidade, solidariedade, humildade, higiene, etiqueta comportamental, religiosidade, moralidade, em fim, coisas inquestionáveis. O problema era a rigidez, a falta de racionalidade, o desrespeito a características individuais, considerando a todos como se fossem cópias autênticas.
Queriam que todos fossem religiosos e católicos. Diziam respeitar as outras religiões, mas afirmavam que a única verdadeira e vãlida era a católica.
Para proteger a quem queriam, não vacilavam em cometer verdadeiras barbaridades contra outros. Se um protegido agia mal, um filho, por exemplo, a culpa era sempre das más companhias, mesmo que o contrário fosse evidente.
Num cômputo geral, não conseguiram grandes benefícios nem para si, nem para os outros. Em contrapartida, causaram muita revolta, sofrimento e prejuízos, inclusive para si próprias.

O dono de uma construtora, onde trabalhei alguns anos, usava e abusava do poder que se baseava no dinheiro. Os funcionários se submetiam por medo de perder o emprego. Os fornecedores e prestadores de serviço, porque não queriam perder o lucro que almejavam.
A submissão faz crescer o despotismo desse tipo de pessoas que, por falta de contestação, acredita estar trilhando o caminho certo. O desrespeito pelos outros cresce, enquanto seu sentimento de onipotência aumenta às raias do absurdo.
O medo, a revolta e a raiva, ocupam a maior parte do tempo dos subjugados pelo opressor, diminuindo drasticamente sua capacidade de racionalizar e criar. Principalmente, o medo de errar, impede-os de tentar algo novo e, não raro, causa erros banais.
Ao se analisar o custo/benefício desse comportamento opressor e desrespeitoso, é fácil perceber o quanto é prejudicial a todos. Muitas vezes, isso é camuflado pelo sucesso econômico. No entanto, não foi o comportamento que o propiciou, pelo contrário, ele poderia ser bem maior se o comportamento fosse outro. O que salta aos olhos é a emoção negativa que causou tanto mal estar e reduziu a qualidade e quantidade dos benefícios.
Todo o sofrimento e prejuízo foi o preço para a satisfação da vaidade do opressor.
Não se pode negar que esse comportamento despótico propicia alguns resultados positivos. Pessoas com pouca racionalidade, sem criatividade, avessas a questionamentos, com preferência por obedecer rotinas; tem facilidade para se submeter e não chegam a sofrer muito sob opressão. No entanto, os racionais, criativos, aventureiros, inconformados com a mesmice; sofrem terrivelmente e dificilmente conseguem se submeter a sistemas opressivos. Portanto, o opressor, carece de colaboradores desse tipo, deixando de conseguir muito do que poderia.

Tive uma companheira que representa outro tipo de vaidoso prepotente: o individualista.
Como os outros é dominada pela vontade de satisfazer a vaidade. Atira-se à satisfação de vontades cegamente, sem considerar o custo/benefício. Normalmente, as frustrações são uma constante, mas atiram-se à satisfação da próxima vontade com o mesmo ímpeto, o que lhes propicia desconsiderar os prejuízos passados.
Esses são egoístas, não se importam com quem prejudicam, a única coisa que lhes interessa é a satisfação da vontade que sentem. Causam sofrimento e prejuízos a terceiros, mas são os mais prejudicados.
Essa mulher demonstrou ter qualidades excepcionais: inteligência, sensibilidade, coragem, humildade, solidariedade, disposição para o trabalho, lealdade, em fim, reunia características positivas dificilmente encontradas em uma única pessoa. De repente, sem motivos identificáveis, decidiu que queria algo diferente. Abandonou o que conquistara até ali e atirou-se em busca de algo novo.
Enveredou por caminhos que ela sabia onde levariam: fracassos e decepções. Percorreu-os um atrás do outro, acumulando fracassos mais do que previsíveis
Nos primeiros dias dedicou-se a pensar em algo que pudesse fazer. Não encontrando nada melhor, tentou reatar um antigo relacionamento, que já havia demonstrado ser inviável. Uns dois meses depois, foi obrigada a abandoná-lo também.
Voltou para a casa da mãe e tentou divertir-se, bebendo e dançando, mas evitando relacionamentos esporádicos. Apoiu-se nos componentes masculinos de uma família de má reputação, como companhia.
Acabou se relacionando com um dos filhos dessa família, rapaz de dezoito anos, sem qualquer cultura e susceptível de influências, principalmente as maléficas. Ela contribuiu para que ele enveredasse na bebida. Passaram a viver juntos, sem condições financeiras para isso, uma vez que ele não trabalhava e o que ela ganhava como doméstica não seria suficiente para as despesas. Não bastasse isso, comprou móveis e assumiu uma dívida que não poderia pagar.
Pouco tempo depois, o inevitável aconteceu e eles se separaram, ficando, ela, com a dívida.
Algum tempo depois, ela começou um relacionamento com um cabo da PM que havia se separado da mulher há pouco e, pouco tempo depois, passaram a viver juntos.
Esse relacionamento também não deu certo e ela ficou sozinha de novo, trabalhando em uma fábrica de conservas, sem maiores perspectivas de progresso.
Ela tinha condições de saber que tudo isso era uma tremenda furada. Fracassou em todas as tentativas, confirmando o que já deveria saber com antecedência.
Será que a necessidade de satisfazer a vontade gerada de pela vaidade, de ser independente e auto-suficiente, desligando-se de quem, realmente, poderia ajudá-la; justificaria tamanhos despropósitos?
Ela cometeu um verdadeiro suicídio existencial, não ganhando grande coisa, perdendo muito e dificultando a retomada da busca pelo sucesso.

Quem quiser conhecer mais um exemplo, leia o artigo anterior neste blog: “A volta às cinzas”.
Poderia citar mais um grande número de exemplos e, acredito que, você também. Será que a tentativa de satisfazer a vaidade vale tanta irracionalidade, representando verdadeiro suicídio?
Em alguns casos a ignorância, o poder financeiro, deficiência de caráter, entre outros motivos; justificam a aberração. No entanto, algumas dessas pessoas demonstram inteligência e outros atributos positivos e, mesmo assim, enveredam por esse caminho.
Que força misteriosa é essa que domina a pessoa, impedindo-a de reagir?

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A VOLTA ÀS CINZAS

Complemento ao texto Fênix de 17/09/07
Depois de dois anos de apatia, angústia e sem motivação pra nada; quando a única coisa que conseguia fazer era refletir, analisar e escrever; as nuvens se dissiparam, o sol apareceu radiante, prometendo tempos alegres e promissores.
Minha filha, que estava desempregada, conseguiu um emprego em um banco. Quando se preparava para se apresentar ao novo emprego, recebeu um telefonema de uma antiga chefe convidando-a para um trabalho que, segundo ela, seria muito mais promissor que o do banco.
Minha filha foi fazer a entrevista e ficou convencida de que a antiga chefe tinha razão. Comunicou ao banco que não poderia se apresentar e indicou a irmã para a vaga, que foi aceita. Que sorte! As duas conseguiram emprego.
Alguns dias depois, minha filha me ligou, dizendo que o patrão precisaria de uma pessoa para cuidar da reforma de uma mansão que comprara e me perguntou se poderia me indicar para o trabalho. Ela disse que se tratava de uma fundação com o objetivo de financiar projetos de saúde e educação. Que o mantenedor era um pecuarista, pessoa simples e aberta a novas idéias. Que tinha dito a ele de meus projetos na área social e que ele se mostrara interessado. Concordei de imediato e me dispus a ser entrevistado quando ele quisesse.
A entrevista foi marcada para a próxima segunda-feira, as dez horas da manhã, na mansão que seria reformada.
Cheguei as nove e cinqüenta e cinco e fui recebido por um japonês que me fez entrar e aguardar pois o pecuarista se atrasaria um pouco.
Pouco antes do meio dia chegou um homem que viera para fazer orçamento de ar condicionado. O encontro dele com o pecuarista fora marcado para o meio dia.
Pouco depois do meio dia, chegou uma japonesa, esposa do japonês que me recebeu e, a que fora chefe da minha filha no passado. Ela me informou que o pecuarista tivera um imprevisto e que se demoraria mais um pouco.
Logo depois das duas horas o homem do ar condicionado comunicou à japonesa que tinha um compromisso às três horas e que, por isso, seria melhor marcar outro encontro para outra oportunidade. Quando se dirigia para a saída, o pecuarista chegou. Ele voltou e acompanhou o homem numa visita à mansão para tomar conhecimento dos ambientes que deveriam ser condicionados.
O homem do ar condicionado deve ter chegado atrasado ao próximo compromisso pois faltavam menos de quinze minutos para as três quando saiu de lá.
Finalmente chegou a hora da minha entrevista. O pecuarista se desculpou, alegando que era muito atarefado e que, de vez em quando, ocorriam imprevistos e os atrasos eram inevitáveis. Eu estava tão empolgado com a possibilidade de poder trabalhar divulgando minhas idéias, discutindo-as, aprimorando-as, contribuindo para uma sociedade mais justa que, aquele atraso, não me causara qualquer mal.
O pecuarista falou sobre a mansão, que fora construída no final da década de quarenta e que a comprara para ser a sede da fundação. Que pretendia reformá-la e recuperá-la, mantendo o máximo de originalidade. Que pretendia que ela representasse a solidez da fundação, que era totalmente interessada no social, que era mantida com recursos próprios, dispensava colaborações de quem quer que fosse e que era muito rigoroso na aplicação dos recursos destinados aos projetos. Disse que tudo que pudesse economizar reverteria para o social, que era o objetivo da fundação. No entanto, gastaria o que fosse necessário, fazendo questão de pagar o justo, sem exigir sacrifícios de quem quer que fosse.
Ele fumava cigarros de palha, falava manso, mostrando humildade, confessando ter pouco estudo e estar aberto a idéias e sugestões. Tudo isso era apoiado por sorrisos e balanços de cabeça da japonesa. Sua conversa e jeito mostravam simplicidade, embora suas roupas e sapatos deixassem claro o alto preço que teriam custado.
Ele disse que se interessara por meus projetos, mas que, no momento, precisava de alguém que o ajudasse a conduzir a reforma e me pediu para dizer quanto queria ganhar. Pedi que ele dissesse o quanto estava disposto a pagar pois, como estava fora do mercado de trabalho há algum tempo, não estava familiarizado com salários. Argumentei que ele tinha funcionários e que deveria ter uma idéia de quanto poderia pagar, mas ele se negou a fazer qualquer oferta. Insisti em que meu interesse era o trabalho social na fundação e que estava disposto a colaborar da melhor maneira possível para o sucesso da reforma. Ele insistiu e eu, com medo de perder a oportunidade, pedi mil e quinhentos reais por mês, alegando que, depois de demonstrar minha capacidade, voltaríamos a conversar sobre isso.
Ele concordou de imediato e me ofereceu um dormitório na edícula, com televisão de tela plana e refeições. Nessa edícula já moravam dois ajudantes que faziam a manutenção da limpeza e serviços gerais, alem de servirem como caseiros. A edícula tinha três quartos e cada um ocuparia um, com total privacidade. Adorei a idéia, pois não gastaria tempo com idas e vindas de casa, com o que economizaria umas três horas por dia. Além disso, não gastaria com condução nem com comida. Achei ótimo!
Depois de tudo acertado, ele me intimou a acompanhá-lo ao escritório. Pegamos um táxi e nos dirigimos para lá. A japonesa continuou nos acompanhando. Ela seria a minha superiora, a quem eu deveria me reportar, embora ele tenha dito que eu teria toda a liberdade de procurá-lo pessoalmente ou por telefone a qualquer hora do dia ou da noite.
O escritório ficava em um prédio e estava atulhado de caixas de papelão empilhadas. Soube que estavam de mudança para a mansão o que aconteceria no dia seguinte, depois do expediente. Me apresentaram mais três japonesas e um rapaz que era o motorista. O marido da japonesa e minha filha completavam o pessoal.
As oito da manhã do dia seguinte, cheguei à mansão carregando uma bolsa com roupas de cama e pessoais.
A japonesa chegou logo depois e lhe perguntei se tinha alguma instrução para mim. Ela disse que eu poderia fazer o que me parecesse melhor. Ela me entregou uma planta da mansão e verifiquei que era um levantamento atual e não o projeto original ou da reforma.
Antes que eu começasse a vistoria, a japonesa me convocou para uma reunião com ela e os dois rapazes que trabalhavam como caseiros. Informou-os que eu moraria e comeria com eles. Disse que eles não podiam sair da mansão, nem de dia nem de noite. Que tinham uma folga a cada quinze dias. Disse que eu teria que obedecer a essa regra. Minha reação foi imediata, disse-lhe que aceitara a moradia e as refeições, mas que isso não me transformaria num prisioneiro. Que se a condição fosse essa, eu abriria mão desses benefícios. Ela ficou de conversar com o pecuarista a esse respeito.
Quando, na hora do almoço, disse-lhe que precisaria sair para comprar produtos de higiene pessoal, ela fingiu não ouvir e, quando insisti, concordou, demonstrando grande contrariedade, voltando a dizer que conversaria com o pecuarista a respeito.
Depois de conversar com ele, entregou-me um bilhete escrito de próprio punho por ele, dizendo que: se eu saísse à noite, só poderia retornar no dia seguinte, que ele não pagaria almoço fora dali e que, se saísse na hora do almoço, deveria assinar um livro de ponto, na saída e no retorno, não sendo admitido nem um minuto de atraso.
Aquilo me pareceu um absurdo, total desrespeito aos direitos de um funcionário, no entanto, preferi considerar como uma excentricidade que, com o tempo, eu conseguiria modificar.
Percorri a mansão com a planta para me familiarizar com ela, anotando detalhes que me chamaram a atenção. Era evidente a deterioração da tubulação de água, causada pela corrosão. A instalação elétrica também se mostrava inaproveitável. Além do mau estado dos fios, era visível a deterioração das tubulações pela corrosão. Tubulações novas implicariam em agressão a revestimentos de pisos e paredes. O problema é que eram materiais impossíveis de serem encontrados para reposição.
Quando chegou um telhadista para orçar a reforma da cobertura, acompanhei-o na vistoria. A estrutura de madeira estava em perfeitas condições. Era madeira de lei sem qualquer sinal de deterioração. Mais de noventa por cento das telhas estava em bom estado. Como seria difícil conseguir telhas iguais, poderiam ser usadas as telhas da edícula para repor as defeituosas no telhado principal, colocando-se telhas novas só na edícula.
Quando nos reunimos com o pecuarista, ele foi categórico na exigência da troca de todas as telhas, colocação de manta sob elas e troca das ripas. Argumentei que a simples reposição de telhas propiciaria uma durabilidade de dez anos ou mais ao telhado. Ele se manteve irredutível e insistiu na troca total das telhas e colocação de manta. Era razoável, afinal, a troca total propiciaria uma durabilidade bem maior, embora causasse um custo bastante alto.
