quarta-feira, 26 de setembro de 2007

SADOMASOQUISMO?

SADOMASOQUISMO?

É incrível como pessoas causam sofrimento e prejuízos a si e a outros, comportando-se de maneira irracional!
Aparentemente, isso, é causado pela vaidade apoiada na prepotência. É a vaidade no sentido de se sentir sábio, poderoso, infalível e, desejar ser reconhecido e admirado.
O prepotente crê saber tudo o que precisa, portanto, não vê necessidade de aprender. Não admite ser questionado em seus conceitos ou preconceitos, considerando-os absolutos. A conseqüência disso é considerar-se infalível.
Se considera onipotente, com todos os direitos e nenhum dever. Olha os outros de cima, acusa-os constantemente, com severidade e não lhes dedica o menor respeito, embora, faça o possível para camuflar isso sob a imagem de humilde.
Minha mãe e uma tia eram assim. Queriam impor o que achavam certo, usando a autoridade. Não argumentavam, mesmo porque não tinham justificativas para o que pretendiam, limitando-se a impor e exigir. Sua grande bandeira era que pretendiam o melhor para os que queriam subjugar. Elas sabiam o que era melhor, dispensando qualquer outra opinião, rebelando-se quando alguém se atrevia a questioná-las.
Não duvido que pretendessem, realmente, o melhor para quem tentavam submeter, o problema é que esse melhor era o que elas achavam, independente dos interesses, opinião ou sentimentos do interessado.
Não defendiam o mal, pregavam a honestidade, solidariedade, humildade, higiene, etiqueta comportamental, religiosidade, moralidade, em fim, coisas inquestionáveis. O problema era a rigidez, a falta de racionalidade, o desrespeito a características individuais, considerando a todos como se fossem cópias autênticas.
Queriam que todos fossem religiosos e católicos. Diziam respeitar as outras religiões, mas afirmavam que a única verdadeira e vãlida era a católica.
Para proteger a quem queriam, não vacilavam em cometer verdadeiras barbaridades contra outros. Se um protegido agia mal, um filho, por exemplo, a culpa era sempre das más companhias, mesmo que o contrário fosse evidente.
Num cômputo geral, não conseguiram grandes benefícios nem para si, nem para os outros. Em contrapartida, causaram muita revolta, sofrimento e prejuízos, inclusive para si próprias.

O dono de uma construtora, onde trabalhei alguns anos, usava e abusava do poder que se baseava no dinheiro. Os funcionários se submetiam por medo de perder o emprego. Os fornecedores e prestadores de serviço, porque não queriam perder o lucro que almejavam.
A submissão faz crescer o despotismo desse tipo de pessoas que, por falta de contestação, acredita estar trilhando o caminho certo. O desrespeito pelos outros cresce, enquanto seu sentimento de onipotência aumenta às raias do absurdo.
O medo, a revolta e a raiva, ocupam a maior parte do tempo dos subjugados pelo opressor, diminuindo drasticamente sua capacidade de racionalizar e criar. Principalmente, o medo de errar, impede-os de tentar algo novo e, não raro, causa erros banais.
Ao se analisar o custo/benefício desse comportamento opressor e desrespeitoso, é fácil perceber o quanto é prejudicial a todos. Muitas vezes, isso é camuflado pelo sucesso econômico. No entanto, não foi o comportamento que o propiciou, pelo contrário, ele poderia ser bem maior se o comportamento fosse outro. O que salta aos olhos é a emoção negativa que causou tanto mal estar e reduziu a qualidade e quantidade dos benefícios.
Todo o sofrimento e prejuízo foi o preço para a satisfação da vaidade do opressor.
Não se pode negar que esse comportamento despótico propicia alguns resultados positivos. Pessoas com pouca racionalidade, sem criatividade, avessas a questionamentos, com preferência por obedecer rotinas; tem facilidade para se submeter e não chegam a sofrer muito sob opressão. No entanto, os racionais, criativos, aventureiros, inconformados com a mesmice; sofrem terrivelmente e dificilmente conseguem se submeter a sistemas opressivos. Portanto, o opressor, carece de colaboradores desse tipo, deixando de conseguir muito do que poderia.

Tive uma companheira que representa outro tipo de vaidoso prepotente: o individualista.
Como os outros é dominada pela vontade de satisfazer a vaidade. Atira-se à satisfação de vontades cegamente, sem considerar o custo/benefício. Normalmente, as frustrações são uma constante, mas atiram-se à satisfação da próxima vontade com o mesmo ímpeto, o que lhes propicia desconsiderar os prejuízos passados.
Esses são egoístas, não se importam com quem prejudicam, a única coisa que lhes interessa é a satisfação da vontade que sentem. Causam sofrimento e prejuízos a terceiros, mas são os mais prejudicados.
Essa mulher demonstrou ter qualidades excepcionais: inteligência, sensibilidade, coragem, humildade, solidariedade, disposição para o trabalho, lealdade, em fim, reunia características positivas dificilmente encontradas em uma única pessoa. De repente, sem motivos identificáveis, decidiu que queria algo diferente. Abandonou o que conquistara até ali e atirou-se em busca de algo novo.
Enveredou por caminhos que ela sabia onde levariam: fracassos e decepções. Percorreu-os um atrás do outro, acumulando fracassos mais do que previsíveis
Nos primeiros dias dedicou-se a pensar em algo que pudesse fazer. Não encontrando nada melhor, tentou reatar um antigo relacionamento, que já havia demonstrado ser inviável. Uns dois meses depois, foi obrigada a abandoná-lo também.
Voltou para a casa da mãe e tentou divertir-se, bebendo e dançando, mas evitando relacionamentos esporádicos. Apoiu-se nos componentes masculinos de uma família de má reputação, como companhia.
Acabou se relacionando com um dos filhos dessa família, rapaz de dezoito anos, sem qualquer cultura e susceptível de influências, principalmente as maléficas. Ela contribuiu para que ele enveredasse na bebida. Passaram a viver juntos, sem condições financeiras para isso, uma vez que ele não trabalhava e o que ela ganhava como doméstica não seria suficiente para as despesas. Não bastasse isso, comprou móveis e assumiu uma dívida que não poderia pagar.
Pouco tempo depois, o inevitável aconteceu e eles se separaram, ficando, ela, com a dívida.
Algum tempo depois, ela começou um relacionamento com um cabo da PM que havia se separado da mulher há pouco e, pouco tempo depois, passaram a viver juntos.
Esse relacionamento também não deu certo e ela ficou sozinha de novo, trabalhando em uma fábrica de conservas, sem maiores perspectivas de progresso.
Ela tinha condições de saber que tudo isso era uma tremenda furada. Fracassou em todas as tentativas, confirmando o que já deveria saber com antecedência.
Será que a necessidade de satisfazer a vontade gerada de pela vaidade, de ser independente e auto-suficiente, desligando-se de quem, realmente, poderia ajudá-la; justificaria tamanhos despropósitos?
Ela cometeu um verdadeiro suicídio existencial, não ganhando grande coisa, perdendo muito e dificultando a retomada da busca pelo sucesso.

Quem quiser conhecer mais um exemplo, leia o artigo anterior neste blog: “A volta às cinzas”.
Poderia citar mais um grande número de exemplos e, acredito que, você também. Será que a tentativa de satisfazer a vaidade vale tanta irracionalidade, representando verdadeiro suicídio?
Em alguns casos a ignorância, o poder financeiro, deficiência de caráter, entre outros motivos; justificam a aberração. No entanto, algumas dessas pessoas demonstram inteligência e outros atributos positivos e, mesmo assim, enveredam por esse caminho.
Que força misteriosa é essa que domina a pessoa, impedindo-a de reagir?

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A VOLTA ÀS CINZAS

Complemento ao texto Fênix de 17/09/07
Depois de dois anos de apatia, angústia e sem motivação pra nada; quando a única coisa que conseguia fazer era refletir, analisar e escrever; as nuvens se dissiparam, o sol apareceu radiante, prometendo tempos alegres e promissores.
Minha filha, que estava desempregada, conseguiu um emprego em um banco. Quando se preparava para se apresentar ao novo emprego, recebeu um telefonema de uma antiga chefe convidando-a para um trabalho que, segundo ela, seria muito mais promissor que o do banco.
Minha filha foi fazer a entrevista e ficou convencida de que a antiga chefe tinha razão. Comunicou ao banco que não poderia se apresentar e indicou a irmã para a vaga, que foi aceita. Que sorte! As duas conseguiram emprego.
Alguns dias depois, minha filha me ligou, dizendo que o patrão precisaria de uma pessoa para cuidar da reforma de uma mansão que comprara e me perguntou se poderia me indicar para o trabalho. Ela disse que se tratava de uma fundação com o objetivo de financiar projetos de saúde e educação. Que o mantenedor era um pecuarista, pessoa simples e aberta a novas idéias. Que tinha dito a ele de meus projetos na área social e que ele se mostrara interessado. Concordei de imediato e me dispus a ser entrevistado quando ele quisesse.
A entrevista foi marcada para a próxima segunda-feira, as dez horas da manhã, na mansão que seria reformada.
Cheguei as nove e cinqüenta e cinco e fui recebido por um japonês que me fez entrar e aguardar pois o pecuarista se atrasaria um pouco.
Pouco antes do meio dia chegou um homem que viera para fazer orçamento de ar condicionado. O encontro dele com o pecuarista fora marcado para o meio dia.
Pouco depois do meio dia, chegou uma japonesa, esposa do japonês que me recebeu e, a que fora chefe da minha filha no passado. Ela me informou que o pecuarista tivera um imprevisto e que se demoraria mais um pouco.
Logo depois das duas horas o homem do ar condicionado comunicou à japonesa que tinha um compromisso às três horas e que, por isso, seria melhor marcar outro encontro para outra oportunidade. Quando se dirigia para a saída, o pecuarista chegou. Ele voltou e acompanhou o homem numa visita à mansão para tomar conhecimento dos ambientes que deveriam ser condicionados.
O homem do ar condicionado deve ter chegado atrasado ao próximo compromisso pois faltavam menos de quinze minutos para as três quando saiu de lá.
Finalmente chegou a hora da minha entrevista. O pecuarista se desculpou, alegando que era muito atarefado e que, de vez em quando, ocorriam imprevistos e os atrasos eram inevitáveis. Eu estava tão empolgado com a possibilidade de poder trabalhar divulgando minhas idéias, discutindo-as, aprimorando-as, contribuindo para uma sociedade mais justa que, aquele atraso, não me causara qualquer mal.
O pecuarista falou sobre a mansão, que fora construída no final da década de quarenta e que a comprara para ser a sede da fundação. Que pretendia reformá-la e recuperá-la, mantendo o máximo de originalidade. Que pretendia que ela representasse a solidez da fundação, que era totalmente interessada no social, que era mantida com recursos próprios, dispensava colaborações de quem quer que fosse e que era muito rigoroso na aplicação dos recursos destinados aos projetos. Disse que tudo que pudesse economizar reverteria para o social, que era o objetivo da fundação. No entanto, gastaria o que fosse necessário, fazendo questão de pagar o justo, sem exigir sacrifícios de quem quer que fosse.
Ele fumava cigarros de palha, falava manso, mostrando humildade, confessando ter pouco estudo e estar aberto a idéias e sugestões. Tudo isso era apoiado por sorrisos e balanços de cabeça da japonesa. Sua conversa e jeito mostravam simplicidade, embora suas roupas e sapatos deixassem claro o alto preço que teriam custado.
Ele disse que se interessara por meus projetos, mas que, no momento, precisava de alguém que o ajudasse a conduzir a reforma e me pediu para dizer quanto queria ganhar. Pedi que ele dissesse o quanto estava disposto a pagar pois, como estava fora do mercado de trabalho há algum tempo, não estava familiarizado com salários. Argumentei que ele tinha funcionários e que deveria ter uma idéia de quanto poderia pagar, mas ele se negou a fazer qualquer oferta. Insisti em que meu interesse era o trabalho social na fundação e que estava disposto a colaborar da melhor maneira possível para o sucesso da reforma. Ele insistiu e eu, com medo de perder a oportunidade, pedi mil e quinhentos reais por mês, alegando que, depois de demonstrar minha capacidade, voltaríamos a conversar sobre isso.
Ele concordou de imediato e me ofereceu um dormitório na edícula, com televisão de tela plana e refeições. Nessa edícula já moravam dois ajudantes que faziam a manutenção da limpeza e serviços gerais, alem de servirem como caseiros. A edícula tinha três quartos e cada um ocuparia um, com total privacidade. Adorei a idéia, pois não gastaria tempo com idas e vindas de casa, com o que economizaria umas três horas por dia. Além disso, não gastaria com condução nem com comida. Achei ótimo!
Depois de tudo acertado, ele me intimou a acompanhá-lo ao escritório. Pegamos um táxi e nos dirigimos para lá. A japonesa continuou nos acompanhando. Ela seria a minha superiora, a quem eu deveria me reportar, embora ele tenha dito que eu teria toda a liberdade de procurá-lo pessoalmente ou por telefone a qualquer hora do dia ou da noite.
O escritório ficava em um prédio e estava atulhado de caixas de papelão empilhadas. Soube que estavam de mudança para a mansão o que aconteceria no dia seguinte, depois do expediente. Me apresentaram mais três japonesas e um rapaz que era o motorista. O marido da japonesa e minha filha completavam o pessoal.
As oito da manhã do dia seguinte, cheguei à mansão carregando uma bolsa com roupas de cama e pessoais.
