DESAPEGO
No final da primeira parte do livro “A última lição”, Morrie fala a Micht sobre a necessidade do desapego. Diz que é necessário ir fundo na emoção, vivenciá-la intensamente pra, depois, desapegar-se dela. Mergulhar no amor, no medo, senti-los intensamente, conhecê-los profundamente e, depois desapegar-se.
Pra mim, desapego é desfrutar sem a necessidade de possuir. É admirar a beleza da flor, sentir-lhe o perfume, sem colhê-la, deixando-a onde está, numa praça, no nosso quintal, ou em qualquer terreno que não nos pertença. É sentir o prazer de navegar em um barco que não nos pertence. Passar um final de semana em um sítio ou casa de praia que não possuímos, mas que podemos usar. É amar uma criança, independente de que seja nossa filha. É amar uma mulher enquanto for possível, enquanto ela nos quiser, sem ter que aprisioná-la, sem obrigatoriedade, só enquanto ela nos quiser pelo prazer de estar conosco. É trabalhar e lutar por realizações, independente de conquistas materiais que possam resultar. É livrar-se de preconceitos, defender idéias e mudar de opinião quando a racionalidade indique essa necessidade. É saber que não existem verdades absolutas.
Desapego é perceber que a vida não nos pertence, que nos foi dada sem perguntar se a queríamos e que nos será tirada sem nosso consentimento.
Desapego é perceber a limitação da nossa capacidade, usando-a, sem pretender mais do que ela pode.
Se você é dos que valorizam muito mais o possuir do que o desfrutar; deve ser um sofredor. Que pena!
domingo, 4 de maio de 2008
domingo, 27 de abril de 2008
VELHO
VELHO
Porra! Com que rapidez fiquei velho!
Faz pouco tempo, muito pouco, alguns meses; me sentia jovem. Não jovenzinho, mas jovem. Trinta e tantos..mais ou menos, sei lá!
De repente, olho minhas mãos e vejo veias saltadas, rugas acentuadas, algumas manchas escuras. A pele dos braços enrugada, frouxa, sem brilho. Os ombros caídos, o peito também.
Tá sobrando pele! E a barriga! Sempre fora uma tábua e, agora, algo a empurrava pra fora.
As pernas com pouco músculo e muita pele. Cadê o pelos das canelas? Talvez essa tenha sido a maior evidência da velhice.
Careca e cabelos grisalhos muito jovem tem, não é indício de velhice. Canelas carecas, sim! Que coisa feia, canelas lisas, sem pêlos. Lisas nada, marcadas por veias salientes e marcas de machucados antigos.
Corri pro espelho e olhei. Tava sobrando pele, bolsas sob os olhos em que ainda não tinha reparado. Como é que fui ficar velho tão de repente?!
Foi um choque! Sentei na área, no chão e, enquanto o sol caminhava, já chegando perto do horizonte; fiquei cismando. Como é que envelhecera tão rápido? O que tinha acontecido? Fiquei cismando...
De repente, a imagem do Pico do Gavião, em Andradas, onde a gente voava de paraglider, me ocupou o pensamento. Não o pico propriamente dito, mas o espigão da cordilheira. Foi isso mesmo!
A vida é como a cordilheira, a gente nasce e começa a subir em direção ao espigão, que representa a juventude. Dali, começa a descida, em direção à velhice. Vai-se descendo a encosta, acumulando anos a cada trecho, até chegar ao vale, que é a velhice.
Eu, pra variar, não concordei com o caminho pré-estabelecido. Ao invés de ir descendo, continuei caminhando pelo espigão, olhando o longe, como o piloto de vôo livre que busca o lift e, principalmente, as térmicas que o levarão para o alto. O objetivo é voar. Pousar é conseqüência que não se pode evitar, mas que se procura retardar ao máximo.
Meus objetivos me mantinham no alto, caminhando pelo espigão, negando-me a iniciar a descida. Não tinha tempo pra olhar pra mim, o olhar estava ocupado nas conquistas que pretendia.
Foi isso! Eu não olhei pra mim, por isso não percebi o que acontecia. Minha mente ficou no espigão enquanto, como eu teimasse em não descer, os anos subiram e foram se acumulando sem que os percebesse.
