POBRE RIQUEZA
O cara reclamava da dificuldade pra se ganhar dinheiro e a facilidade com que, o conseguido, desaparecia.
Ele é da classe média, mora num apartamento bem montado e confortável, tem carro novo e não consta que não consiga pagar suas contas em dia.
Pensei na quantidade de vezes em que ouvi esse tipo de reclamação, feita pelos mais variados tipos de pessoas; desde muito pobres, até milionários.
Recordei o que venho constatando há anos: o problema não está na quantidade de dinheiro ganho e, sim, no desejo de consumir muito além do possível. Por mais dinheiro que a pessoa ganhe, será sempre insuficiente se a expectativa de consumo estiver além do possível.
Lembrei de um final de tarde de um sábado, quando dava carona a um amigo, cujo pai fora fazendeiro e fabricante de cordas de sisal na Paraíba. Ele me pediu pra passar em uma favela onde moravam conterrâneos seus, amigos de infância, cujas famílias sempre trabalharam para seu pai.
Esse pessoal ocupava uns cinco ou seis barracos na beira de um córrego e eram todos parentes. Todos trabalhavam na construção civil.
Parei o carro na entrada da viela que dava acesso aos barracos e, logo ao descer do carro, meu amigo foi avistado por um dos conhecidos, que parecia ter ganho o melhor presente do mundo, tal a alegria com que correu pra abraça-lo. Abraçava-o dando pulinhos, apertando-o, soltando e voltando a apertá-lo. Mais parecia uma criança que acabara de receber um presente muito sonhado e que não tinha mais esperança de ganhar.
O Paraíba afastou-o um pouco pra me apresentar e ele me cumprimentou, demonstrando que amigos de pessoa tão querida, mereciam toda consideração e deixou isso claro no aperto de mão e no balançar do braço.
Mandou um menino, que se aproximara, chamar alguém numa vendinha próxima. Gritou uns nomes na direção dos barracos, de onde começaram a sair pessoas que, como ele, corriam pra abraçar o Paraíba.
Fomos quase carregados pra um dos barracos onde mulheres e crianças nos cumprimentavam esbanjando respeito e carinho.
Alguém disse que era necessário comprar cervejas e uma mulher gritou que era preciso providenciar alguma coisa pra comer. Outra, sugeriu que lingüiça era mais fácil e rápido de preparar. Três homens logo saíram pra providenciar o que consideravam indispensável. Outro, chegou empunhando um litro de pinga, pedindo pra dona da casa providenciar copos, o que foi feito de imediato e, num instante, batíamos copos brindando aquele encontro.
Os três, que haviam saído pra providenciar a cerveja e a lingüiça, logo estavam de volta, acompanhados do homem que o primeiro mandara o menino chamar.
Enquanto a lingüiça fritava numa frigideira grande, a cerveja enchia uns copos, a pinga, outros, enquanto as pessoas iam se ajeitando em cadeiras, bancos, sentando no chão ou se encostando nas paredes. A alegria e as demonstrações de carinho não davam sinais de arrefecer.
Quando a agitação deu lugar à conversa, comecei a perceber o tipo de ligação que unia aquelas pessoas, gerando tamanha emoção.
Todos tinham nascido, vivido e trabalhado nas terras do pai do Paraíba, a quem consideravam poderoso e justo. Alguns deles tinham idades próximas a do Paraíba e tinham sido seus companheiros de brincadeiras de criança.
O pai do Paraíba tinha falido, vindo a morrer algum tempo depois, num acidente em que seu carro fora destroçado por um trem em uma passagem de nível. Havia a desconfiança de que fora suicídio. O fato é que a falência do velho provocara a demandada do pessoal que vivia nas suas terras e, boa parte deles, tinha vindo pra São Paulo e morava naquela favela.
Percebi que eles tratavam o Paraíba como se ele ainda fosse o herdeiro de um império, com verdadeiro carinho, mas com o respeito tradicional dos pobres pela oligarquia. Ainda o tratavam como o filho mais novo e mimado do patrão.
Notei que o Paraíba assumia seu papel naquela fantasia e se sentia o patrão poderoso que permite alguma intimidade a seus empregados. Era como uma festa em que os súditos se rejubilam em compartilhar da intimidade do rei. O Paraíba, que já era bastante grande, parecia ter dobrado de tamanho em meio àqueles adoradores, assumindo a grandeza de seu papel e gozando os prazeres de tanta dedicação.
Era estranho ver aquilo, sabendo que o Paraíba vivia numa merda de dar dó. Trabalhava como auxiliar em um escritório, onde mal ganhava pra sobreviver e só desfrutava de algum consumismo porque a namorada, que tinha um bom salário, lhe propiciava. Mesmo assim, ele teimava em fingir que ocupava o pedestal que há muito deixara de existir. Ali, naquele ambiente, ele podia dar vazão à sua fantasia, recebendo a devoção que acreditava merecer.
Poucas vezes, na vida, pude testemunhar tanta felicidade e alegria. Tudo acontecia entre goles de cerveja, talagadas de pinga e nacos de lingüiça frita apanhados com os dedos, que eram chupados pra tirar-lhes a gordura. O cenário era composto por telhado de telhas de cimento amianto, paredes de tijolo, caiadas, sem revestimento, e piso cimentado. Os trajes eram: bermudas, calções, chinelos e camisetas. Tudo isso tinha muito pouca importância quando comparado com a felicidade que dominava o ambiente.
Isso aconteceu há uns vinte anos e nunca mais vi aquelas pessoas. Algum tempo depois, o Paraíba também sumiu e não tive mais notícias dele; no entanto, aquele episódio continua fresco em minha memória, como uma das coisas mais importantes de que participei.
Lembro que, quando a cerveja e a lingüiça chegavam ao fim, eles decidiram ir buscar mais. Fizeram uma vaquinha entre eles, pra pagar o que já havíamos consumido e o que iriam buscar, e recusaram veementemente que o Paraíba e eu contribuíssemos. Lembro que, pelo rateio, o valor correspondente a cada um era menor do que o preço de um almoço comercial. Se o valor não era tão insignificante pra eles, era infinitamente barato quando comparado à felicidade propiciada.
Olhei pro passado em busca de coisas caras que tivessem me proporcionado felicidade. Encontrei o momento em que terminei de pagar a casa que comprara, quando da compra dos carros que adquiri; de quando comprei uma filmadora... é, essas coisas me custaram um bom dinheiro, em relação ao que ganhava.
Se não encontrei muitas coisas que me custaram bastante dinheiro, sobraram lembranças de momentos felizes que, ou custaram muito pouco, ou dinheiro nenhum. Churrascos em casa, na de amigos, sítios e chácaras; bate papos em balcões ou mesas de bar, com amigos; salgadinhos velhos, frios e ressecados, depois de longo período sem nada pra comer.
Nenhum peixe que eu tenha comido em restaurantes de luxo foi tão saboroso quanto as postas fritas em uma frigideira encardida, sobre fogo de lenha, na barranca do rio Grande, onde o peixe acabara de ser pescado e onde eu esperava a balsa pra atravessá-lo. Aquele peixe cortado a facão, lavado nas águas do rio e frito sem a menor preocupação com higiene, foi mais saboroso que o manjar dos deuses. Quando a balsa chegou, o ribeirinho que preparara o peixe, colocou o resto em uma travessa velha, embarcou na balsa e fomos comendo até o outro lado do rio, bebericando pinga em uma caneca feita de uma lata de óleo.
De outra feita, viajando pelo pantanal, por uma estrada de terra, sob um sol escaldante, depois de muitas horas, cheguei ao rio Paraguai, onde precisaria esperar a balsa. Numa barraca à margem da estrada, na beira do rio; postas fritas de pacu, com a carne dourada coberta pela pele pururucada, enchiam a boca de água. Não bastasse aquela visão maravilhosa, o barraqueiro anunciou que tinha cerveja bem gelada, graças a um gerador que permitia o funcionamento de um freezer. Lavar a boca e a garganta com aquela cerveja gelada e degustar aquele peixe fresco, recém saído da frigideira, foi um prazer indescritível.
O prazer de ser solidário, de desfrutar o carinho dos amigos, de lutar por ideais; dispensam pagamento em dinheiro e propiciam muita felicidade. E o amor? Ser amado pela pessoa amada e desfrutar esse amor é impagável!
Alegar que o dinheiro é um mal, que só causa problemas e gera infelicidade é uma burrice imensa. Ele, simplesmente, não passa de um meio para recebermos o que nos é devido e pagarmos o que adquirimos, desvinculando uma coisa da outra. O problema está em considerá-lo capaz de comprar tudo, principalmente, felicidade.