A japonesa chegou logo depois e lhe perguntei se tinha alguma instrução para mim. Ela disse que eu poderia fazer o que me parecesse melhor. Ela me entregou uma planta da mansão e verifiquei que era um levantamento atual e não o projeto original ou da reforma.
Antes que eu começasse a vistoria, a japonesa me convocou para uma reunião com ela e os dois rapazes que trabalhavam como caseiros. Informou-os que eu moraria e comeria com eles. Disse que eles não podiam sair da mansão, nem de dia nem de noite. Que tinham uma folga a cada quinze dias. Disse que eu teria que obedecer a essa regra. Minha reação foi imediata, disse-lhe que aceitara a moradia e as refeições, mas que isso não me transformaria num prisioneiro. Que se a condição fosse essa, eu abriria mão desses benefícios. Ela ficou de conversar com o pecuarista a esse respeito.
Quando, na hora do almoço, disse-lhe que precisaria sair para comprar produtos de higiene pessoal, ela fingiu não ouvir e, quando insisti, concordou, demonstrando grande contrariedade, voltando a dizer que conversaria com o pecuarista a respeito.
Depois de conversar com ele, entregou-me um bilhete escrito de próprio punho por ele, dizendo que: se eu saísse à noite, só poderia retornar no dia seguinte, que ele não pagaria almoço fora dali e que, se saísse na hora do almoço, deveria assinar um livro de ponto, na saída e no retorno, não sendo admitido nem um minuto de atraso.
Aquilo me pareceu um absurdo, total desrespeito aos direitos de um funcionário, no entanto, preferi considerar como uma excentricidade que, com o tempo, eu conseguiria modificar.
Percorri a mansão com a planta para me familiarizar com ela, anotando detalhes que me chamaram a atenção. Era evidente a deterioração da tubulação de água, causada pela corrosão. A instalação elétrica também se mostrava inaproveitável. Além do mau estado dos fios, era visível a deterioração das tubulações pela corrosão. Tubulações novas implicariam em agressão a revestimentos de pisos e paredes. O problema é que eram materiais impossíveis de serem encontrados para reposição.
Quando chegou um telhadista para orçar a reforma da cobertura, acompanhei-o na vistoria. A estrutura de madeira estava em perfeitas condições. Era madeira de lei sem qualquer sinal de deterioração. Mais de noventa por cento das telhas estava em bom estado. Como seria difícil conseguir telhas iguais, poderiam ser usadas as telhas da edícula para repor as defeituosas no telhado principal, colocando-se telhas novas só na edícula.
Quando nos reunimos com o pecuarista, ele foi categórico na exigência da troca de todas as telhas, colocação de manta sob elas e troca das ripas. Argumentei que a simples reposição de telhas propiciaria uma durabilidade de dez anos ou mais ao telhado. Ele se manteve irredutível e insistiu na troca total das telhas e colocação de manta. Era razoável, afinal, a troca total propiciaria uma durabilidade bem maior, embora causasse um custo bastante alto.
A noite chegou e a mudança do escritório não chegava. Avisei a japonesa que eu estaria na edícula e que mandasse me chamar se precisasse.
Quando a mudança chegou eu já estava dormindo. O pessoal saiu de lá por volta das duas da manhã.
No dia seguinte, fiz um relatório de tudo o que havia observado. Sugeri a confecção de um projeto executivo onde seriam registradas as alterações. Ele serviria de base para a confecção dos projetos de eletricidade, hidráulica, telefonia, ar condicionado e de dados. Possibilitaria a quantificação de serviços e materiais. Um memorial descritivo complementaria a documentação de comunicação da obra, evitando dúvidas e mal entendidos.
Imprimi o relatório e entreguei-o para a japonesa. Mais tarde, ela me perguntou se o relatório estava completo. Disse-lhe que ele era resultado das observações feitas até ali. Que precisava de informações para prosseguir. Ela disse que poderia me dar as informações, no entanto, não conseguiu responder objetivamente a nenhuma de minhas perguntas. Disse que o pecuarista só conversaria comigo quando o relatório estivesse completo.
Ficou claro que ela, não só era arrogante, mas de grande prepotência. Fiz algumas modificações estéticas no relatório e disse que estaria completo, acreditando que isso me possibilitaria conversar com o pecuarista e tentar convencê-lo da necessidade do projeto, onde se registrariam os serviços a serem executados.
Na segunda-feira, o pecuarista havia me entregado uma planilha onde estavam listados os trabalhos que ele achava necessários para a reforma. Era uma listagem muito simplória, sem considerar as dificuldades, mas, principalmente, omissa quanto a trabalhos indispensáveis. Na terça-feira, logo que chegou, a japonesa me pediu a planilha que o pecuarista havia me dado no dia anterior, alegando que ele queria que eu fizesse um relatório sem a influência da planilha.
A reunião entre o pecuarista, a japonesa e eu, ocorreu no dia seguinte. Logo no início, a japonesa me entregou uma nova planilha, parecida com a que o pecuarista havia me dado no primeiro dia. Para minha surpresa, ela continha muitos serviços que não constavam na primeira e que constavam de meu relatório. O pecuarista começou dizendo que revisara a planilha e a havia atualizado. Passou a ler meu relatório, item por item, demonstrando grande falta de conhecimento e comentando, a cada pouco, que muitos dos serviços que eu apontara como necessários, constavam da sua planilha, como quem diz que eu não apresentara grandes novidades.
Quando ele leu o item sobre a necessidade de um projeto executivo, repeliu-o, alegando que era desnecessário e que ele daria qualquer informação necessária, pois sabia tudo o que deveria ser feito. Ele falava com humildade, demonstrando a maior das prepotências. A japonesa o apoiava com gestos e palavras.
Ele estava preparado para fazer várias críticas a indicações que eu fizera no relatório, no entanto, isso se baseava em interpretação errônea que, quando eu esclarecia, perdiam o fundamento.
