domingo, 4 de maio de 2008

DESAPEGO

DESAPEGO
No final da primeira parte do livro “A última lição”, Morrie fala a Micht sobre a necessidade do desapego. Diz que é necessário ir fundo na emoção, vivenciá-la intensamente pra, depois, desapegar-se dela. Mergulhar no amor, no medo, senti-los intensamente, conhecê-los profundamente e, depois desapegar-se.
Pra mim, desapego é desfrutar sem a necessidade de possuir. É admirar a beleza da flor, sentir-lhe o perfume, sem colhê-la, deixando-a onde está, numa praça, no nosso quintal, ou em qualquer terreno que não nos pertença. É sentir o prazer de navegar em um barco que não nos pertence. Passar um final de semana em um sítio ou casa de praia que não possuímos, mas que podemos usar. É amar uma criança, independente de que seja nossa filha. É amar uma mulher enquanto for possível, enquanto ela nos quiser, sem ter que aprisioná-la, sem obrigatoriedade, só enquanto ela nos quiser pelo prazer de estar conosco. É trabalhar e lutar por realizações, independente de conquistas materiais que possam resultar. É livrar-se de preconceitos, defender idéias e mudar de opinião quando a racionalidade indique essa necessidade. É saber que não existem verdades absolutas.
Desapego é perceber que a vida não nos pertence, que nos foi dada sem perguntar se a queríamos e que nos será tirada sem nosso consentimento.
Desapego é perceber a limitação da nossa capacidade, usando-a, sem pretender mais do que ela pode.
Se você é dos que valorizam muito mais o possuir do que o desfrutar; deve ser um sofredor. Que pena!

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