A noite chegou e a mudança do escritório não chegava. Avisei a japonesa que eu estaria na edícula e que mandasse me chamar se precisasse.
Quando a mudança chegou eu já estava dormindo. O pessoal saiu de lá por volta das duas da manhã.
No dia seguinte, fiz um relatório de tudo o que havia observado. Sugeri a confecção de um projeto executivo onde seriam registradas as alterações. Ele serviria de base para a confecção dos projetos de eletricidade, hidráulica, telefonia, ar condicionado e de dados. Possibilitaria a quantificação de serviços e materiais. Um memorial descritivo complementaria a documentação de comunicação da obra, evitando dúvidas e mal entendidos.
Imprimi o relatório e entreguei-o para a japonesa. Mais tarde, ela me perguntou se o relatório estava completo. Disse-lhe que ele era resultado das observações feitas até ali. Que precisava de informações para prosseguir. Ela disse que poderia me dar as informações, no entanto, não conseguiu responder objetivamente a nenhuma de minhas perguntas. Disse que o pecuarista só conversaria comigo quando o relatório estivesse completo.
Ficou claro que ela, não só era arrogante, mas de grande prepotência. Fiz algumas modificações estéticas no relatório e disse que estaria completo, acreditando que isso me possibilitaria conversar com o pecuarista e tentar convencê-lo da necessidade do projeto, onde se registrariam os serviços a serem executados.
Na segunda-feira, o pecuarista havia me entregado uma planilha onde estavam listados os trabalhos que ele achava necessários para a reforma. Era uma listagem muito simplória, sem considerar as dificuldades, mas, principalmente, omissa quanto a trabalhos indispensáveis. Na terça-feira, logo que chegou, a japonesa me pediu a planilha que o pecuarista havia me dado no dia anterior, alegando que ele queria que eu fizesse um relatório sem a influência da planilha.
A reunião entre o pecuarista, a japonesa e eu, ocorreu no dia seguinte. Logo no início, a japonesa me entregou uma nova planilha, parecida com a que o pecuarista havia me dado no primeiro dia. Para minha surpresa, ela continha muitos serviços que não constavam na primeira e que constavam de meu relatório. O pecuarista começou dizendo que revisara a planilha e a havia atualizado. Passou a ler meu relatório, item por item, demonstrando grande falta de conhecimento e comentando, a cada pouco, que muitos dos serviços que eu apontara como necessários, constavam da sua planilha, como quem diz que eu não apresentara grandes novidades.
Quando ele leu o item sobre a necessidade de um projeto executivo, repeliu-o, alegando que era desnecessário e que ele daria qualquer informação necessária, pois sabia tudo o que deveria ser feito. Ele falava com humildade, demonstrando a maior das prepotências. A japonesa o apoiava com gestos e palavras.
Ele estava preparado para fazer várias críticas a indicações que eu fizera no relatório, no entanto, isso se baseava em interpretação errônea que, quando eu esclarecia, perdiam o fundamento.
O mais impressionante era o desconhecimento ou desprezo que ele demonstrava pelas dificuldades que deveriam ser resolvidas. Falava em trocar tubulações sem maiores prejuízos a revestimentos de pisos e paredes. Falava em troca de materiais que não podem ser encontrados, como se estivessem disponíveis em qualquer esquina.
Percebi a dificuldade que eu teria para convencê-lo do quanto estava enganado, para mostrar-lhe as dificuldades que teriam que ser enfrentadas. Essa dificuldade se agravava pela interferência da japonesa apoiando-o, fazendo-o crer que era um grande especialista e que só precisaria de alguém para transmitir as orientações que ele daria.
No início, considerei que a reforma seria como muitas que ocorrem em mansões daquela região, adaptando o prédio para a instalação de escritórios, sem maior profundidade. Ao perceber o que o pecuarista pretendia, reformando totalmente e em profundidade; ficou evidente a insanidade de ter mudado o escritório para lá. Isso exporia funcionários e equipamentos a todo tipo de agressão causado por esse trabalho: sujeira, barulho e grande movimentação de pessoal estranho ao funcionamento do escritório. Mudar o escritório para o que se transformaria em uma obra, sem dúvida, era um verdadeiro despropósito! Todos se mudam para reformar o imóvel que ocupavam. O pecuarista mudou seu escritório para uma reforma, para uma casa que passaria por enorme rebuliço durante longo tempo.