O mais impressionante era o desconhecimento ou desprezo que ele demonstrava pelas dificuldades que deveriam ser resolvidas. Falava em trocar tubulações sem maiores prejuízos a revestimentos de pisos e paredes. Falava em troca de materiais que não podem ser encontrados, como se estivessem disponíveis em qualquer esquina.
Percebi a dificuldade que eu teria para convencê-lo do quanto estava enganado, para mostrar-lhe as dificuldades que teriam que ser enfrentadas. Essa dificuldade se agravava pela interferência da japonesa apoiando-o, fazendo-o crer que era um grande especialista e que só precisaria de alguém para transmitir as orientações que ele daria.
No início, considerei que a reforma seria como muitas que ocorrem em mansões daquela região, adaptando o prédio para a instalação de escritórios, sem maior profundidade. Ao perceber o que o pecuarista pretendia, reformando totalmente e em profundidade; ficou evidente a insanidade de ter mudado o escritório para lá. Isso exporia funcionários e equipamentos a todo tipo de agressão causado por esse trabalho: sujeira, barulho e grande movimentação de pessoal estranho ao funcionamento do escritório. Mudar o escritório para o que se transformaria em uma obra, sem dúvida, era um verdadeiro despropósito! Todos se mudam para reformar o imóvel que ocupavam. O pecuarista mudou seu escritório para uma reforma, para uma casa que passaria por enorme rebuliço durante longo tempo.
Na tarde de sexta-feira, avisei a japonesa que eu não dormiria lá. Perguntei se precisaria de mim no sábado. Ela disse que marcara um orçamento para descupinização. Argumentei que eles já haviam recebido vários orçamentistas, sem a minha interferência e que não via necessidade que eu estivesse lá para receber esse. Ela não discordou.
Quando minha filha saiu, por volta das oito e meia da noite, sai com ela. Comuniquei-lhe o que estava acontecendo e preveni-a de que dificilmente eu poderia continuar aquele trabalho. Aconselhei-a a começar a procurar outro emprego, pois ela não agüentaria muito tempo ali. Ela concordou e confessou que já estava chegando no limite. O pecuarista não respeitava ninguém. Exigia tudo dos outros e não admitia ter qualquer dever. Era extremamente prepotente e egoísta, travestido de humildade e solidariedade.
Passei o final de semana pensando em alguma maneira de reverter a situação, convencendo o pecuarista de que estava errado e que enfrentaria grandes e profundos problemas. Não consegui qualquer estratégia que possibilitasse isso.
Na segunda-feira, cheguei as sete horas. O caseiro que ficara de plantão no final de semana, me comunicou que, ao limpar uma mesa, quebrara um cinzeiro. Que isso deveria ser comunicado à japonesa, caso contrário, ela seria capaz de qualquer coisa. Na sexta-feira, ela me encarregara de administrar o trabalho dos dois caseiros, orientando-os no trabalho, fiscalizando-os e relatando para ela o que fizessem.
Por volta das dez horas, ela me convocou e aos dois caseiros para uma reunião. Contei-lhe sobre a quebra do cinzeiro e ela se mostrou assombrada, não entendendo como alguém poderia quebrar um cinzeiro. Quis saber como aquilo tinha acontecido. O rapaz disse que, ao limpar a mesa, esbarrara no cinzeiro e ele caíra no chão, quebrando-se. Ela, irritadíssima, dizia que aquilo era um absurdo, que não era possível que alguém derrubasse um cinzeiro sem querer. Demonstrava sua irritação repetindo sua incredulidade, várias vezes. Acabou por dispensar os dois, para continuar a reunião só comigo.
Começou dizendo que o pecuarista achara meus relatórios muito resumidos. Que queria que eu detalhasse mais, desse mais informações. Quando perguntei que tipo de detalhes ele pretendia, ela não soube dizer, só repetindo que queria mais detalhes.
Aquela expressão arrogante e a voz esganiçada repetindo despropósitos, fizeram minha paciência chegar ao limite. Senti vontade de esquartejá-la, livrar o mundo de tamanha prepotência e insensatez!
Era uma déspota, aproveitando a ignorância do pecuarista para satisfazer seu desejo de poder, tripudiando sobre todos, sem o menor respeito pelos subordinados. Ela apoiava o desejo de onipotência dele, incentivando-o nos seus devairíos, ao que ele retribuía dando-lhe o poder que acreditava ser propiciado pelo dinheiro. Acreditavam na onipotência do dinheiro e se julgavam no direito de não considerar qualquer outro valor que pudesse intervir no julgamento de suas vontades.
Respirei fundo, procurei controlar a revolta que se apossava de mim, considerando os prejuízos que minha filha poderia sofrer caso eu me deixasse dominar pela vontade que me impelia a reagir a altura do comportamento da japonesa. Disse-lhe que eu refletira muito no final de semana e concluíra que não estava a altura do trabalho que eles pretendiam de mim. Portanto, eles deveriam procurar alguém que pudesse se enquadrar no que eles pretendiam.
Quando o pecuarista chegou, a japonesa comunicou-lhe minha decisão e ele aceitou a decisão de imediato, mandando dispensar-me sem demora.
Juntei minhas coisas e saí de lá como quem se livra de uma câmara de tortura.
Foi uma pena! Eu poderia ajudá-los com minha experiência sem frustrar o desejo de poder deles, viabilizando seus desejos, compatibilizando-os com a realidade. Poderia contribuir com os projetos sociais da fundação, disponibilizando minhas idéias, produto de longas reflexões e análises de dados captados durante muitos anos. Eu teria oportunidade de me sentir útil, ganhar a sobrevivência com prazer e dignidade. Por causa da irracionalidade, do domínio de vontades incontroladas, influenciadas pela vaidade; o que poderia ser fonte de satisfação prazerosa transformou-se em manancial de problemas, causando sofrimento e prejuízos, prometendo acentuar-se e atingir grande número de pessoas.
O incrível é que pessoas como o pecuarista e a japonesa não percebem que o efeito de suas ações é diametralmente oposto ao que desejam. Ao invés de conseguirem reconhecimento e admiração, granjeiam desprezo e revolta. O dinheiro só consegue camuflar a realidade, mostrando como aceitação e admiração, o que não passa de rejeição e repúdio.

