terça-feira, 11 de março de 2008

REVOLUÇÃO

As FARC lutam, há anos, contra o governo da Colômbia.
O governo da Colômbia luta, há anos, contra as FARC.
Tanto o governo, quanto as FARC, apregoam que defendem e buscam o melhor para o povo.
Uma parte do povo concorda e apóia o governo. Outra, as FARC e, outra, é contra os dois.
Os partidários do governo querem o fim das FARC e a punição de seus membros. Os partidários das FARC querem que ela tome o poder, implante suas idéias e castigue os derrotados.
Se o país fosse dividido, proporcionalmente, entre esses três segmentos; e eles assumissem o compromisso de não agressão entre eles; é provável que, em pouco tempo, se verificasse conflitos internos, em cada segmento, objetivando tentar impor idéias divergentes.

O que justificaria a revolução, o uso da violência para derrubar idéias contrárias e implantar as defendidas?
É senso comum que o ambiente ideal para o confronto de idéias é o debate entre teses que defendem hipóteses, com o máximo de dados possível.


A maioria das pessoas gostaria de um regime que lhes garantisse os direitos e os livrasse dos deveres. Que lhes proporcionasse benefícios sem qualquer custo. Alguns sonham com isso, outros consideram possível e, o resto, considera isso um direito inalienável.


Enquanto os idealistas defendem e lutam pelo que lhes parece melhor para o povo, este continua só querendo mais, mesmo que isso resulte em menos.
Ah, como é difícil resumir análises!

O objetivo de todo indivíduo, na vida, é a felicidade, mesmo que ele não tenha consciência disso. Suas ações e, principalmente, o repúdio à infelicidade provam isso.
A fonte da felicidade é a satisfação de vontades, desejos ou qualquer outro nome que se dê a isso.

O indivíduo costuma dar muito mais importância à busca da satisfação do que à análise da vontade que a provoca, pra saber se é coerente e, principalmente, se a satisfação lhe causará bem ou mal.
Não é raro que o indivíduo se esforce para satisfazer uma vontade e, quando consegue, perceba o prejuízo e sofrimento como resultado. Isso deveria provocá-lo a questionar suas vontades, no entanto, ele continua buscando satisfação, obediente, como verdadeiro escravo da vontade, sem questioná-la.

Capitalismo, comunismo e religião, podem ser considerados os três eixos principais das disputas ideológicas. A cada um desses eixos se agregam um sem número de variantes e acessórios.
O capitalismo defende o mercado como meio regulador das disputas entre os indivíduos na busca de seus objetivos que, para ele, é o progresso propiciado pela conquista. O capitalismo defende o direito do indivíduo se destacar dos demais, conquistando tudo o que desejar e que sua capacidade permitir. O progresso individual é a meta e o egoísmo a força que propicia essa busca. Ele admite e, até, incentiva a associação entre indivíduos para conseguirem seus objetivos. É mais ou menos o: “Cada um por si e Deus por todos”
O comunismo defende a igualdade entre os indivíduos, condenando destaques e privilégios. Defende que privilégios são resultado da exploração de indivíduos, por outros, propiciando mais do que os primeiros precisam, gerando falta do essencial para os segundos. Para o comunismo, não é possível o bem estar individual, sem uma sociedade que possibilite isso. A construção de uma sociedade justa e fraterna é o objetivo e, a solidariedade, é a força que poderá viabilizá-lo. É o: “Um por todos, todos por um”
As religiões pregam a onipotência do criador e a devida sub-missão dos indivíduos a ele. Elas pregam a paz enquanto lutam, e até guerreiam, buscando supremacia. Defendem que a vida na terra objetiva e resulta, no pós morte. Dependendo da vida na terra, o indivíduo merecerá o céu ou inferno, após a morte; por exemplo. É comum que considerem o sofrimento na terra como grande vantagem para conseguir recompensa após a morte. É muito difícil encontrar lógica nas religiões, principalmente, pela força dos dogmas em que se baseiam.

Se o determinante pelas escolhas fosse a racionalidade lógica, seria possível o consenso. No entanto, outros valores se sobrepõe à racionalidade, como por exemplo: preconceitos, emoção e sentimentos. Isso impede que a racionalidade seja determinante e possibilita escolhas variadas sobre as regras para a convivência em sociedade.
Não sendo possível o consenso, a alternativa menos ruim é respeitar a vontade da maioria. Eleições periódicas possibilitam a continuidade dos debates e as mudanças que a maioria escolher.
O problema se estabelece quando a força impede a divulgação de algumas idéias e privilegia as que se opõe a elas. É o caso, quando, quem está no poder, usa-o para forçar a aceitação do que defende e não mede esforço para impedir a defesa e divulgação das idéias que os contrariam.
Outra maneira de impedir a discussão e divulgação de idéias é a violência física pela força das armas. É o caso das revoluções ideológicas.
A revolução ideológica pode ser motivada pela impossibilidade de seus idealistas divulgarem suas idéias, enquanto a situação usa e abusa de sofismas para submeter o povo a seus interesses, enganando-o na tentativa de conseguir seu apoio.
Outra motivação da luta armada é tentar impor idéias que não conseguem ser aceitas pelos argumentos que as defendem.
A experiência mostra com, evidências estrondosas, que o uso da força, sempre, degenera e propicia seu uso para interesses escusos, por mais justificáveis que tenham sido os motivos que a provocaram.

Nenhum comentário: