quarta-feira, 26 de setembro de 2007

SADOMASOQUISMO?

SADOMASOQUISMO?

É incrível como pessoas causam sofrimento e prejuízos a si e a outros, comportando-se de maneira irracional!
Aparentemente, isso, é causado pela vaidade apoiada na prepotência. É a vaidade no sentido de se sentir sábio, poderoso, infalível e, desejar ser reconhecido e admirado.
O prepotente crê saber tudo o que precisa, portanto, não vê necessidade de aprender. Não admite ser questionado em seus conceitos ou preconceitos, considerando-os absolutos. A conseqüência disso é considerar-se infalível.
Se considera onipotente, com todos os direitos e nenhum dever. Olha os outros de cima, acusa-os constantemente, com severidade e não lhes dedica o menor respeito, embora, faça o possível para camuflar isso sob a imagem de humilde.
Minha mãe e uma tia eram assim. Queriam impor o que achavam certo, usando a autoridade. Não argumentavam, mesmo porque não tinham justificativas para o que pretendiam, limitando-se a impor e exigir. Sua grande bandeira era que pretendiam o melhor para os que queriam subjugar. Elas sabiam o que era melhor, dispensando qualquer outra opinião, rebelando-se quando alguém se atrevia a questioná-las.
Não duvido que pretendessem, realmente, o melhor para quem tentavam submeter, o problema é que esse melhor era o que elas achavam, independente dos interesses, opinião ou sentimentos do interessado.
Não defendiam o mal, pregavam a honestidade, solidariedade, humildade, higiene, etiqueta comportamental, religiosidade, moralidade, em fim, coisas inquestionáveis. O problema era a rigidez, a falta de racionalidade, o desrespeito a características individuais, considerando a todos como se fossem cópias autênticas.
Queriam que todos fossem religiosos e católicos. Diziam respeitar as outras religiões, mas afirmavam que a única verdadeira e vãlida era a católica.
Para proteger a quem queriam, não vacilavam em cometer verdadeiras barbaridades contra outros. Se um protegido agia mal, um filho, por exemplo, a culpa era sempre das más companhias, mesmo que o contrário fosse evidente.
Num cômputo geral, não conseguiram grandes benefícios nem para si, nem para os outros. Em contrapartida, causaram muita revolta, sofrimento e prejuízos, inclusive para si próprias.

O dono de uma construtora, onde trabalhei alguns anos, usava e abusava do poder que se baseava no dinheiro. Os funcionários se submetiam por medo de perder o emprego. Os fornecedores e prestadores de serviço, porque não queriam perder o lucro que almejavam.
A submissão faz crescer o despotismo desse tipo de pessoas que, por falta de contestação, acredita estar trilhando o caminho certo. O desrespeito pelos outros cresce, enquanto seu sentimento de onipotência aumenta às raias do absurdo.
O medo, a revolta e a raiva, ocupam a maior parte do tempo dos subjugados pelo opressor, diminuindo drasticamente sua capacidade de racionalizar e criar. Principalmente, o medo de errar, impede-os de tentar algo novo e, não raro, causa erros banais.
Ao se analisar o custo/benefício desse comportamento opressor e desrespeitoso, é fácil perceber o quanto é prejudicial a todos. Muitas vezes, isso é camuflado pelo sucesso econômico. No entanto, não foi o comportamento que o propiciou, pelo contrário, ele poderia ser bem maior se o comportamento fosse outro. O que salta aos olhos é a emoção negativa que causou tanto mal estar e reduziu a qualidade e quantidade dos benefícios.
Todo o sofrimento e prejuízo foi o preço para a satisfação da vaidade do opressor.
Não se pode negar que esse comportamento despótico propicia alguns resultados positivos. Pessoas com pouca racionalidade, sem criatividade, avessas a questionamentos, com preferência por obedecer rotinas; tem facilidade para se submeter e não chegam a sofrer muito sob opressão. No entanto, os racionais, criativos, aventureiros, inconformados com a mesmice; sofrem terrivelmente e dificilmente conseguem se submeter a sistemas opressivos. Portanto, o opressor, carece de colaboradores desse tipo, deixando de conseguir muito do que poderia.