Me mande um e-mail pepe.granja@hotmail.com

sábado, 22 de setembro de 2007

Paciência

Ainda não tive tempo de relatar o prometido na última postagem.
O céu não estava tão para brigadeiro quanto eu imaginava.
Houve uma reviravolta e a conclusão ainda não aconteceu.
Prometo que vai ser um relato interessante e que vale a pena conhecer esta experiência.
Até breve.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

FENIX

Você já perdeu um grande amor? Um grande amigo? Uma pessoa que você admirava e que deixou de merecer admiração? Alguém em quem você depositava grande esperança de crescimento e sucesso?
Eu perdi tudo isso, de uma vez só. Tudo isso estava em uma única pessoa.
Meu mundo desabou! A angústia tomou conta de mim, a motivação foi substituída pela apatia e, pode acreditar, tive certeza de que a morte seria uma dádiva, muito melhor do que passar por tanto sofrimento. Foram dois anos e pouco do mais intenso sofrimento.
Para sobreviver, dediquei-me a refletir, analisar o que acontecia comigo, as forças que me impeliam ou reprimiam; analisando meu passado, considerando os exemplos de outras pessoas que conheci, fazendo comparações, buscando conhecimento e, principalmente, compreensão. Fui escrevendo, registrando pensamentos.
Quando já me conformava com a derrota, sem perspectiva de algo que pudesse interromper o processo de degradação; surgiu a oportunidade de realizar o sonho mais acalentado, que já se mostrava utópico.
Na próxima postagem contarei o que aconteceu.
Se você está desiludido, desesperançado, sem perspectiva; coragem! Poderá acontecer consigo algo como aconteceu comigo. Aguarde a próxima postagem!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

