quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Conversa com Deus

Deus, eu gostaria de saber por que o senhor fez pessoas conformadas, que aceitam a maior parte das coisas, passivamente; não questionam, limitando-se a aceitar, elogiar, aprovar, descartar, criticar ou reprovar, sem usar a razão e baseando-se quase exclusivamente em preconceitos, emoções e vontades. Por outro lado, fez imbecis, como eu, que teimam em questionar tudo, viver procurando causas, tentando compreender as coisas, buscando alternativas para o que consideram errado, mesmo sabendo que as soluções, que consigam encontrar, são temporárias e que, provavelmente, o tempo se encarregará de demonstrar que elas, também, não resolvem.
Emquanto algumas pessoas (acho que a maioria) são egoístas e egocêntricas, procurando acumular o máximo sem se importar com quem pagará por isso; outras (muito poucas), teimam em malhar em ferro frio, com conhecimento suficiente para saber que seu sacrifício será inútil; abrindo mão de vantagens que poderiam usufruir, dedicando-se a lutas utópicas, objetivando o bem comum.
O que o senhor pretende com isso? Usar os idiotas solidários para opor alguma dificuldade aos egoístas? O senhor acha que isso tem funcionado?
Os que se dizem seus representantes aqui na Terra, apregoam que o senhor nos deu livre arbítrio e que, portanto, a responsabilidade pelo que nos acontece é nossa, efeito de nossas escolhas. Se isso é verdade, quero acusar que o meu livre arbítrio veio com defeito. Eu gostaria de não conhecer, muito menos compreender, uma porção de coisas; o que só me trouxeram problemas; no entanto, não consigo, sou obrigado a questionar, pesquisar, analisar, refletir, buscando soluções. É evidente que isso é ruim, causa sofrimento e não resolve porra nenhuma! (desculpe pelo, porra). Eu gostaria de aceitar, me acomodar às coisas e tirar proveito delas, mas não consigo. Que porra de livre arbítrio é esse, em que eu quero uma coisa e faço o contrário? (desculpe de novo pelo, porra). Portanto, reitero a reclamação: meu livre arbítrio tá com defeito! Como faço pra trocá-lo por um que funcione? O senhor mantém alguma assistência técnica aqui na Terra?
Peço desculpas pelo atrevimento e aguardo resposta.
Na próxima postagem continuo o questionamento, pois o que mais tenho são dúvidas. Espero que o senhor não se zangue comigo.
Fui!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

CALA A BOCA CHAVES!

Calla-te! por que no te callas?
O rei Juan Carlos, da Espanha, no Chile, irritado com as intervenções de Hugo Chaves, que impedia o primeiro ministro da Espanha, Zapatero, defender o seu antecessor, a quem o Chaves atacara com acusações.
A imprensa destacou o episódio, provocando discussões e, como não poderia deixar de ser, o principal foi deixado de lado e a meia dúzia de palavras proferidas pelo rei, serviram de mote para ataques e defesa às polêmicas atitudes de Chaves.
O que Chaves tem feito, é acusar o imperialismo estatal e empresarial, que não têm escrúpulos na utilização de métodos que possibilitem e facilitem a exploração. Alguém tem dúvidas de que isso é verdade?
O problema é que o imperialismo, a corrupção e o crime, usam artifícios eficientes para ocultar os responsáveis, o que dificulta e, até, impossibilita a obtenção de provas que identifiquem, sem dúvidas, os planejadores e articuladores. Muita gente sabe quem são os imperialistas, os corruptos, os responsáveis pelo tráfico e os comandantes do crime; a dificuldade é provar.
As pessoas de bem abominam a injustiça. Um número razoável de casos, em que não havia dúvidas sobre a autoria de delitos, mostraram que os acusados eram inocentes. Isso fez com que leis fossem criadas objetivando evitar injustiças. A convicção de que: “É melhor centenas de criminosos livres do que um inocente na cadeia”, orientou a criação de leis que refletissem esse conceito. A conseqüência dessa preocupação foi que: é suficiente levantar dúvidas para impedir condenações, mesmo quando as evidências são gritantes. O custo de evitar algumas injustiças, é a impunidade dos culpados.
O que o Chaves tem feito, é desprezar o benefício da dúvida, usando as evidências para acusar. É evidente que a busca de vantagens levem países poderosos a usar todo tipo de artifícios para explorar os menos favorecidos. O mesmo acontece com relação às empresas em busca de lucro. Esforços para instalar governos que facilitem seus objetivos e derrubar os que os contrariam; faz parte do cotidiano dos exploradores. Ideologias altruístas são manipuladas e usadas a favor dos exploradores, contra os explorados, a quem pretendiam proteger.
A acusação sem provas acaba por beneficiar o acusado, oferecendo-lhe a auréola de injustiçado, transformando o réu em vítima.
É provável que Chaves tenha razão em muitas das acusações que faz. No entanto, a falta de provas, aliada aos exageros nas acusações; municiam os exploradores para transformá-lo de acusador em algoz. É a força bruta da revolta, contra a inteligência refinada a serviço dos poderosos. É como o caso da mulher traída, condenada por injúria, porque prevaleceu a versão do marido, alegando que fazia respiração boca a boca, contra a acusação de que beijava a amante.