O problema não é o dinheiro e, sim, o consumismo. Este, não só é incapaz de propiciar felicidade, como a dificulta e, até, impede. Aparentar riqueza atrai ladrões e seqüestradores, que causam medo, que impede a liberdade de ir e vir. O dinheiro nos faz desconfiar que o carinho recebido se deva a ele e não a nós. Além disso, o medo ocupa nossa mente, roubando lugar às emoções agradáveis.
O consumismo leva a equipar a casa para propiciar segurança, conforto e, até, luxo. O medo de sair, associado ao conforto caseiro, levam as pessoas a trocar a emoção propiciada pela convivência, pela emoção virtual, eletrônica, contentando-se com imagens e sons, desprezando o calor do contato humano.
A limusine para na frente da igreja tradicional, decorada com sofisticação exclusiva, onde o noivo, suando impaciente, sofre com o pensamento de que algum problema possa impedir a noiva de chegar.
A noiva, que passou horas sendo maquiada, penteada e vestida, teme não estar tão bonita quanto gostaria, que seu visual possa receber críticas ao invés de elogios, que alguma coisa possa sair errada, em fim, são tantas preocupações, que a emoção de estar realizando o sonho de se unir ao homem amado, de concretizar a fantasia de uma cerimônia memorável, fica muito aquém da possível e, não raro, desaparece.
A marcha para o altar é tensa, a incerteza sobre o tamanho e velocidade dos passos, se o buquê deve ficar mais pra esquerda, direita, pra baixo ou pra cima. Não consegue ver os olhares de admiração porque procura expressões de crítica.
Na festa é difícil encontrar sinceridade nos cumprimentos de pessoas preocupadas em não cometer gafes. Os trajes dificultam a liberdade de movimentos, o barulho dificulta conversas e a maioria sai de lá sentindo alívio.
A única coisa indiscutivelmente grandiosa naquela cerimônia foi o preço. Igreja, decoração, músicos, limusine, roupas, salão, bufet, cabeleireiro, maquiador, etc. O custo daquela cerimônia seria suficiente pra pagar muitos meses, talvez anos, de despesas do casal.
Num outro casamento, realizado na igreja do bairro, pouca gente prestou atenção no vestido da noiva, na maquiagem ou no penteado. O que saltou aos olhos de todos, foi o brilho no seu olhar, a emoção que transbordava de todo seu ser, o olhar carinhoso que dirigia aos presentes agradecendo sua presença para testemunhar a realização do maior sonho de sua vida. A emoção do noivo ao recebê-la no pé do altar e, a dos dois, durante a cerimônia que oficializava o maior desejo de suas vidas, provocou os cumprimentos mais efusivos, os mais sinceros desejos de que aquela felicidade se prolongasse por toda a vida, extrapolando as palavras, expressos por lágrimas, beijos calorosos e abraços apertados.
A festa, no salão comunitário do bairro, testemunhou a alegria e felicidade propiciadas pela emoção, dispensando luxos e confortos que, na maioria das vezes, só servem para delapidar-lhe o valor.
Churrasquinho de carne, lingüiça e asinhas de frango, arroz, farofa, salada, maionese com batatas, ovos e legumes cozidos; tudo isso regado a cerveja e refrigerantes. Dança ao som de música que não impedia as conversas e, principalmente, a emoção propiciada pela felicidade dos noivos, pela troca de carinho entre amigos e pelo desejo despertado nos namorados de se tornarem protagonistas de uma cerimônia como aquela.
O muito dinheiro gasto na primeira cerimônia, não garantiu a felicidade, assim como, o pouco gasto na segunda, não a impediu.
Felicidade é alegria, resultante de satisfação de desejos. O dinheiro pode facilitá-la, no entanto, nunca poderá ser fonte geradora e, sua falta, não conseguirá impedi-la de acontecer.
A tentativa de conseguir riqueza não deve impedir o desfrute da felicidade possível, que exige pouco, ou nenhum dinheiro.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
terça-feira, 29 de julho de 2008
ME ACORDA!
ME ACORDA!
Cara! Há muito não tinha um pesadelo tão horrível e assustador.
Fui me encontrar com amigos que há muito não via e que resolveram promover uma reunião pra relembrar os bons tempos, no sítio de um deles.
Ao chegar, fui cumprimentar os que já haviam chegado, extravasando a saudade há muito reprimida. Era uma felicidade muito grande abraçar e beijar amigos que não via há muito tempo.
Logo estranhei o fato de ninguém, ainda, ter me oferecido um copo com caipirinha ou uma latinha de cerveja. Notei que ninguém estava bebendo.
Gritei que estava com sede e, de imediato, uma das amigas se apressou a me trazer um copo cheio.
Chá! Chááááááááááááá! Era chá!
O que tinha acontecido com aquele povo?
Costumávamos nos reunir algumas vezes por ano, começando no final do dia da sexta-feira, pra só ir embora no final do domingo. Pinga, caipirinha, batidas, wisk, conhaque e muita cerveja. Churrasco com muita gordura, torresmo, patês e muito cigarro. Conversa fiada, gozações, cantoria, dança, bebedeira e ressaca curada com mais bebida. Duas ou três horas de sono entre um dia e outro, eram mais que suficientes pra recomeçar.
Agora, estavam tomando chá!
“É claro! Como sou burro!” Os safados tinham me aprontado aquela. EraM suficientemente safados pra isso. Tinham armado aquele circo pra me fazer de besta. Tinham escondido as bebidas e comidas, só pra tirar um sarro com minha cara.
Ao invés de reclamar, fiz de conta que estava tudo bem. Saí andando naturalmente e fui até a casa, onde as coisas estariam escondidas. Bestas eram eles, imaginando que me fariam de idiota, pra me gozar até o fim da festa.
Cheguei ao galpão, ao lado da piscina, onde a churrasqueira estava apagada. Sobre a grande mesa de madeira, pratos e travessas cheias de saladas, legumes, frutas, jarras com sucos e chás gelados.
Abri a geladeira que estava cheia de frutas, sucos e mais jarras de chás.
Eles eram suficientemente filhos da puta pra armar aquele circo todo. Ter se dado a todo aquele trabalho só pra tirar sarro dos que chegassem depois. Já tínhamos feito encenações bem mais trabalhosas, só pra gozar com a cara de alguém, o que motivava muitas gozações durante todo o fim de semana.
Examinei os banheiros do galpão e, nada. Fui até a casa, examinei a cozinha, onde a mulher do caseiro, que cozinhava legumes, me ofereceu suco ou chá, além de milho cozido. Agradeci e dispensei, indo até a sala, onde não encontrei nenhum isopor onde pudessem ter escondido as cervejas. O freezer na dispensa estava cheio de polpa de frutas.
Desde que recebera o convite, passara os dias imaginando minha chegada ali, o pessoal correndo pra me abraçar, gritando abobrinhas, me passando a mão na bunda, me oferecendo um copo com caipirinha, uma latinha de cerveja e um pedaço de carne gorda. Aquela confusão de vozes querendo saber das novidades e contando o que tinha acontecido. Em fim, a zueira de costume.
Chá, sucos, verduras, legumes; que porra era aquela? Cadê a bebida, o churrasco, a porra-louquice, a descontração?
Voltei pra junto do pessoal, que conversava educadamente, sem levantar a voz, sem falar palavrões, com as roupas alinhadas e combinando, com os cabelos penteados, sem cheiro de suor ou chulé.
Um deles, o mais gozador da turma, se aproximou de mim e disse:
- Por que você não larga essa porcaria?
- A tua mulher? Não largo de jeito nenhum!
Ele deu um sorrizinho, me acariciou um braço e disse delicadamente: -Estou falando do cigarro. Essa porcaria vai acabar te matando.
Mandei ele ir tomar no cu, dei-lhe um tapa na nuca e fui me juntar aos outros.
Aquilo mais parecia uma reunião de executivos de uma multi-nacional. Defendiam a lei seca, condenando com veemência o que cansamos de fazer durante anos: dirigir depois de beber. Éramos muitos e, nenhum, nunca se envolveu em qualquer acidente por causa de bebida.
Na conversa sobravam críticas à gordura, carne vermelha, pimenta, condimentos e outras gostosuras. Eram causa de colesterol, doenças cardíacas, câncer, entre um monte de outras doenças que descreviam com detalhes. No entanto, o maior vilão era o cigarro, que condenavam com veemência. Só faltaram acusarem-no de causador de terremotos, maremotos e outros acidentes naturais.
Eu sentia um desassossego enorme olhando praquele monte de velhos amigos, totalmente desconhecidos. Pra onde foram os primeiros? De onde vieram os outros?
Senti a cabeça confusa, girando e virando cambalhotas. Me afastei pra fumar um cigarro e tentar entender o que estava acontecendo.
Estava a beira do lago, junto a uma moita de bambus, fumando, quando senti que alguém se aproximava. Era uma mulher muito bonita, que eu não conhecia.