Na tarde de sexta-feira, avisei a japonesa que eu não dormiria lá. Perguntei se precisaria de mim no sábado. Ela disse que marcara um orçamento para descupinização. Argumentei que eles já haviam recebido vários orçamentistas, sem a minha interferência e que não via necessidade que eu estivesse lá para receber esse. Ela não discordou.
Quando minha filha saiu, por volta das oito e meia da noite, sai com ela. Comuniquei-lhe o que estava acontecendo e preveni-a de que dificilmente eu poderia continuar aquele trabalho. Aconselhei-a a começar a procurar outro emprego, pois ela não agüentaria muito tempo ali. Ela concordou e confessou que já estava chegando no limite. O pecuarista não respeitava ninguém. Exigia tudo dos outros e não admitia ter qualquer dever. Era extremamente prepotente e egoísta, travestido de humildade e solidariedade.
Passei o final de semana pensando em alguma maneira de reverter a situação, convencendo o pecuarista de que estava errado e que enfrentaria grandes e profundos problemas. Não consegui qualquer estratégia que possibilitasse isso.
Na segunda-feira, cheguei as sete horas. O caseiro que ficara de plantão no final de semana, me comunicou que, ao limpar uma mesa, quebrara um cinzeiro. Que isso deveria ser comunicado à japonesa, caso contrário, ela seria capaz de qualquer coisa. Na sexta-feira, ela me encarregara de administrar o trabalho dos dois caseiros, orientando-os no trabalho, fiscalizando-os e relatando para ela o que fizessem.
Por volta das dez horas, ela me convocou e aos dois caseiros para uma reunião. Contei-lhe sobre a quebra do cinzeiro e ela se mostrou assombrada, não entendendo como alguém poderia quebrar um cinzeiro. Quis saber como aquilo tinha acontecido. O rapaz disse que, ao limpar a mesa, esbarrara no cinzeiro e ele caíra no chão, quebrando-se. Ela, irritadíssima, dizia que aquilo era um absurdo, que não era possível que alguém derrubasse um cinzeiro sem querer. Demonstrava sua irritação repetindo sua incredulidade, várias vezes. Acabou por dispensar os dois, para continuar a reunião só comigo.
Começou dizendo que o pecuarista achara meus relatórios muito resumidos. Que queria que eu detalhasse mais, desse mais informações. Quando perguntei que tipo de detalhes ele pretendia, ela não soube dizer, só repetindo que queria mais detalhes.
Aquela expressão arrogante e a voz esganiçada repetindo despropósitos, fizeram minha paciência chegar ao limite. Senti vontade de esquartejá-la, livrar o mundo de tamanha prepotência e insensatez!
Era uma déspota, aproveitando a ignorância do pecuarista para satisfazer seu desejo de poder, tripudiando sobre todos, sem o menor respeito pelos subordinados. Ela apoiava o desejo de onipotência dele, incentivando-o nos seus devairíos, ao que ele retribuía dando-lhe o poder que acreditava ser propiciado pelo dinheiro. Acreditavam na onipotência do dinheiro e se julgavam no direito de não considerar qualquer outro valor que pudesse intervir no julgamento de suas vontades.
Respirei fundo, procurei controlar a revolta que se apossava de mim, considerando os prejuízos que minha filha poderia sofrer caso eu me deixasse dominar pela vontade que me impelia a reagir a altura do comportamento da japonesa. Disse-lhe que eu refletira muito no final de semana e concluíra que não estava a altura do trabalho que eles pretendiam de mim. Portanto, eles deveriam procurar alguém que pudesse se enquadrar no que eles pretendiam.
Quando o pecuarista chegou, a japonesa comunicou-lhe minha decisão e ele aceitou a decisão de imediato, mandando dispensar-me sem demora.
Juntei minhas coisas e saí de lá como quem se livra de uma câmara de tortura.
Foi uma pena! Eu poderia ajudá-los com minha experiência sem frustrar o desejo de poder deles, viabilizando seus desejos, compatibilizando-os com a realidade. Poderia contribuir com os projetos sociais da fundação, disponibilizando minhas idéias, produto de longas reflexões e análises de dados captados durante muitos anos. Eu teria oportunidade de me sentir útil, ganhar a sobrevivência com prazer e dignidade. Por causa da irracionalidade, do domínio de vontades incontroladas, influenciadas pela vaidade; o que poderia ser fonte de satisfação prazerosa transformou-se em manancial de problemas, causando sofrimento e prejuízos, prometendo acentuar-se e atingir grande número de pessoas.
O incrível é que pessoas como o pecuarista e a japonesa não percebem que o efeito de suas ações é diametralmente oposto ao que desejam. Ao invés de conseguirem reconhecimento e admiração, granjeiam desprezo e revolta. O dinheiro só consegue camuflar a realidade, mostrando como aceitação e admiração, o que não passa de rejeição e repúdio.

Me mande um e-mail pepe.granja@hotmail.com

sábado, 22 de setembro de 2007

Paciência

Ainda não tive tempo de relatar o prometido na última postagem.
O céu não estava tão para brigadeiro quanto eu imaginava.
Houve uma reviravolta e a conclusão ainda não aconteceu.
Prometo que vai ser um relato interessante e que vale a pena conhecer esta experiência.
Até breve.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

FENIX

Você já perdeu um grande amor? Um grande amigo? Uma pessoa que você admirava e que deixou de merecer admiração? Alguém em quem você depositava grande esperança de crescimento e sucesso?
Eu perdi tudo isso, de uma vez só. Tudo isso estava em uma única pessoa.
Meu mundo desabou! A angústia tomou conta de mim, a motivação foi substituída pela apatia e, pode acreditar, tive certeza de que a morte seria uma dádiva, muito melhor do que passar por tanto sofrimento. Foram dois anos e pouco do mais intenso sofrimento.
Para sobreviver, dediquei-me a refletir, analisar o que acontecia comigo, as forças que me impeliam ou reprimiam; analisando meu passado, considerando os exemplos de outras pessoas que conheci, fazendo comparações, buscando conhecimento e, principalmente, compreensão. Fui escrevendo, registrando pensamentos.
Quando já me conformava com a derrota, sem perspectiva de algo que pudesse interromper o processo de degradação; surgiu a oportunidade de realizar o sonho mais acalentado, que já se mostrava utópico.
Na próxima postagem contarei o que aconteceu.
Se você está desiludido, desesperançado, sem perspectiva; coragem! Poderá acontecer consigo algo como aconteceu comigo. Aguarde a próxima postagem!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

senador injustiçado

Onde estará a maior injustiça?
Nas acusações com tamanhas evidências e aparente consistência?
Na falta de demonstração de que as acusações são falsas?
Na declaração dos julgadores que, votando pela absolvição, afirmaram ter votado pela condenação?
Ou será que a maior injustiça é este questionamento?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

PRA QUE?

A idéia de criar este blog, partiu da vontade de disponibilizar reflexões e análises sobre a vida; obter colaborações de quem se interesse por esse assunto e, quem sabe, conseguir uma cota maior de felicidade e a diminuição das infelicidades que costumam nos atingir.
Parto da definição mais simples que consegui para o objetivo da vida: FELICIDADE.
O mais difícil foi definir felicidade. As definições dos dicionários não me convenciam: Ventura; contentamento; bem estar; qualidade ou estado de quem é feliz; bom êxito. Passei anos buscando uma definição mais enxuta, mais objetiva e, finalmente, cheguei a esta: Felicidade é satisfação de vontades.
Minha maior espectativa é que essas definições de: objetivo da vida, felicidade e vontade; sejam questionados, refletidos e gerem contribuições no sentido de conseguirmos direcionar nossos esforços para conseguir a melhor qualidade de vida que, no final das contas, é o que interessa.

FELICIDADE: OBJETIVO DA VIDA
FELICIDADE: RESULTADO DA SATISFAÇÃO DE VONTADES
VONTADE: NÃO A CRIAMOS OU ELIMINAMOS; SÓ NOS RESTA TENTAR INTERFERIR.

Se preferir, mande sua contribuição por e-mail para: pepe.granja@hotmail.com

terça-feira, 11 de setembro de 2007

comunicação é fundamental

COMUNICAÇÃO É FUNDAMENTAL

Com dificuldades na comunicação é muito difícil assimilar conhecimento e transmitir o que se pretenda.
Comunicação exige interpretação do que se recebe e clareza no que se expõe.
Ouvir, ler, ver, sentir são meios de adquirir conhecimento.
Falar, escrever, mostrar, são meios de expressão, de comunicar idéias e conhecimentos.
Conhecer-se e interpretar o que se passa dentro de nós é muito importante para administrarmos as dificuldades que são causadas internamente.
A dificuldade de concentração é causa de grandes problemas, principalmente na recepção de conhecimento, idéias, artes, etc. É comum que, enquanto estamos recebendo informações, nossa mente seja ocupada por pensamentos sem relação com o que estamos empenhados naquele momento. Ao ler, por exemplo, a vista percorre o texto, mas a leitura não é registrada, obrigando-nos a reler para assimilar o conteúdo. O mesmo costuma acontecer quando ouvimos. O transmissor fala, nós ouvimos, mas não assimilamos o que ele diz, porque o pensamento está ocupado em outra coisa.
Outro fator que costuma dificultar a assimilação é a ansiedade. Ela pretende que a assimilação se dê mais rápido do que o tempo necessário para que isso ocorra. O resultado é oposto ao pretendido: perde-se tempo tendo que retomar desde o início. Não é raro que isso ocorra N vezes em uma situação. O aprendizado de matemática é um bom exemplo dessa ocorrência, acreditá-se que já se aprendeu algo e, ao tentar resolver um exercício, verifica-se que não se consegue.
A vontade e, conseqüentemente a emoção, influenciam a assimilação, a interpretação e, principalmente, a racionalidade.
A dificuldade de concentração dificulta muito a assimilação, interpretação e compreensão. Sem concentração é perda de tempo tentar assimilar algo.
Problemas não resolvidos costumam ocupar nossa mente, dificultando que nos concentremos em outra coisa. Se uma criança está preocupada com que descubram alguma travessura que fez e as conseqüências que pode sofrer, isso ocupará seu pensamento, dificultando que use a mente para outra coisa. A expectativa por algo que gostaria conseguir provoca a mesma coisa. Portanto, uma boa maneira de conseguir concentração é eliminar problemas que possam dificultá-la.


DISCIPLINA
Disciplina significa fazer o que deve ser feito e evitar o que não deve. Controlar-nos é praticar disciplina.
Disciplina é respeito a direitos e deveres. É difícil manter a disciplina quando isso implica em contrariar satisfações que desejamos.
Disciplina e organização facilitam a solução de problemas e evitam que percamos o que desenvolvemos bem, até que perdemos a concentração. Por exemplo: ir escrevendo o desenvolvimento, passo a passo, de uma expressão matemática, ajuda a encontrar eventuais erros causados por desconcentração momentânea ou outro problema que tenha provocado o erro.

TURBINANDO O PROFESSOR
O professor é fundamental para a educação. Educação é o objetivo dessa profissão. É ele que tem que ter o mínimo de preparo para identificar as dificuldades de seus alunos e buscar soluções, acionando o que for necessário para isso.
Para que o professor possa desempenhar seu papel, ele precisa de empenho, motivação, incentivo e apoio.
É comum que o professor nunca tenha considerado o quanto a vontade e a emoção influenciam a vida e as atividades cotidianas. Não tiveram a atenção chamada para isso. Como todos, foram ensinados de que temos plena capacidade para dirigir nossa vida e determinar nosso futuro. Não nos alertaram contra as forças que nos afetam, provocando-nos, impulsionando-nos, impedindo-nos.
Não nos alertaram contra os perigos da ansiedade, a importância da motivação e como influenciá-las. Não fomos preparados para enfrentar nossas limitações.
O professor precisa compreender isso para propiciar a seus alunos o conhecimento que não recebeu, as defesas que não pode preparar para proteger-se.
O professor precisa receber informações sobre como analisar o comportamento dos alunos, identificar eventuais causas, buscar orientação, discutir casos particulares com colegas, pais e com quem possa contribuir na busca de soluções. A troca de experiências é importante para propiciar soluções, para motivar análises e incentivar quem se proponha a contribuir para melhoras.
O professor precisa de reuniões que funcionem como terapia de grupo, onde ele possa descarregar suas angústias e “recarregar as baterias”. A troca de experiências pode ser de grande ajuda, tanto na solução de problemas, quanto no consolo para o que ainda não puder ser resolvido.
Como reagir à ansiedade que força a satisfação de vontades independente das conseqüências e sem considerar as dificuldades inerentes?
Como eliminar a apatia, conseqüência da falta de motivação?
Como eliminar as influências negativas, que não ajudam em nada e criam tantos problemas?
O professor precisa participar das diretrizes com que deverá trabalhar e, não, simplesmente obedecê-las. Se isso não for possível, dificilmente ele poderá cumprir seu papel a contento.
O objetivo da vida é a felicidade. A felicidade é resultado de satisfação de vontades, embora, nem sempre a satisfação de vontades propicie felicidade e, não raro, cause sofrimento.

INFLUÊNCIAS DO MEIO SOCIAL
Não bastassem as forças internas ao indivíduo causadoras de problemas, ele ainda está sujeito a influências do meio social que as agravam ou geram deformações que não lhe são inatas.
A super-proteção dificulta que a criança perceba riscos potenciais, aprenda a se defender e evitá-los.
Satisfazer vontades da criança sem considerar o custo/benefício, pode causar que ela acredite que tem direito a que todas suas vontades sejam satisfeitas, independente de dificuldades ou atropelamento a direitos alheios. Isso dificulta que o indivíduo perceba que a satisfação de muitas vontades é difícil e, até, impossível. Que muitas satisfações causam sofrimento e prejuízos ao invés do prazer e felicidade imaginada. Essa deformação causa que o indivíduo acredite que seu querer tem supremacia sobre qualquer outra coisa ou valor, provocando-o a exigir satisfação, egoisticamente.
A falta de disciplina provoca que o indivíduo desconsidere a importância de direitos e deveres, provocando a crença de que tem todos os direitos e nenhum dever. A vida familiar é responsável por muitos desses casos. Crianças que não tem qualquer cuidado com roupas e sapatos; que querem tudo na mão e que acham isso natural. Ao parar de brincar, deixam tudo onde está, querem ser servidos nas refeições, quando não exigem o alimento na boca; esperam que alguém lhes dê banho; não fazem deveres escolares sem ajuda. Guardar alguma coisa ou cuidar delas? Nem pensar. Não vacilam um segundo em acusar qualquer um pelo que venham a sofrer, o primeiro que lhes ocorrer ou que esteja mais perto.