senador injustiçado

Onde estará a maior injustiça?
Nas acusações com tamanhas evidências e aparente consistência?
Na falta de demonstração de que as acusações são falsas?
Na declaração dos julgadores que, votando pela absolvição, afirmaram ter votado pela condenação?
Ou será que a maior injustiça é este questionamento?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

PRA QUE?

A idéia de criar este blog, partiu da vontade de disponibilizar reflexões e análises sobre a vida; obter colaborações de quem se interesse por esse assunto e, quem sabe, conseguir uma cota maior de felicidade e a diminuição das infelicidades que costumam nos atingir.
Parto da definição mais simples que consegui para o objetivo da vida: FELICIDADE.
O mais difícil foi definir felicidade. As definições dos dicionários não me convenciam: Ventura; contentamento; bem estar; qualidade ou estado de quem é feliz; bom êxito. Passei anos buscando uma definição mais enxuta, mais objetiva e, finalmente, cheguei a esta: Felicidade é satisfação de vontades.
Minha maior espectativa é que essas definições de: objetivo da vida, felicidade e vontade; sejam questionados, refletidos e gerem contribuições no sentido de conseguirmos direcionar nossos esforços para conseguir a melhor qualidade de vida que, no final das contas, é o que interessa.

FELICIDADE: OBJETIVO DA VIDA
FELICIDADE: RESULTADO DA SATISFAÇÃO DE VONTADES
VONTADE: NÃO A CRIAMOS OU ELIMINAMOS; SÓ NOS RESTA TENTAR INTERFERIR.

Se preferir, mande sua contribuição por e-mail para: pepe.granja@hotmail.com

terça-feira, 11 de setembro de 2007

comunicação é fundamental

COMUNICAÇÃO É FUNDAMENTAL

Com dificuldades na comunicação é muito difícil assimilar conhecimento e transmitir o que se pretenda.
Comunicação exige interpretação do que se recebe e clareza no que se expõe.
Ouvir, ler, ver, sentir são meios de adquirir conhecimento.
Falar, escrever, mostrar, são meios de expressão, de comunicar idéias e conhecimentos.
Conhecer-se e interpretar o que se passa dentro de nós é muito importante para administrarmos as dificuldades que são causadas internamente.
A dificuldade de concentração é causa de grandes problemas, principalmente na recepção de conhecimento, idéias, artes, etc. É comum que, enquanto estamos recebendo informações, nossa mente seja ocupada por pensamentos sem relação com o que estamos empenhados naquele momento. Ao ler, por exemplo, a vista percorre o texto, mas a leitura não é registrada, obrigando-nos a reler para assimilar o conteúdo. O mesmo costuma acontecer quando ouvimos. O transmissor fala, nós ouvimos, mas não assimilamos o que ele diz, porque o pensamento está ocupado em outra coisa.
Outro fator que costuma dificultar a assimilação é a ansiedade. Ela pretende que a assimilação se dê mais rápido do que o tempo necessário para que isso ocorra. O resultado é oposto ao pretendido: perde-se tempo tendo que retomar desde o início. Não é raro que isso ocorra N vezes em uma situação. O aprendizado de matemática é um bom exemplo dessa ocorrência, acreditá-se que já se aprendeu algo e, ao tentar resolver um exercício, verifica-se que não se consegue.
A vontade e, conseqüentemente a emoção, influenciam a assimilação, a interpretação e, principalmente, a racionalidade.
A dificuldade de concentração dificulta muito a assimilação, interpretação e compreensão. Sem concentração é perda de tempo tentar assimilar algo.
Problemas não resolvidos costumam ocupar nossa mente, dificultando que nos concentremos em outra coisa. Se uma criança está preocupada com que descubram alguma travessura que fez e as conseqüências que pode sofrer, isso ocupará seu pensamento, dificultando que use a mente para outra coisa. A expectativa por algo que gostaria conseguir provoca a mesma coisa. Portanto, uma boa maneira de conseguir concentração é eliminar problemas que possam dificultá-la.


DISCIPLINA
Disciplina significa fazer o que deve ser feito e evitar o que não deve. Controlar-nos é praticar disciplina.
Disciplina é respeito a direitos e deveres. É difícil manter a disciplina quando isso implica em contrariar satisfações que desejamos.
Disciplina e organização facilitam a solução de problemas e evitam que percamos o que desenvolvemos bem, até que perdemos a concentração. Por exemplo: ir escrevendo o desenvolvimento, passo a passo, de uma expressão matemática, ajuda a encontrar eventuais erros causados por desconcentração momentânea ou outro problema que tenha provocado o erro.

TURBINANDO O PROFESSOR
O professor é fundamental para a educação. Educação é o objetivo dessa profissão. É ele que tem que ter o mínimo de preparo para identificar as dificuldades de seus alunos e buscar soluções, acionando o que for necessário para isso.
Para que o professor possa desempenhar seu papel, ele precisa de empenho, motivação, incentivo e apoio.
É comum que o professor nunca tenha considerado o quanto a vontade e a emoção influenciam a vida e as atividades cotidianas. Não tiveram a atenção chamada para isso. Como todos, foram ensinados de que temos plena capacidade para dirigir nossa vida e determinar nosso futuro. Não nos alertaram contra as forças que nos afetam, provocando-nos, impulsionando-nos, impedindo-nos.
Não nos alertaram contra os perigos da ansiedade, a importância da motivação e como influenciá-las. Não fomos preparados para enfrentar nossas limitações.
O professor precisa compreender isso para propiciar a seus alunos o conhecimento que não recebeu, as defesas que não pode preparar para proteger-se.
O professor precisa receber informações sobre como analisar o comportamento dos alunos, identificar eventuais causas, buscar orientação, discutir casos particulares com colegas, pais e com quem possa contribuir na busca de soluções. A troca de experiências é importante para propiciar soluções, para motivar análises e incentivar quem se proponha a contribuir para melhoras.
O professor precisa de reuniões que funcionem como terapia de grupo, onde ele possa descarregar suas angústias e “recarregar as baterias”. A troca de experiências pode ser de grande ajuda, tanto na solução de problemas, quanto no consolo para o que ainda não puder ser resolvido.
Como reagir à ansiedade que força a satisfação de vontades independente das conseqüências e sem considerar as dificuldades inerentes?
Como eliminar a apatia, conseqüência da falta de motivação?
Como eliminar as influências negativas, que não ajudam em nada e criam tantos problemas?
O professor precisa participar das diretrizes com que deverá trabalhar e, não, simplesmente obedecê-las. Se isso não for possível, dificilmente ele poderá cumprir seu papel a contento.
O objetivo da vida é a felicidade. A felicidade é resultado de satisfação de vontades, embora, nem sempre a satisfação de vontades propicie felicidade e, não raro, cause sofrimento.

INFLUÊNCIAS DO MEIO SOCIAL
Não bastassem as forças internas ao indivíduo causadoras de problemas, ele ainda está sujeito a influências do meio social que as agravam ou geram deformações que não lhe são inatas.
A super-proteção dificulta que a criança perceba riscos potenciais, aprenda a se defender e evitá-los.
Satisfazer vontades da criança sem considerar o custo/benefício, pode causar que ela acredite que tem direito a que todas suas vontades sejam satisfeitas, independente de dificuldades ou atropelamento a direitos alheios. Isso dificulta que o indivíduo perceba que a satisfação de muitas vontades é difícil e, até, impossível. Que muitas satisfações causam sofrimento e prejuízos ao invés do prazer e felicidade imaginada. Essa deformação causa que o indivíduo acredite que seu querer tem supremacia sobre qualquer outra coisa ou valor, provocando-o a exigir satisfação, egoisticamente.
A falta de disciplina provoca que o indivíduo desconsidere a importância de direitos e deveres, provocando a crença de que tem todos os direitos e nenhum dever. A vida familiar é responsável por muitos desses casos. Crianças que não tem qualquer cuidado com roupas e sapatos; que querem tudo na mão e que acham isso natural. Ao parar de brincar, deixam tudo onde está, querem ser servidos nas refeições, quando não exigem o alimento na boca; esperam que alguém lhes dê banho; não fazem deveres escolares sem ajuda. Guardar alguma coisa ou cuidar delas? Nem pensar. Não vacilam um segundo em acusar qualquer um pelo que venham a sofrer, o primeiro que lhes ocorrer ou que esteja mais perto.