Não sei como, mas o fato é que nos abraçávamos, beijávamos e as mãos percorriam nossos corpos, apalpando cada poro, sentindo cada umidade, gerando enorme calor. Quando eu sentia a firmeza e abundância de sua bunda em minhas mãos, ela afastou sua boca da minha e me pediu pra por a camisinha.
Larguei sua bunda, guardei o pinto, que acabara de amolecer, e saí andando. Ela gritava que só estava querendo nos proteger, mas eu continuei andando, na certeza que ela tinha acabado de assassinar o tesão.
Um macaco gritava, pendurado em uma árvore: “Esses porras deixaram de viver pra proteger a vida.”
Acordei assustado e quase caindo da cama. Parecia que tinha acabado de sair do holocausto.
Cara! Há muito não tinha um pesadelo tão horrível e assustador.
Fui me encontrar com amigos que há muito não via e que resolveram promover uma reunião pra relembrar os bons tempos, no sítio de um deles.
Ao chegar, fui cumprimentar os que já haviam chegado, extravasando a saudade há muito reprimida. Era uma felicidade muito grande abraçar e beijar amigos que não via há muito tempo.
Logo estranhei o fato de ninguém, ainda, ter me oferecido um copo com caipirinha ou uma latinha de cerveja. Notei que ninguém estava bebendo.
Gritei que estava com sede e, de imediato, uma das amigas se apressou a me trazer um copo cheio.
Chá! Chááááááááááááá! Era chá!
O que tinha acontecido com aquele povo?
Costumávamos nos reunir algumas vezes por ano, começando no final do dia da sexta-feira, pra só ir embora no final do domingo. Pinga, caipirinha, batidas, wisk, conhaque e muita cerveja. Churrasco com muita gordura, torresmo, patês e muito cigarro. Conversa fiada, gozações, cantoria, dança, bebedeira e ressaca curada com mais bebida. Duas ou três horas de sono entre um dia e outro, eram mais que suficientes pra recomeçar.
Agora, estavam tomando chá!
“É claro! Como sou burro!” Os safados tinham me aprontado aquela. EraM suficientemente safados pra isso. Tinham armado aquele circo pra me fazer de besta. Tinham escondido as bebidas e comidas, só pra tirar um sarro com minha cara.
Ao invés de reclamar, fiz de conta que estava tudo bem. Saí andando naturalmente e fui até a casa, onde as coisas estariam escondidas. Bestas eram eles, imaginando que me fariam de idiota, pra me gozar até o fim da festa.
Cheguei ao galpão, ao lado da piscina, onde a churrasqueira estava apagada. Sobre a grande mesa de madeira, pratos e travessas cheias de saladas, legumes, frutas, jarras com sucos e chás gelados.
Abri a geladeira que estava cheia de frutas, sucos e mais jarras de chás.
Eles eram suficientemente filhos da puta pra armar aquele circo todo. Ter se dado a todo aquele trabalho só pra tirar sarro dos que chegassem depois. Já tínhamos feito encenações bem mais trabalhosas, só pra gozar com a cara de alguém, o que motivava muitas gozações durante todo o fim de semana.
Examinei os banheiros do galpão e, nada. Fui até a casa, examinei a cozinha, onde a mulher do caseiro, que cozinhava legumes, me ofereceu suco ou chá, além de milho cozido. Agradeci e dispensei, indo até a sala, onde não encontrei nenhum isopor onde pudessem ter escondido as cervejas. O freezer na dispensa estava cheio de polpa de frutas.
Desde que recebera o convite, passara os dias imaginando minha chegada ali, o pessoal correndo pra me abraçar, gritando abobrinhas, me passando a mão na bunda, me oferecendo um copo com caipirinha, uma latinha de cerveja e um pedaço de carne gorda. Aquela confusão de vozes querendo saber das novidades e contando o que tinha acontecido. Em fim, a zueira de costume.
Chá, sucos, verduras, legumes; que porra era aquela? Cadê a bebida, o churrasco, a porra-louquice, a descontração?
Voltei pra junto do pessoal, que conversava educadamente, sem levantar a voz, sem falar palavrões, com as roupas alinhadas e combinando, com os cabelos penteados, sem cheiro de suor ou chulé.
Um deles, o mais gozador da turma, se aproximou de mim e disse:
- Por que você não larga essa porcaria?
- A tua mulher? Não largo de jeito nenhum!
Ele deu um sorrizinho, me acariciou um braço e disse delicadamente: -Estou falando do cigarro. Essa porcaria vai acabar te matando.
Mandei ele ir tomar no cu, dei-lhe um tapa na nuca e fui me juntar aos outros.
Aquilo mais parecia uma reunião de executivos de uma multi-nacional. Defendiam a lei seca, condenando com veemência o que cansamos de fazer durante anos: dirigir depois de beber. Éramos muitos e, nenhum, nunca se envolveu em qualquer acidente por causa de bebida.
Na conversa sobravam críticas à gordura, carne vermelha, pimenta, condimentos e outras gostosuras. Eram causa de colesterol, doenças cardíacas, câncer, entre um monte de outras doenças que descreviam com detalhes. No entanto, o maior vilão era o cigarro, que condenavam com veemência. Só faltaram acusarem-no de causador de terremotos, maremotos e outros acidentes naturais.
Eu sentia um desassossego enorme olhando praquele monte de velhos amigos, totalmente desconhecidos. Pra onde foram os primeiros? De onde vieram os outros?
Senti a cabeça confusa, girando e virando cambalhotas. Me afastei pra fumar um cigarro e tentar entender o que estava acontecendo.
Estava a beira do lago, junto a uma moita de bambus, fumando, quando senti que alguém se aproximava. Era uma mulher muito bonita, que eu não conhecia.
Não sei como, mas o fato é que nos abraçávamos, beijávamos e as mãos percorriam nossos corpos, apalpando cada poro, sentindo cada umidade, gerando enorme calor. Quando eu sentia a firmeza e abundância de sua bunda em minhas mãos, ela afastou sua boca da minha e me pediu pra por a camisinha.
Larguei sua bunda, guardei o pinto, que acabara de amolecer, e saí andando. Ela gritava que só estava querendo nos proteger, mas eu continuei andando, na certeza que ela tinha acabado de assassinar o tesão.
Um macaco gritava, pendurado em uma árvore: “Esses porras deixaram de viver pra proteger a vida.”
Acordei assustado e quase caindo da cama. Parecia que tinha acabado de sair do holocausto.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
DESCONJUNTADO
Numa noite enluarada
A lua não tava lá
O céu estava estrelado
Sem estrelas a brilhar
A dor doía sem dor
O caminhar não andava
O galo cantou silêncio
O barulho emudeceu
Só o silêncio gritava
Pros ouvidos não ouvir
Água parou na cascata
Teimando em não cair
Eu também lá não estava
Embora estivesse ali.
A lua não tava lá
O céu estava estrelado
Sem estrelas a brilhar
A dor doía sem dor
O caminhar não andava
O galo cantou silêncio
O barulho emudeceu
Só o silêncio gritava
Pros ouvidos não ouvir
Água parou na cascata
Teimando em não cair
Eu também lá não estava
Embora estivesse ali.
terça-feira, 8 de julho de 2008
SABENDO NÃO SABER
SABENDO NÃO SABER
Cada vez mais, me sinto um ator interpretando e dirigindo um personagem que me impingiram, que não pude escolher, nem ao menos estabelecer o roteiro.
Sempre fui um inconformado, questionando, refletindo e agindo na tentativa de mudar coisas e gente. Os fracassos e frustrações não me desanimavam e continuava dando murros em ponta de faca, mudando de estratégia, insistindo, inconformado.
Acreditava que a ignorância era a grande culpada pelas incoerências e desatinos dos indivíduos. Acusava os exploradores como grandes sonegadores de educação e informação, o que lhes facilitava submeter os ignorantes, facilitando sua exploração.
Considerava que as pessoas eram vítimas de um sistema e que, se tivessem uma oportunidade de acessar conhecimento, poderiam mudar e, ao invés de causar tantos problemas, ajudar a soluciona-los.
Embora os considerasse vítimas, deplorava os vagabundos, alcoólatras, dependentes de drogas, marginais, mentirosos crônicos, fofoqueiros, relapsos, em fim, todos os que, ao invés de contribuir para a harmonia, provocavam problemas, visando benefícios pessoais sem se importar com os prejuízos causados.
Considerava e, isso, continuo considerando, que o egoísmo e a prepotência eram os grandes males da sociedade, verdadeiros cânceres. O egoísmo faz com que o indivíduo só se preocupe consigo mesmo, pretenda tudo pra si, sem a menor preocupação com os outros. Ele não dá a menor importância ao fato de que, um pequeno benefício seu, possa causar grande prejuízo a outros. Ele só se importa com seus benefícios, não dando a menor importância a direitos alheios ou a prejuízos que possa causar.