Tive uma companheira que representa outro tipo de vaidoso prepotente: o individualista.
Como os outros é dominada pela vontade de satisfazer a vaidade. Atira-se à satisfação de vontades cegamente, sem considerar o custo/benefício. Normalmente, as frustrações são uma constante, mas atiram-se à satisfação da próxima vontade com o mesmo ímpeto, o que lhes propicia desconsiderar os prejuízos passados.
Esses são egoístas, não se importam com quem prejudicam, a única coisa que lhes interessa é a satisfação da vontade que sentem. Causam sofrimento e prejuízos a terceiros, mas são os mais prejudicados.
Essa mulher demonstrou ter qualidades excepcionais: inteligência, sensibilidade, coragem, humildade, solidariedade, disposição para o trabalho, lealdade, em fim, reunia características positivas dificilmente encontradas em uma única pessoa. De repente, sem motivos identificáveis, decidiu que queria algo diferente. Abandonou o que conquistara até ali e atirou-se em busca de algo novo.
Enveredou por caminhos que ela sabia onde levariam: fracassos e decepções. Percorreu-os um atrás do outro, acumulando fracassos mais do que previsíveis
Nos primeiros dias dedicou-se a pensar em algo que pudesse fazer. Não encontrando nada melhor, tentou reatar um antigo relacionamento, que já havia demonstrado ser inviável. Uns dois meses depois, foi obrigada a abandoná-lo também.
Voltou para a casa da mãe e tentou divertir-se, bebendo e dançando, mas evitando relacionamentos esporádicos. Apoiu-se nos componentes masculinos de uma família de má reputação, como companhia.
Acabou se relacionando com um dos filhos dessa família, rapaz de dezoito anos, sem qualquer cultura e susceptível de influências, principalmente as maléficas. Ela contribuiu para que ele enveredasse na bebida. Passaram a viver juntos, sem condições financeiras para isso, uma vez que ele não trabalhava e o que ela ganhava como doméstica não seria suficiente para as despesas. Não bastasse isso, comprou móveis e assumiu uma dívida que não poderia pagar.
Pouco tempo depois, o inevitável aconteceu e eles se separaram, ficando, ela, com a dívida.
Algum tempo depois, ela começou um relacionamento com um cabo da PM que havia se separado da mulher há pouco e, pouco tempo depois, passaram a viver juntos.
Esse relacionamento também não deu certo e ela ficou sozinha de novo, trabalhando em uma fábrica de conservas, sem maiores perspectivas de progresso.
Ela tinha condições de saber que tudo isso era uma tremenda furada. Fracassou em todas as tentativas, confirmando o que já deveria saber com antecedência.
Será que a necessidade de satisfazer a vontade gerada de pela vaidade, de ser independente e auto-suficiente, desligando-se de quem, realmente, poderia ajudá-la; justificaria tamanhos despropósitos?
Ela cometeu um verdadeiro suicídio existencial, não ganhando grande coisa, perdendo muito e dificultando a retomada da busca pelo sucesso.

Quem quiser conhecer mais um exemplo, leia o artigo anterior neste blog: “A volta às cinzas”.
Poderia citar mais um grande número de exemplos e, acredito que, você também. Será que a tentativa de satisfazer a vaidade vale tanta irracionalidade, representando verdadeiro suicídio?
Em alguns casos a ignorância, o poder financeiro, deficiência de caráter, entre outros motivos; justificam a aberração. No entanto, algumas dessas pessoas demonstram inteligência e outros atributos positivos e, mesmo assim, enveredam por esse caminho.
Que força misteriosa é essa que domina a pessoa, impedindo-a de reagir?

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