A prepotência impede o indivíduo de reconhecer o que não sabe, acreditando saber o necessário. Acreditando saber, não considera necessário aprender, o que o condena à ignorância. Acreditando saber o que não sabe, julga por parâmetros errados ou distorcidos, gerando prejuízos e sofrimento, acreditando estar fazendo o melhor. A prepotência provoca que, alguém bem intencionado, cometa verdadeiros absurdos por pura ignorância; acreditando estar fazendo o bem quando está causando terríveis males.
Gastei quase meio século captando dados, analisando, refletindo, criticando, discutindo, mudando, concluindo, reconsiderando conclusões. Foram tantas experiências, observações e reflexões; tantas constatações de falsidade; de erros considerados, por muito tempo, como acertos; de verdades mentirosas; que perdi a segurança pra julgar. Para julgar, é necessário ter parâmetros e os meus se embaralharam, contradizendo-se. Em fim, o certo poderia estar errado; o errado, estar certo; dependendo do enfoque, dos parâmetros usados, Como julgar se algo, tanto poderia estar certo como errado?
Considerando o preceito jurídico em que a dúvida deve favorecer o réu; não posso mais condenar ninguém, nem nada!
Veja-se o caso da doença que me acometeu. Eu não a pedi, nem a escolhi. Devo condenar, maldizer, o que ou quem a provocou? Se não sei o que ou quem a causou, menos ainda sei sobre seus motivos. Sem conhecer o culpado, nem os motivos; que julgamento posso fazer?
Pelos meus parâmetros, acho injusto o ter sido desativado, inutilizado, mesmo antes da doença. Considero que tinha muito para oferecer, capacidade pra fazer várias coisas; no entanto, não faço a menor idéia sobre os porquês de me terem desativado. Os motivos pra isso podem ser muito mais significativos do que o que eu poderia realizar. Como julgar conhecendo só um lado da história?
A lógica me revela que, se a intenção fosse só me desativar, bastaria me matar. Me desativar primeiro, provocar a doença depois e me fazer passar pelo que ela provoca; deve ter algum motivo. O fato de não conhecê-lo não implica em que não exista.
“Bater com um mão e acariciar com a outra” é o que o responsável por isso, fez. Me desativou, provocou a doença degenerativa pra, só depois, permitir a morte. Por outro lado, me livrou de dores, que costumam acometer os pacientes de doenças fatais. Mais ainda, me livrou do inconformismo que sempre me acompanhou e me possibilitou serenidade e tranqüilidade, para aceitar o que tem me afetado. Chego a imaginar que essa serenidade aumente à medida que o fim vá se aproximando, que eu seja dominado por grande moleza e com muito sono, até que não desperte mais.
É pedir demais? Talvez. Mas essa mão que acaricia bem pode propiciar isso.
Que motivos estariam por trás desse processo?
É possível especular inúmeras possibilidades, no entanto, parece impossível ter alguma segurança pra identificar a real.
Nós só conhecemos a parte sensível e racional da vida e, não conseguindo admitir que possamos ser influenciados por algo sobre o que não temos a menor idéia; nos leva a considerar que tudo depende do que conhecemos e nos esforçamos para justificar tudo só com essa parte conhecida, desconsiderando o mistério. Desde o mais ignorante, até o acadêmico mais ilustrado, conhecem evidências do desconhecido. É bastante popular o conhecimento de que a união de um óvulo com um espermatozóide produzem um ser vivo. No entanto, conhecer o que determinou que isso fosse assim, não há cientista que possa explicar.
Portanto, é irracional imaginarmos que sabemos tudo, mesmo reunindo todo o conhecimento humano. Acreditar nisso é confessar demência, no mais alto grau possível.
A experiência me fez compreender que é preciso aprender muito para compreender que não sabemos. Por mais que nos custe, é possível quantificar o que sabemos. Alguém se atreve a quantificar o que não sabemos?
Se desconhecemos tanto, o que nos credencia a julgar com segurança, considerando que, dados importantes, podem estar escondidos?
A vida nos obriga a julgar, constantemente, e não é razoável eximirmo-nos disso. Mas, daí, a acreditar-se o dono da verdade, infalível; é exagerar pra lá da conta!
O julgamento humano é sempre temporal e temporário, sem verdades absolutas. Muito do que foi verdade ontem, é falso hoje; portanto, a probabilidade do que é certo hoje, ser errado amanhã, é enorme.
Essa consciência não deve nos impedir de julgar, mas considerar que o julgamento não é absoluto, muito menos, definitivo.
É.... É preciso aprender muito pra descobrir quão pouco sabemos!
Cada vez mais, me sinto um ator interpretando e dirigindo um personagem que me impingiram, que não pude escolher, nem ao menos estabelecer o roteiro.
Sempre fui um inconformado, questionando, refletindo e agindo na tentativa de mudar coisas e gente. Os fracassos e frustrações não me desanimavam e continuava dando murros em ponta de faca, mudando de estratégia, insistindo, inconformado.
Acreditava que a ignorância era a grande culpada pelas incoerências e desatinos dos indivíduos. Acusava os exploradores como grandes sonegadores de educação e informação, o que lhes facilitava submeter os ignorantes, facilitando sua exploração.
Considerava que as pessoas eram vítimas de um sistema e que, se tivessem uma oportunidade de acessar conhecimento, poderiam mudar e, ao invés de causar tantos problemas, ajudar a soluciona-los.
Embora os considerasse vítimas, deplorava os vagabundos, alcoólatras, dependentes de drogas, marginais, mentirosos crônicos, fofoqueiros, relapsos, em fim, todos os que, ao invés de contribuir para a harmonia, provocavam problemas, visando benefícios pessoais sem se importar com os prejuízos causados.
Considerava e, isso, continuo considerando, que o egoísmo e a prepotência eram os grandes males da sociedade, verdadeiros cânceres. O egoísmo faz com que o indivíduo só se preocupe consigo mesmo, pretenda tudo pra si, sem a menor preocupação com os outros. Ele não dá a menor importância ao fato de que, um pequeno benefício seu, possa causar grande prejuízo a outros. Ele só se importa com seus benefícios, não dando a menor importância a direitos alheios ou a prejuízos que possa causar.
A prepotência impede o indivíduo de reconhecer o que não sabe, acreditando saber o necessário. Acreditando saber, não considera necessário aprender, o que o condena à ignorância. Acreditando saber o que não sabe, julga por parâmetros errados ou distorcidos, gerando prejuízos e sofrimento, acreditando estar fazendo o melhor. A prepotência provoca que, alguém bem intencionado, cometa verdadeiros absurdos por pura ignorância; acreditando estar fazendo o bem quando está causando terríveis males.
Gastei quase meio século captando dados, analisando, refletindo, criticando, discutindo, mudando, concluindo, reconsiderando conclusões. Foram tantas experiências, observações e reflexões; tantas constatações de falsidade; de erros considerados, por muito tempo, como acertos; de verdades mentirosas; que perdi a segurança pra julgar. Para julgar, é necessário ter parâmetros e os meus se embaralharam, contradizendo-se. Em fim, o certo poderia estar errado; o errado, estar certo; dependendo do enfoque, dos parâmetros usados, Como julgar se algo, tanto poderia estar certo como errado?
Considerando o preceito jurídico em que a dúvida deve favorecer o réu; não posso mais condenar ninguém, nem nada!
Veja-se o caso da doença que me acometeu. Eu não a pedi, nem a escolhi. Devo condenar, maldizer, o que ou quem a provocou? Se não sei o que ou quem a causou, menos ainda sei sobre seus motivos. Sem conhecer o culpado, nem os motivos; que julgamento posso fazer?
Pelos meus parâmetros, acho injusto o ter sido desativado, inutilizado, mesmo antes da doença. Considero que tinha muito para oferecer, capacidade pra fazer várias coisas; no entanto, não faço a menor idéia sobre os porquês de me terem desativado. Os motivos pra isso podem ser muito mais significativos do que o que eu poderia realizar. Como julgar conhecendo só um lado da história?
A lógica me revela que, se a intenção fosse só me desativar, bastaria me matar. Me desativar primeiro, provocar a doença depois e me fazer passar pelo que ela provoca; deve ter algum motivo. O fato de não conhecê-lo não implica em que não exista.
“Bater com um mão e acariciar com a outra” é o que o responsável por isso, fez. Me desativou, provocou a doença degenerativa pra, só depois, permitir a morte. Por outro lado, me livrou de dores, que costumam acometer os pacientes de doenças fatais. Mais ainda, me livrou do inconformismo que sempre me acompanhou e me possibilitou serenidade e tranqüilidade, para aceitar o que tem me afetado. Chego a imaginar que essa serenidade aumente à medida que o fim vá se aproximando, que eu seja dominado por grande moleza e com muito sono, até que não desperte mais.
É pedir demais? Talvez. Mas essa mão que acaricia bem pode propiciar isso.
Que motivos estariam por trás desse processo?
É possível especular inúmeras possibilidades, no entanto, parece impossível ter alguma segurança pra identificar a real.
Nós só conhecemos a parte sensível e racional da vida e, não conseguindo admitir que possamos ser influenciados por algo sobre o que não temos a menor idéia; nos leva a considerar que tudo depende do que conhecemos e nos esforçamos para justificar tudo só com essa parte conhecida, desconsiderando o mistério. Desde o mais ignorante, até o acadêmico mais ilustrado, conhecem evidências do desconhecido. É bastante popular o conhecimento de que a união de um óvulo com um espermatozóide produzem um ser vivo. No entanto, conhecer o que determinou que isso fosse assim, não há cientista que possa explicar.
Portanto, é irracional imaginarmos que sabemos tudo, mesmo reunindo todo o conhecimento humano. Acreditar nisso é confessar demência, no mais alto grau possível.
A experiência me fez compreender que é preciso aprender muito para compreender que não sabemos. Por mais que nos custe, é possível quantificar o que sabemos. Alguém se atreve a quantificar o que não sabemos?
Se desconhecemos tanto, o que nos credencia a julgar com segurança, considerando que, dados importantes, podem estar escondidos?
A vida nos obriga a julgar, constantemente, e não é razoável eximirmo-nos disso. Mas, daí, a acreditar-se o dono da verdade, infalível; é exagerar pra lá da conta!
O julgamento humano é sempre temporal e temporário, sem verdades absolutas. Muito do que foi verdade ontem, é falso hoje; portanto, a probabilidade do que é certo hoje, ser errado amanhã, é enorme.
Essa consciência não deve nos impedir de julgar, mas considerar que o julgamento não é absoluto, muito menos, definitivo.
É.... É preciso aprender muito pra descobrir quão pouco sabemos!
segunda-feira, 30 de junho de 2008
ADMIRAVELMENTE ESPETACULAR!
Cara! Você já prestou atenção no que a medicina tem feito?
Vacinas contra vírus de várias doenças, protegendo pessoas, evitando sofrimento e morte.
Re-implante de membros ou parte deles, afetados por esmagamentos, cortes ou outros traumas.
Muitos tipos de câncer já são mais causa de susto do que de morte e são curados com relativa facilidade.
A poliomielite, que vitimou tantas crianças, gerando deformidades que acompanharam adultos por toda a vida; já faz parte da história e está sob controle.
Tuberculose e gripes já não são grandes encaminhadoras de clientes para os cemitérios.
E os transplantes, então! Trocam-se órgãos de um indivíduo pra outro como já se trocavam partes de um carro pra outro. Trocam corações como se fossem motores; rins como se fossem câmbios, córneas como se trocavam as lentes de um farol quebrado. Quem poderia acreditar em um desmanche de defuntos pra recuperar indivíduos doentes?
A engenharia se associou à medicina e uma porção de tipos de próteses propiciam que indivíduos nem se lembrem direito de que usam partes artificiais do corpo. São peças que desobstruem artérias e as mantém abertas, marca-passos para o coração, junções metálicas para ossos, membros artificiais que chegam a funcionar melhor que os originais. A artificialidade não se limitou às necessidades vitais ou de movimento; chegou à estética, aumentando bundas e peitos com silicone; diminuindo barrigas, bundas, peitos e excessos de outras regiões com lipo-aspirações e outros artifícios. Peles esticadas, cabelos implantados, desenhos mudados; em fim, parece não haver limite para as possibilidades.
Eles não se limitaram a trabalhar com indivíduos vivos ou mortos; passaram a interferir na própria criação da vida; fazendo fertilização in-vitro, desenvolvimento de fetos em úteros emprestados, curando impotência, frigidez e infertilidade.
Chegou a hora de manipular células capazes de assumir características de outras, doentes, substituindo-as e corrigindo os problemas que aquelas criavam.
Tudo indicava que o homem estava superando seu próprio criador,
O progresso era tão espetacular que camuflou uma evidência fundamental: o corpo humano é só uma parte do indivíduo e, para que ele funcione, é necessário algo invisível até aos equipamentos mais sofisticados e imcompreensível até às mentes mais privilegiadas. Se essa coisa não quiser, não há capacidade humana capaz de contradizê-la. Não há o que possa evitar a morte, por mais adiada que seja pela capacidade humana.
Enquanto a medicina realiza feitos extraordinários, espetaculares, até; não consegue controlar gripe, dengue, malária e outras doenças que, não sendo consideradas graves, costumam propiciar, a alguns indivíduos, livrar-se dos problemas terrenos antes do que esperavam.
Está claro que todo o conhecimento e tecnologia disponíveis são incapazes de controlar microscópicos seres, e interferir em sistemas que a ciência alega conhecer com detalhes.
É incrível a quantidade de teorias, detalhamento e minúcias de detalhes que elas apresentam a respeito do corpo humano, sistemas e órgãos. No entanto, doenças degenerativas como: Alzimer, esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica; seguem acometendo indivíduos, a quem a ciência não tem como ajudar, assistindo seu definhamento sem poder interromper o processo fatal, nem os estragos que ele ocasiona.
Se considerarmos que a natureza foi criada milhões de anos antes do homem, sequer, pensar em ciência; é compreensível que ela saiba tão pouco, mesmo propiciando o espetáculo que encanta e nos faz acreditar que é extremamente poderosa.
Admiravelmente espetacular é a capacidade de quem, ou do que, criou a natureza que, de sobra, conseguiu encerrar em mistério as possibilidades dos seres humanos conhecê-la e interferir nela, além do que lhes é permitido.
Pois é cara! Ainda bem que o ser humano não tem capacidade pra submeter a natureza à sua vontade. Sem pensar no resto, já pensou se não morresse mais ninguém, continuasse nascendo gente e os problemas acabassem?
Que graça teria a vida?
Se tendo o ruim como referência as pessoas já não valorizam suficientemente o bom, imagine que valor este teria sem a existência daquele!
Vacinas contra vírus de várias doenças, protegendo pessoas, evitando sofrimento e morte.
Re-implante de membros ou parte deles, afetados por esmagamentos, cortes ou outros traumas.
Muitos tipos de câncer já são mais causa de susto do que de morte e são curados com relativa facilidade.
A poliomielite, que vitimou tantas crianças, gerando deformidades que acompanharam adultos por toda a vida; já faz parte da história e está sob controle.
Tuberculose e gripes já não são grandes encaminhadoras de clientes para os cemitérios.
E os transplantes, então! Trocam-se órgãos de um indivíduo pra outro como já se trocavam partes de um carro pra outro. Trocam corações como se fossem motores; rins como se fossem câmbios, córneas como se trocavam as lentes de um farol quebrado. Quem poderia acreditar em um desmanche de defuntos pra recuperar indivíduos doentes?
A engenharia se associou à medicina e uma porção de tipos de próteses propiciam que indivíduos nem se lembrem direito de que usam partes artificiais do corpo. São peças que desobstruem artérias e as mantém abertas, marca-passos para o coração, junções metálicas para ossos, membros artificiais que chegam a funcionar melhor que os originais. A artificialidade não se limitou às necessidades vitais ou de movimento; chegou à estética, aumentando bundas e peitos com silicone; diminuindo barrigas, bundas, peitos e excessos de outras regiões com lipo-aspirações e outros artifícios. Peles esticadas, cabelos implantados, desenhos mudados; em fim, parece não haver limite para as possibilidades.
Eles não se limitaram a trabalhar com indivíduos vivos ou mortos; passaram a interferir na própria criação da vida; fazendo fertilização in-vitro, desenvolvimento de fetos em úteros emprestados, curando impotência, frigidez e infertilidade.
Chegou a hora de manipular células capazes de assumir características de outras, doentes, substituindo-as e corrigindo os problemas que aquelas criavam.
Tudo indicava que o homem estava superando seu próprio criador,
O progresso era tão espetacular que camuflou uma evidência fundamental: o corpo humano é só uma parte do indivíduo e, para que ele funcione, é necessário algo invisível até aos equipamentos mais sofisticados e imcompreensível até às mentes mais privilegiadas. Se essa coisa não quiser, não há capacidade humana capaz de contradizê-la. Não há o que possa evitar a morte, por mais adiada que seja pela capacidade humana.
Enquanto a medicina realiza feitos extraordinários, espetaculares, até; não consegue controlar gripe, dengue, malária e outras doenças que, não sendo consideradas graves, costumam propiciar, a alguns indivíduos, livrar-se dos problemas terrenos antes do que esperavam.
Está claro que todo o conhecimento e tecnologia disponíveis são incapazes de controlar microscópicos seres, e interferir em sistemas que a ciência alega conhecer com detalhes.
É incrível a quantidade de teorias, detalhamento e minúcias de detalhes que elas apresentam a respeito do corpo humano, sistemas e órgãos. No entanto, doenças degenerativas como: Alzimer, esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica; seguem acometendo indivíduos, a quem a ciência não tem como ajudar, assistindo seu definhamento sem poder interromper o processo fatal, nem os estragos que ele ocasiona.
Se considerarmos que a natureza foi criada milhões de anos antes do homem, sequer, pensar em ciência; é compreensível que ela saiba tão pouco, mesmo propiciando o espetáculo que encanta e nos faz acreditar que é extremamente poderosa.
Admiravelmente espetacular é a capacidade de quem, ou do que, criou a natureza que, de sobra, conseguiu encerrar em mistério as possibilidades dos seres humanos conhecê-la e interferir nela, além do que lhes é permitido.
Pois é cara! Ainda bem que o ser humano não tem capacidade pra submeter a natureza à sua vontade. Sem pensar no resto, já pensou se não morresse mais ninguém, continuasse nascendo gente e os problemas acabassem?
Que graça teria a vida?
Se tendo o ruim como referência as pessoas já não valorizam suficientemente o bom, imagine que valor este teria sem a existência daquele!
quarta-feira, 25 de junho de 2008
O MEDO DAS DOENÇAS MATA MAIS QUE ELAS
É muito grande o número de pessoas que deixam de viver por medo de morrer. A pesquisa científica tem grande responsabilidade sobre isso. Os profissionais de saúde costumam usar essas pesquisas pra aterrorizar seus pacientes, receitando restrições, abstinências e proibições; valorizando muito mais os riscos do que os prazeres que algo possa causar.
Desconhecendo as verdadeiras causas que provocam as doenças, os profissionais de saúde e os cientistas, acusam motivos que podem contribuir pra elas, mas que não são o principal. Fumo, álcool, drogas, gorduras, pimentas; por exemplo, tem sido bodes espiatórios de muitas doenças. Aponta-se os doentes que consumiam esses produtos como evidência dos males que causam. Não consideram os consumidores que, mesmo consumindo as mesmas coisas, não adoeceram. Nas estatísticas, o número dos atingidos é sempre muito menor que os não, mesmo assim, a minoria tem força muito maior que a maioria. Incrível! Não?
A humanidade, principalmente os cientistas, precisam compreender que o mistério é muito maior que o conhecimento.
Tenho a impressão de que quem conhece tudo, brinca de enganar o ser humano, permitindo-lhe descobrir algumas coisas, para entretê-lo, aliviando-lhe a curiosidade. No entanto, sonega o principal que, por algum motivo, não tem a intenção de revelar. Se ele pode criar tudo e quisesse que não houvesse mistério, teria equipado o homem com esse conhecimento. Se ele não quer revelar, terá o homem capacidade pra contrariá-lo e descobrir o que ele não quer revelar?
Desconhecendo as verdadeiras causas que provocam as doenças, os profissionais de saúde e os cientistas, acusam motivos que podem contribuir pra elas, mas que não são o principal. Fumo, álcool, drogas, gorduras, pimentas; por exemplo, tem sido bodes espiatórios de muitas doenças. Aponta-se os doentes que consumiam esses produtos como evidência dos males que causam. Não consideram os consumidores que, mesmo consumindo as mesmas coisas, não adoeceram. Nas estatísticas, o número dos atingidos é sempre muito menor que os não, mesmo assim, a minoria tem força muito maior que a maioria. Incrível! Não?
A humanidade, principalmente os cientistas, precisam compreender que o mistério é muito maior que o conhecimento.
Tenho a impressão de que quem conhece tudo, brinca de enganar o ser humano, permitindo-lhe descobrir algumas coisas, para entretê-lo, aliviando-lhe a curiosidade. No entanto, sonega o principal que, por algum motivo, não tem a intenção de revelar. Se ele pode criar tudo e quisesse que não houvesse mistério, teria equipado o homem com esse conhecimento. Se ele não quer revelar, terá o homem capacidade pra contrariá-lo e descobrir o que ele não quer revelar?
quarta-feira, 11 de junho de 2008
ELA: conhecimento X especulação
ELA: conhecimento X especulação?
Senhor Deus, desculpe estar incomodando novamente, mas aqui está difícil encontrar respostas, por isso me dirijo ao senhor.
Como o senhor não respondeu as outras cartas que lhe mandei, acho que não vai responder esta também. Não faz mal. Se é pra ser desconsiderado, ter as idéias desprezadas e ser considerado um pentelho que só enche o saco; é melhor que seja por alguém que tenha um conhecimento infinito e um poder inquestionável. Tô de saco cheio de ser desrespeitado por seres humanos que se consideram oniscientes e onipotentes, pretendendo superá-lo, saber mais e poder mais que o senhor.
Como o senhor sabe, estou com ELA (esclerose lateral amiotrófica). Falando nisso, o senhor gostou do nome que deram pra essa doença que o senhor criou? Pomposo né? Então, quando diagnosticaram que eu estava com ela, disseram o nome e me disseram que os neurônios iam morrendo, desativando os nervos que, conseqüentemente, deixavam de estimular os músculos, provocando a atrofia deles. Acreditei que eles conheciam intimamente a doença. Quando disseram que ela não tinha cura, nem mesmo possibilidade de ser detida; aceitei o veredicto como sendo resultado de conhecimento suficientemente questionado e comprovado.
Me submeteram a exames de sangue, tomografias, ressonâncias magnéticas, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional, nutricionismo e eletroneurografias. Os resultados não apresentavam “defeitos”. A única indicação de que havia uma doença eram os sintomas: a fraqueza e a atrofia muscular.
Foi aí que percebi que a ELA é identificada pela falta de outros motivos que justifiquem a anomalia. Eles não conseguem detectá-la em exames, quer dizer: se não existem outras causas, então, é ELA.
Ora, algo que não pode ser identificado diretamente, não pode ser afirmado com segurança!
Ah Deus! Não sei por que o senhor me equipou com essa mania de questionar, impedindo-me de aceitar o que me informam, pura e simplesmente.
Olha a merda feita! Ao invés de aceitar a explicação dada pelos médicos e pelos sites especializados na internet, tive a atenção despertada pelo fato de que os movimentos eram comandados, que os músculos obedeciam à minha vontade, embora lhes faltasse energia pra realizar o trabalho pretendido. Por exemplo: se eu pretendia levantar um peso de vinte quilos, eles só conseguiam levantar dez, mas, os dez, eles levantavam sem maiores problemas. Então, não havia falta de comando! Pelo menos os nervos encarregados dos comandos estavam funcionando. Portanto, esses nervos estavam ativos e não poderiam ser acusados pela atrofia dos músculos que comandavam.
O que era evidente, era a falta de energia pra realizar o trabalho. Bom, se não eram os nervos motores a causa da atrofia, o que poderia ser?
Pensei que, como todo o organismo, os músculos se servem dos nutrientes retirados dos alimentos, que chegam até eles pela corrente sangüínea. Até aí tudo bem, pois aprendi isso em biologia. O que não me lembro de ter aprendido é como o músculo transforma o nutriente em energia.
O senhor não poderia ter criado um sistema mais simples, que a gente pudesse entender com mais facilidade?
Bom, aí me lembrei que muita gente faz musculação em academias pra ficar musculoso, isto é, aumentar a massa muscular. Portanto, o aumento dessa massa depende de exercícios, isto é, trabalho muscular. Lembrei, também, que quando a gente quebra um braço e ele é engessado, a imobilização causa atrofia dos músculos, quer dizer, diminuição do tamanho, perda de massa. Portanto, a massa muscular depende de nutrientes e de trabalho. Como a energia tem uma relação com a massa muscular, a diminuição desta ocasiona a diminuição daquela.
Tá vendo? Olha o tamanho da complicação!
E o pior, é que isso é o que a gente percebe, no entanto, como é que esse negócio funciona? Como é que o músculo absorve nutrientes, aumenta a massa muscular, gera energia e realiza trabalho?
Quando questionei alguns médicos, mostrando que os comandos nervosos estavam funcionando e, portanto, não poderiam ser a causa da atrofia; eles alegaram que, além do comando, os nervos se distribuem pelo músculo, em grande número de terminais nervosos que o estimulam.
Como eu não tivesse ficado satisfeito com a explicação, fui procurar na internet mais informação e encontrei a seguinte: Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual divide-se em várias fibras para poder controlar todas as células do músculo, através da placa motora.
Bom, se é o nervo motor que se divide em várias fibras para controlar as células do músculo e, se o nervo motor continua ativo, o problema deveria se localizar na ramificação e não na origem do nervo. Pra que o problema estivesse na origem, os terminais que controlam as células não poderiam ser ramificações do nervo motor e, sim, vindos diretamente do cérebro ou da medula.
Sabe, Deus, o problema é que os que dizem ter o conhecimento, não conseguem explicá-lo. Não sei se é por má vontade ou por incapacidade, ou, por incapacidade minha de entender. Só sei que, até agora, não consegui explicação razoável que me permitisse compreender o processo de energização do músculo.
No mesmo site em que encontrei a explicação acima a respeito da divisão do nervo motor, encontrei a explicação abaixo que se refere à produção da energia pelo músculo.
Como as outras células, as fibras musculares produzem energia por meio de reações de combustão. Devido a intensa atividade para proporcionar movimento e calor ao corpo, as fibras musculares necessitam de grande quantidade de energia (creatina fosfato, carboidratos, gorduras e proteínas).
Achei interessante a informação, nesse mesmo site, a respeito do ácido lático: Em um dos processos do metabolismo energético o organismo produz uma substância denominada ácido lático. Dentro das fibras musculares, o ácido lático impede a renovação da energia necessária para a contração do músculo.
Ora, se o ácido lático pode impedir a renovação da energia, por que ele não poderia ser o responsável pela atrofia?
Tá vendo o que o senhor fez? Me equipou com essa mania de questionar e veja no que deu! Tô questionando um monte de cientistas e profissionais da saúde que tem estudado a ELA por mais de cento e quarenta anos. E agora, como é que eu fico? Eles não conseguem me explicar e eu não me conformo em pensar que eles podem saber e eu não consiga compreender. E ai?
Por mais que me pareça absurdo, não consigo deixar de pensar que, esse pessoal todo, não sabe o que alega saber. É absurdo? Pode ser, mas não consigo deixar de pensar nisso. Será que eles não querem, não podem ou não conseguem explicar?
Tá vendo, Deus, o que o senhor aprontou? Se tivesse feito as coisas mais simples, o processo seria mais fácil de ser entendido e eu não precisaria estar, aqui, duvidando do conhecimento alegado por tão honoráveis pessoas.
Pensei em pedir ao senhor que me proporcionasse o entendimento que procuro, no entanto, se não tem respondido nem as cartas que lhe tenho mandado, não posso acreditar que atenda esse pedido. Chego a achar graça das pessoas que acreditam que o senhor atenda os pedidos delas. Se nem cartas o senhor responde, porque não deve ter tempo pra isso, imagine se vai gastar tempo atendendo pedidos de milagres. Se tudo que acontece é resultado de sua vontade, não vai ser um pedido de um simples mortal que o fará mudar o que o senhor mesmo já havia determinado.
Deus, quer saber? Eu fico cada vez mais embasbacado tentando imaginar o tamanho da sua capacidade. Como é que o senhor conseguiu criar coisas tão complexas que, milhares de anos depois, com todo o conhecimento adquirido pelo ser humano, ele ainda continua ignorante diante de tanto que ainda é absoluto mistério?
Não sei se é maior a vontade de rir ou chorar ao verificar que religiosos, cientistas e, até, gente sem maior qualificação; alegue conhecer a natureza, como foi criada, quem a criou, o que pretendeu e como age. Gostaria de saber o porquê de o senhor tê-los feito assim.
Fico imaginando do porque o senhor ter me feito desse jeito: inconformado e questionador. Por que não me fez como a maioria?
Na situação em que me encontro, eu deveria agir como a maioria: buscando milagres, amaldiçoando a causa da doença, rezando pra merecer um lugar bom no além e coisas assim. No entanto, estou aqui, questionando teorias e paradigmas, tentando conhecer as causas de uma doença, sem a menor esperança de me livrar dela, por pura necessidade de compreender porquês, de espicaçar os prepotentes, de tentar demonstrar a importância da humildade e da solidariedade. O senhor poderia ter me livrado disso e livrado aos outros de terem que me agüentar.
Se tenho consciência do mistério que envolve a natureza e a vida, não deveria ter essa obsessão por compreender. Eu não consigo entender o porquê, mas me dobro ao seu poder e acredito que o senhor terá seus motivos pra que seja assim. Se tem que ser assim, que assim seja.
Encontrei, no site já citado, uma frase que, lida sem espírito crítico, dá a entender um grande conhecimento sobre o sistema muscular. No entanto, ela só descreve, por alto, que os músculos são responsáveis pelos movimentos do corpo e que são comandados pelo cérebro. O que acontece por trás dessa cortina já são outros quinhentos, pouco se conhece e muito se especula.
O sistema muscular é capaz de efetuar imensa variedade de movimento, sendo todas essas contrações musculares controladas e coordenadas pelo cérebro.
Como o senhor sabe, afinal, me fez assim; continuo insatisfeito com as explicações recebidas, e não vou desistir de tentar encontrar alguma razoável.
Que dados eu tenho até aqui?
- Evidências:
- Fraqueza muscular progressiva
- Enfraquecendo o músculo atingido
- Atingindo outros músculos com o passar do tempo
- Atuação do nervo motor, comandando movimentos.
- Suposições:
- Como são atingidos músculos em partes diferentes do corpo, parece que a causa seja algo comum a todos eles:]
- Sistema nervoso
- Sistema circulatório
- Dúvidas sobre as explicações recebidas:
- Os terminais nervosos espalhados pelo músculo são ramificações do nervo motor e comandados por ele; ou, independentes, e comandados por outro sistema (diretamente do cérebro)?
- Mesmo com melhora acentuada de quantidade e qualidade da alimentação, não se percebe alteração positiva na energia muscular.
- Como se processa a absorção de nutrientes pelo músculo, como eles são transformados em massa muscular e como é gerada a energia que possibilita a realização de trabalho?
- Existe a possibilidade de gerar massa muscular e conseqüente energia, artificialmente (química ou fisicamente)?
- A eletroneuragrafia consegue identificar com segurança as regiões onde os nervos estão ativos e onde não?
Deus, desculpe tê-lo incomodado mais uma vez, mas como é possível que o senhor mande em tudo, é provável que tenha me provocado a fazer isto. Se não foi o senhor que me provocou, perdão e compreenda minhas fraquezas.
Até breve, quando, talvez, eu tenha a possibilidade de conhecê-lo pessoalmente e possa compreender o que me foi negado por aqui.
Respeitosamente: pepe granja
Se alguém puder me oferecer informações que satisfaçam meu inconformismo, agradeço imensamente e, acredito, que muitos outros agradecerão, também, por se livrarem de meus questionamentos.
Senhor Deus, desculpe estar incomodando novamente, mas aqui está difícil encontrar respostas, por isso me dirijo ao senhor.
Como o senhor não respondeu as outras cartas que lhe mandei, acho que não vai responder esta também. Não faz mal. Se é pra ser desconsiderado, ter as idéias desprezadas e ser considerado um pentelho que só enche o saco; é melhor que seja por alguém que tenha um conhecimento infinito e um poder inquestionável. Tô de saco cheio de ser desrespeitado por seres humanos que se consideram oniscientes e onipotentes, pretendendo superá-lo, saber mais e poder mais que o senhor.
Como o senhor sabe, estou com ELA (esclerose lateral amiotrófica). Falando nisso, o senhor gostou do nome que deram pra essa doença que o senhor criou? Pomposo né? Então, quando diagnosticaram que eu estava com ela, disseram o nome e me disseram que os neurônios iam morrendo, desativando os nervos que, conseqüentemente, deixavam de estimular os músculos, provocando a atrofia deles. Acreditei que eles conheciam intimamente a doença. Quando disseram que ela não tinha cura, nem mesmo possibilidade de ser detida; aceitei o veredicto como sendo resultado de conhecimento suficientemente questionado e comprovado.
Me submeteram a exames de sangue, tomografias, ressonâncias magnéticas, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional, nutricionismo e eletroneurografias. Os resultados não apresentavam “defeitos”. A única indicação de que havia uma doença eram os sintomas: a fraqueza e a atrofia muscular.
Foi aí que percebi que a ELA é identificada pela falta de outros motivos que justifiquem a anomalia. Eles não conseguem detectá-la em exames, quer dizer: se não existem outras causas, então, é ELA.
Ora, algo que não pode ser identificado diretamente, não pode ser afirmado com segurança!
Ah Deus! Não sei por que o senhor me equipou com essa mania de questionar, impedindo-me de aceitar o que me informam, pura e simplesmente.
Olha a merda feita! Ao invés de aceitar a explicação dada pelos médicos e pelos sites especializados na internet, tive a atenção despertada pelo fato de que os movimentos eram comandados, que os músculos obedeciam à minha vontade, embora lhes faltasse energia pra realizar o trabalho pretendido. Por exemplo: se eu pretendia levantar um peso de vinte quilos, eles só conseguiam levantar dez, mas, os dez, eles levantavam sem maiores problemas. Então, não havia falta de comando! Pelo menos os nervos encarregados dos comandos estavam funcionando. Portanto, esses nervos estavam ativos e não poderiam ser acusados pela atrofia dos músculos que comandavam.
O que era evidente, era a falta de energia pra realizar o trabalho. Bom, se não eram os nervos motores a causa da atrofia, o que poderia ser?
Pensei que, como todo o organismo, os músculos se servem dos nutrientes retirados dos alimentos, que chegam até eles pela corrente sangüínea. Até aí tudo bem, pois aprendi isso em biologia. O que não me lembro de ter aprendido é como o músculo transforma o nutriente em energia.
O senhor não poderia ter criado um sistema mais simples, que a gente pudesse entender com mais facilidade?
Bom, aí me lembrei que muita gente faz musculação em academias pra ficar musculoso, isto é, aumentar a massa muscular. Portanto, o aumento dessa massa depende de exercícios, isto é, trabalho muscular. Lembrei, também, que quando a gente quebra um braço e ele é engessado, a imobilização causa atrofia dos músculos, quer dizer, diminuição do tamanho, perda de massa. Portanto, a massa muscular depende de nutrientes e de trabalho. Como a energia tem uma relação com a massa muscular, a diminuição desta ocasiona a diminuição daquela.
Tá vendo? Olha o tamanho da complicação!
E o pior, é que isso é o que a gente percebe, no entanto, como é que esse negócio funciona? Como é que o músculo absorve nutrientes, aumenta a massa muscular, gera energia e realiza trabalho?
Quando questionei alguns médicos, mostrando que os comandos nervosos estavam funcionando e, portanto, não poderiam ser a causa da atrofia; eles alegaram que, além do comando, os nervos se distribuem pelo músculo, em grande número de terminais nervosos que o estimulam.
Como eu não tivesse ficado satisfeito com a explicação, fui procurar na internet mais informação e encontrei a seguinte: Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual divide-se em várias fibras para poder controlar todas as células do músculo, através da placa motora.
Bom, se é o nervo motor que se divide em várias fibras para controlar as células do músculo e, se o nervo motor continua ativo, o problema deveria se localizar na ramificação e não na origem do nervo. Pra que o problema estivesse na origem, os terminais que controlam as células não poderiam ser ramificações do nervo motor e, sim, vindos diretamente do cérebro ou da medula.
Sabe, Deus, o problema é que os que dizem ter o conhecimento, não conseguem explicá-lo. Não sei se é por má vontade ou por incapacidade, ou, por incapacidade minha de entender. Só sei que, até agora, não consegui explicação razoável que me permitisse compreender o processo de energização do músculo.
No mesmo site em que encontrei a explicação acima a respeito da divisão do nervo motor, encontrei a explicação abaixo que se refere à produção da energia pelo músculo.
Como as outras células, as fibras musculares produzem energia por meio de reações de combustão. Devido a intensa atividade para proporcionar movimento e calor ao corpo, as fibras musculares necessitam de grande quantidade de energia (creatina fosfato, carboidratos, gorduras e proteínas).
Achei interessante a informação, nesse mesmo site, a respeito do ácido lático: Em um dos processos do metabolismo energético o organismo produz uma substância denominada ácido lático. Dentro das fibras musculares, o ácido lático impede a renovação da energia necessária para a contração do músculo.
Ora, se o ácido lático pode impedir a renovação da energia, por que ele não poderia ser o responsável pela atrofia?
Tá vendo o que o senhor fez? Me equipou com essa mania de questionar e veja no que deu! Tô questionando um monte de cientistas e profissionais da saúde que tem estudado a ELA por mais de cento e quarenta anos. E agora, como é que eu fico? Eles não conseguem me explicar e eu não me conformo em pensar que eles podem saber e eu não consiga compreender. E ai?
Por mais que me pareça absurdo, não consigo deixar de pensar que, esse pessoal todo, não sabe o que alega saber. É absurdo? Pode ser, mas não consigo deixar de pensar nisso. Será que eles não querem, não podem ou não conseguem explicar?
Tá vendo, Deus, o que o senhor aprontou? Se tivesse feito as coisas mais simples, o processo seria mais fácil de ser entendido e eu não precisaria estar, aqui, duvidando do conhecimento alegado por tão honoráveis pessoas.
Pensei em pedir ao senhor que me proporcionasse o entendimento que procuro, no entanto, se não tem respondido nem as cartas que lhe tenho mandado, não posso acreditar que atenda esse pedido. Chego a achar graça das pessoas que acreditam que o senhor atenda os pedidos delas. Se nem cartas o senhor responde, porque não deve ter tempo pra isso, imagine se vai gastar tempo atendendo pedidos de milagres. Se tudo que acontece é resultado de sua vontade, não vai ser um pedido de um simples mortal que o fará mudar o que o senhor mesmo já havia determinado.
Deus, quer saber? Eu fico cada vez mais embasbacado tentando imaginar o tamanho da sua capacidade. Como é que o senhor conseguiu criar coisas tão complexas que, milhares de anos depois, com todo o conhecimento adquirido pelo ser humano, ele ainda continua ignorante diante de tanto que ainda é absoluto mistério?
Não sei se é maior a vontade de rir ou chorar ao verificar que religiosos, cientistas e, até, gente sem maior qualificação; alegue conhecer a natureza, como foi criada, quem a criou, o que pretendeu e como age. Gostaria de saber o porquê de o senhor tê-los feito assim.
Fico imaginando do porque o senhor ter me feito desse jeito: inconformado e questionador. Por que não me fez como a maioria?
Na situação em que me encontro, eu deveria agir como a maioria: buscando milagres, amaldiçoando a causa da doença, rezando pra merecer um lugar bom no além e coisas assim. No entanto, estou aqui, questionando teorias e paradigmas, tentando conhecer as causas de uma doença, sem a menor esperança de me livrar dela, por pura necessidade de compreender porquês, de espicaçar os prepotentes, de tentar demonstrar a importância da humildade e da solidariedade. O senhor poderia ter me livrado disso e livrado aos outros de terem que me agüentar.
Se tenho consciência do mistério que envolve a natureza e a vida, não deveria ter essa obsessão por compreender. Eu não consigo entender o porquê, mas me dobro ao seu poder e acredito que o senhor terá seus motivos pra que seja assim. Se tem que ser assim, que assim seja.
Encontrei, no site já citado, uma frase que, lida sem espírito crítico, dá a entender um grande conhecimento sobre o sistema muscular. No entanto, ela só descreve, por alto, que os músculos são responsáveis pelos movimentos do corpo e que são comandados pelo cérebro. O que acontece por trás dessa cortina já são outros quinhentos, pouco se conhece e muito se especula.
O sistema muscular é capaz de efetuar imensa variedade de movimento, sendo todas essas contrações musculares controladas e coordenadas pelo cérebro.
Como o senhor sabe, afinal, me fez assim; continuo insatisfeito com as explicações recebidas, e não vou desistir de tentar encontrar alguma razoável.
Que dados eu tenho até aqui?
- Evidências:
- Fraqueza muscular progressiva
- Enfraquecendo o músculo atingido
- Atingindo outros músculos com o passar do tempo
- Atuação do nervo motor, comandando movimentos.
- Suposições:
- Como são atingidos músculos em partes diferentes do corpo, parece que a causa seja algo comum a todos eles:]
- Sistema nervoso
- Sistema circulatório
- Dúvidas sobre as explicações recebidas:
- Os terminais nervosos espalhados pelo músculo são ramificações do nervo motor e comandados por ele; ou, independentes, e comandados por outro sistema (diretamente do cérebro)?
- Mesmo com melhora acentuada de quantidade e qualidade da alimentação, não se percebe alteração positiva na energia muscular.
- Como se processa a absorção de nutrientes pelo músculo, como eles são transformados em massa muscular e como é gerada a energia que possibilita a realização de trabalho?
- Existe a possibilidade de gerar massa muscular e conseqüente energia, artificialmente (química ou fisicamente)?
- A eletroneuragrafia consegue identificar com segurança as regiões onde os nervos estão ativos e onde não?
Deus, desculpe tê-lo incomodado mais uma vez, mas como é possível que o senhor mande em tudo, é provável que tenha me provocado a fazer isto. Se não foi o senhor que me provocou, perdão e compreenda minhas fraquezas.
Até breve, quando, talvez, eu tenha a possibilidade de conhecê-lo pessoalmente e possa compreender o que me foi negado por aqui.
Respeitosamente: pepe granja
Se alguém puder me oferecer informações que satisfaçam meu inconformismo, agradeço imensamente e, acredito, que muitos outros agradecerão, também, por se livrarem de meus questionamentos.
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