Nunca tive nada de excepcional, nem músculos, nem formas, nenhum tipo do que se pode classificar como beleza. Nunca me incomodou muito, não fez falta. Fui admirado e reconhecido por outros motivos e, isso, foi importante. Racionalidade, emoção e sensibilidade foram se fortificando com o decorrer do tempo. Acho que isso me fez acreditar que remoçava quando, na verdade, envelhecia. A não ser a capacidade de lembrar, a mente não se deteriora com a idade, ao contrário, se apura e expande. No entanto, a carcaça deteriora, dificultando que a evolução da mente seja melhor aproveitada.
Por algum motivo, nesta idade, eu teria que estar onde estou e, como não havia tempo para descer a rampa da velhice, despenquei na falésia que não permitia volta.
Talvez eu pensasse que enganaria a natureza ou que morreria no espigão, livrando-me da descida.
Nem uma coisa nem outra! Estou aqui, com pele sobrando, pêlos faltando, músculos murchando, gorduras se acumulando num corpo magro e desajeitado, como sempre foi.
Porra de natureza! Por que tem que ser assim?
Porra! Com que rapidez fiquei velho!
Faz pouco tempo, muito pouco, alguns meses; me sentia jovem. Não jovenzinho, mas jovem. Trinta e tantos..mais ou menos, sei lá!
De repente, olho minhas mãos e vejo veias saltadas, rugas acentuadas, algumas manchas escuras. A pele dos braços enrugada, frouxa, sem brilho. Os ombros caídos, o peito também.
Tá sobrando pele! E a barriga! Sempre fora uma tábua e, agora, algo a empurrava pra fora.
As pernas com pouco músculo e muita pele. Cadê o pelos das canelas? Talvez essa tenha sido a maior evidência da velhice.
Careca e cabelos grisalhos muito jovem tem, não é indício de velhice. Canelas carecas, sim! Que coisa feia, canelas lisas, sem pêlos. Lisas nada, marcadas por veias salientes e marcas de machucados antigos.
Corri pro espelho e olhei. Tava sobrando pele, bolsas sob os olhos em que ainda não tinha reparado. Como é que fui ficar velho tão de repente?!
Foi um choque! Sentei na área, no chão e, enquanto o sol caminhava, já chegando perto do horizonte; fiquei cismando. Como é que envelhecera tão rápido? O que tinha acontecido? Fiquei cismando...
De repente, a imagem do Pico do Gavião, em Andradas, onde a gente voava de paraglider, me ocupou o pensamento. Não o pico propriamente dito, mas o espigão da cordilheira. Foi isso mesmo!
A vida é como a cordilheira, a gente nasce e começa a subir em direção ao espigão, que representa a juventude. Dali, começa a descida, em direção à velhice. Vai-se descendo a encosta, acumulando anos a cada trecho, até chegar ao vale, que é a velhice.
Eu, pra variar, não concordei com o caminho pré-estabelecido. Ao invés de ir descendo, continuei caminhando pelo espigão, olhando o longe, como o piloto de vôo livre que busca o lift e, principalmente, as térmicas que o levarão para o alto. O objetivo é voar. Pousar é conseqüência que não se pode evitar, mas que se procura retardar ao máximo.
Meus objetivos me mantinham no alto, caminhando pelo espigão, negando-me a iniciar a descida. Não tinha tempo pra olhar pra mim, o olhar estava ocupado nas conquistas que pretendia.
Foi isso! Eu não olhei pra mim, por isso não percebi o que acontecia. Minha mente ficou no espigão enquanto, como eu teimasse em não descer, os anos subiram e foram se acumulando sem que os percebesse.
Nunca tive nada de excepcional, nem músculos, nem formas, nenhum tipo do que se pode classificar como beleza. Nunca me incomodou muito, não fez falta. Fui admirado e reconhecido por outros motivos e, isso, foi importante. Racionalidade, emoção e sensibilidade foram se fortificando com o decorrer do tempo. Acho que isso me fez acreditar que remoçava quando, na verdade, envelhecia. A não ser a capacidade de lembrar, a mente não se deteriora com a idade, ao contrário, se apura e expande. No entanto, a carcaça deteriora, dificultando que a evolução da mente seja melhor aproveitada.
Por algum motivo, nesta idade, eu teria que estar onde estou e, como não havia tempo para descer a rampa da velhice, despenquei na falésia que não permitia volta.
Talvez eu pensasse que enganaria a natureza ou que morreria no espigão, livrando-me da descida.
Nem uma coisa nem outra! Estou aqui, com pele sobrando, pêlos faltando, músculos murchando, gorduras se acumulando num corpo magro e desajeitado, como sempre foi.
Porra de natureza! Por que tem que ser assim?
quarta-feira, 9 de abril de 2008
ELA
Ah, ah, ah.
Eu não poderia ser acometido por uma doença comum, dessas que, de vez em quando, a gente fica sabendo que matou algum conhecido. Não. Tinha que ser uma doença rara, sem causas conhecidas, sem tratamento regenerativo e sem chances de evitar a progressividade. Uma doença que se encaixa bem nas minhas características, fugindo do convencional.
Pra muitas pessoas, a falta de alternativas é uma tragédia. Eu considero isso uma vantagem, evitando gastar tempo, dinheiro e trabalho na busca de cura. Ela é claramente definida: não tem cura e acabou! Se você tiver alguma coisa pra fazer, faça logo, enquanto for possível.
É comum ao ser humano planejar o futuro. A identificação de uma doença fatal, informa que não haverá futuro mais distante e que é hora de realizar, o mais rápido possível, o que estava planejado para um prazo maior. Quando o tempo é aproveitado com eficiência, é possível realizar muito mais do que em condições normais, em que o tempo costuma ser desperdiçado.
Na maioria dos casos, o tempo que resta de vida, é gasto na busca de tratamentos ou rituais que possam promover a cura. No caso da ELA esse problema não tem sentido, uma vez que não há tratamento possível. Portanto, a lógica recomenda usar o tempo para realizações que estavam à espera do futuro.
Eu não tenho esse problema. Sempre fiz projetos, mas me acostumei a não conseguir realizá-los. Sempre busquei realizar o que me foi possível e aproveitar as oportunidades de prazer que se me ofereceram. Acho que se não consegui tudo que quis (nem seria possível, tamanha a quantidade de quereres), aproveitei bem o que me foi possível e considero ter sido um privilegiado ter conseguido tanto; muito mais que a maioria dos mortais. O que vivi nesses quase sessenta anos, muitas pessoas não viveriam nem em duzentos. Portanto não tenho o menor direito de me queixar.
Os prazeres que vivi estão muito além de divertimentos e festividades. Eles envolveram grandes emoções, realizações, vencimento de desafios, conquista de admiração e reconhecimento. Tenho uma galeria de troféus composta de erros que cometi e que muito me ensinaram. Vivi experiências em vários níveis culturais, sociais e econômicos. Amei e fui amado, o que representou as emoções mais gratificantes e prazerosas. Não bastasse tudo isso, ainda mereci a classificação de diferente, aventureiro, louco e outros adjetivos que considero enaltecedores. Ta com inveja? Se quiser, ainda é tempo de mudar. Eu, até gostaria de ter mais, mas estou satisfeito e não me queixo.
Descobri que o que se conhece da vida é a ponta de um iceberg, a maior parte está envolta em mistério inescrutável. Pude perceber minha pequenez e, isso, me livrou de muitas culpas que senti. Pude me sentir como instrumento e perceber que não era tão capaz quanto imaginara, nem tão incapaz como pensara.
Os sintomas da doença, somados ao que tenho passado nos últimos tempos, me indicavam a possibilidade de que caminhava, aceleradamente, para o fim. O diagnóstico confirmou isso e causou um certo impacto. De certa maneira, foi a confirmação do que eu já havia imaginado, mas confirmação é sempre confirmação. Não me abalou, não senti tristeza nem revolta. Continuei tranqüilo, mas tive que lidar com uma espécie de rearranjo das idéias, em fim, agora, já não era uma intuição, adivinhação ou sentimento; era uma constatação. O que era uma possibilidade, agora, era realidade palpável.
Fiz uma busca interna a procura de alguma vontade que esperasse satisfação. Não encontrei. Não tenho nenhuma vontade que mereça satisfação. Mais ainda, não encontrei vontades.
Eu já vinha vegetando, mesmo com capacidade para realizar coisas. Não porque eu quisesse, mas por falta de condições. Se pude vegetar inutilmente, enquanto tinha condições de trabalhar e realizar; não deverá ser difícil vegetar, tendo como justificativa a incapacidade física.
Se eu vinha vegetando no que se refere a ações externas, o mesmo nunca aconteceu em meu interior. Nunca deixei de refletir, analisar, aventar hipóteses, desenvolver teses e chegar a conclusões. Tenho registrado tudo isso e está disponível a quem possa interessar. Portanto, se isso fosse utilizado, já seria realização mais que suficiente, Por isso não sinto falta de criar mais nada. Acho que já tenho muita coisa criada, sem aproveitamento.
O que tenho sofrido nos últimos tempos e o que, ainda, me resta sofrer; com certeza não causará inveja a ninguém. No entanto, o que desfrutei durante a vida, despertará muita cobiça em muita gente. No balanço de prós e contras, acho que saí no lucro. Isso me conforta e deve confortar a quem gosta de mim.
Ei! Não morri ainda. Espero, ainda, poder escrever mais bobagens neste espaço.
Eu gostaria que esta reflexão inspirasse pessoas a aproveitar as oportunidades boas que a vida oferece, evitando ter que se queixar de não tê-lo feito, se um dia chegar à situação em que me encontro.
Até!
Eu não poderia ser acometido por uma doença comum, dessas que, de vez em quando, a gente fica sabendo que matou algum conhecido. Não. Tinha que ser uma doença rara, sem causas conhecidas, sem tratamento regenerativo e sem chances de evitar a progressividade. Uma doença que se encaixa bem nas minhas características, fugindo do convencional.
Pra muitas pessoas, a falta de alternativas é uma tragédia. Eu considero isso uma vantagem, evitando gastar tempo, dinheiro e trabalho na busca de cura. Ela é claramente definida: não tem cura e acabou! Se você tiver alguma coisa pra fazer, faça logo, enquanto for possível.
É comum ao ser humano planejar o futuro. A identificação de uma doença fatal, informa que não haverá futuro mais distante e que é hora de realizar, o mais rápido possível, o que estava planejado para um prazo maior. Quando o tempo é aproveitado com eficiência, é possível realizar muito mais do que em condições normais, em que o tempo costuma ser desperdiçado.
Na maioria dos casos, o tempo que resta de vida, é gasto na busca de tratamentos ou rituais que possam promover a cura. No caso da ELA esse problema não tem sentido, uma vez que não há tratamento possível. Portanto, a lógica recomenda usar o tempo para realizações que estavam à espera do futuro.
Eu não tenho esse problema. Sempre fiz projetos, mas me acostumei a não conseguir realizá-los. Sempre busquei realizar o que me foi possível e aproveitar as oportunidades de prazer que se me ofereceram. Acho que se não consegui tudo que quis (nem seria possível, tamanha a quantidade de quereres), aproveitei bem o que me foi possível e considero ter sido um privilegiado ter conseguido tanto; muito mais que a maioria dos mortais. O que vivi nesses quase sessenta anos, muitas pessoas não viveriam nem em duzentos. Portanto não tenho o menor direito de me queixar.
Os prazeres que vivi estão muito além de divertimentos e festividades. Eles envolveram grandes emoções, realizações, vencimento de desafios, conquista de admiração e reconhecimento. Tenho uma galeria de troféus composta de erros que cometi e que muito me ensinaram. Vivi experiências em vários níveis culturais, sociais e econômicos. Amei e fui amado, o que representou as emoções mais gratificantes e prazerosas. Não bastasse tudo isso, ainda mereci a classificação de diferente, aventureiro, louco e outros adjetivos que considero enaltecedores. Ta com inveja? Se quiser, ainda é tempo de mudar. Eu, até gostaria de ter mais, mas estou satisfeito e não me queixo.
Descobri que o que se conhece da vida é a ponta de um iceberg, a maior parte está envolta em mistério inescrutável. Pude perceber minha pequenez e, isso, me livrou de muitas culpas que senti. Pude me sentir como instrumento e perceber que não era tão capaz quanto imaginara, nem tão incapaz como pensara.
Os sintomas da doença, somados ao que tenho passado nos últimos tempos, me indicavam a possibilidade de que caminhava, aceleradamente, para o fim. O diagnóstico confirmou isso e causou um certo impacto. De certa maneira, foi a confirmação do que eu já havia imaginado, mas confirmação é sempre confirmação. Não me abalou, não senti tristeza nem revolta. Continuei tranqüilo, mas tive que lidar com uma espécie de rearranjo das idéias, em fim, agora, já não era uma intuição, adivinhação ou sentimento; era uma constatação. O que era uma possibilidade, agora, era realidade palpável.
Fiz uma busca interna a procura de alguma vontade que esperasse satisfação. Não encontrei. Não tenho nenhuma vontade que mereça satisfação. Mais ainda, não encontrei vontades.
Eu já vinha vegetando, mesmo com capacidade para realizar coisas. Não porque eu quisesse, mas por falta de condições. Se pude vegetar inutilmente, enquanto tinha condições de trabalhar e realizar; não deverá ser difícil vegetar, tendo como justificativa a incapacidade física.
Se eu vinha vegetando no que se refere a ações externas, o mesmo nunca aconteceu em meu interior. Nunca deixei de refletir, analisar, aventar hipóteses, desenvolver teses e chegar a conclusões. Tenho registrado tudo isso e está disponível a quem possa interessar. Portanto, se isso fosse utilizado, já seria realização mais que suficiente, Por isso não sinto falta de criar mais nada. Acho que já tenho muita coisa criada, sem aproveitamento.
O que tenho sofrido nos últimos tempos e o que, ainda, me resta sofrer; com certeza não causará inveja a ninguém. No entanto, o que desfrutei durante a vida, despertará muita cobiça em muita gente. No balanço de prós e contras, acho que saí no lucro. Isso me conforta e deve confortar a quem gosta de mim.
Ei! Não morri ainda. Espero, ainda, poder escrever mais bobagens neste espaço.
Eu gostaria que esta reflexão inspirasse pessoas a aproveitar as oportunidades boas que a vida oferece, evitando ter que se queixar de não tê-lo feito, se um dia chegar à situação em que me encontro.
Até!
terça-feira, 11 de março de 2008
REVOLUÇÃO
As FARC lutam, há anos, contra o governo da Colômbia.
O governo da Colômbia luta, há anos, contra as FARC.
Tanto o governo, quanto as FARC, apregoam que defendem e buscam o melhor para o povo.
Uma parte do povo concorda e apóia o governo. Outra, as FARC e, outra, é contra os dois.
Os partidários do governo querem o fim das FARC e a punição de seus membros. Os partidários das FARC querem que ela tome o poder, implante suas idéias e castigue os derrotados.
Se o país fosse dividido, proporcionalmente, entre esses três segmentos; e eles assumissem o compromisso de não agressão entre eles; é provável que, em pouco tempo, se verificasse conflitos internos, em cada segmento, objetivando tentar impor idéias divergentes.
O que justificaria a revolução, o uso da violência para derrubar idéias contrárias e implantar as defendidas?
É senso comum que o ambiente ideal para o confronto de idéias é o debate entre teses que defendem hipóteses, com o máximo de dados possível.
A maioria das pessoas gostaria de um regime que lhes garantisse os direitos e os livrasse dos deveres. Que lhes proporcionasse benefícios sem qualquer custo. Alguns sonham com isso, outros consideram possível e, o resto, considera isso um direito inalienável.
Enquanto os idealistas defendem e lutam pelo que lhes parece melhor para o povo, este continua só querendo mais, mesmo que isso resulte em menos.
Ah, como é difícil resumir análises!
O objetivo de todo indivíduo, na vida, é a felicidade, mesmo que ele não tenha consciência disso. Suas ações e, principalmente, o repúdio à infelicidade provam isso.
A fonte da felicidade é a satisfação de vontades, desejos ou qualquer outro nome que se dê a isso.
O indivíduo costuma dar muito mais importância à busca da satisfação do que à análise da vontade que a provoca, pra saber se é coerente e, principalmente, se a satisfação lhe causará bem ou mal.
Não é raro que o indivíduo se esforce para satisfazer uma vontade e, quando consegue, perceba o prejuízo e sofrimento como resultado. Isso deveria provocá-lo a questionar suas vontades, no entanto, ele continua buscando satisfação, obediente, como verdadeiro escravo da vontade, sem questioná-la.
Capitalismo, comunismo e religião, podem ser considerados os três eixos principais das disputas ideológicas. A cada um desses eixos se agregam um sem número de variantes e acessórios.
O capitalismo defende o mercado como meio regulador das disputas entre os indivíduos na busca de seus objetivos que, para ele, é o progresso propiciado pela conquista. O capitalismo defende o direito do indivíduo se destacar dos demais, conquistando tudo o que desejar e que sua capacidade permitir. O progresso individual é a meta e o egoísmo a força que propicia essa busca. Ele admite e, até, incentiva a associação entre indivíduos para conseguirem seus objetivos. É mais ou menos o: “Cada um por si e Deus por todos”
O comunismo defende a igualdade entre os indivíduos, condenando destaques e privilégios. Defende que privilégios são resultado da exploração de indivíduos, por outros, propiciando mais do que os primeiros precisam, gerando falta do essencial para os segundos. Para o comunismo, não é possível o bem estar individual, sem uma sociedade que possibilite isso. A construção de uma sociedade justa e fraterna é o objetivo e, a solidariedade, é a força que poderá viabilizá-lo. É o: “Um por todos, todos por um”
As religiões pregam a onipotência do criador e a devida sub-missão dos indivíduos a ele. Elas pregam a paz enquanto lutam, e até guerreiam, buscando supremacia. Defendem que a vida na terra objetiva e resulta, no pós morte. Dependendo da vida na terra, o indivíduo merecerá o céu ou inferno, após a morte; por exemplo. É comum que considerem o sofrimento na terra como grande vantagem para conseguir recompensa após a morte. É muito difícil encontrar lógica nas religiões, principalmente, pela força dos dogmas em que se baseiam.
Se o determinante pelas escolhas fosse a racionalidade lógica, seria possível o consenso. No entanto, outros valores se sobrepõe à racionalidade, como por exemplo: preconceitos, emoção e sentimentos. Isso impede que a racionalidade seja determinante e possibilita escolhas variadas sobre as regras para a convivência em sociedade.
Não sendo possível o consenso, a alternativa menos ruim é respeitar a vontade da maioria. Eleições periódicas possibilitam a continuidade dos debates e as mudanças que a maioria escolher.
O problema se estabelece quando a força impede a divulgação de algumas idéias e privilegia as que se opõe a elas. É o caso, quando, quem está no poder, usa-o para forçar a aceitação do que defende e não mede esforço para impedir a defesa e divulgação das idéias que os contrariam.
Outra maneira de impedir a discussão e divulgação de idéias é a violência física pela força das armas. É o caso das revoluções ideológicas.
A revolução ideológica pode ser motivada pela impossibilidade de seus idealistas divulgarem suas idéias, enquanto a situação usa e abusa de sofismas para submeter o povo a seus interesses, enganando-o na tentativa de conseguir seu apoio.
Outra motivação da luta armada é tentar impor idéias que não conseguem ser aceitas pelos argumentos que as defendem.
A experiência mostra com, evidências estrondosas, que o uso da força, sempre, degenera e propicia seu uso para interesses escusos, por mais justificáveis que tenham sido os motivos que a provocaram.
O governo da Colômbia luta, há anos, contra as FARC.
Tanto o governo, quanto as FARC, apregoam que defendem e buscam o melhor para o povo.
Uma parte do povo concorda e apóia o governo. Outra, as FARC e, outra, é contra os dois.
Os partidários do governo querem o fim das FARC e a punição de seus membros. Os partidários das FARC querem que ela tome o poder, implante suas idéias e castigue os derrotados.
Se o país fosse dividido, proporcionalmente, entre esses três segmentos; e eles assumissem o compromisso de não agressão entre eles; é provável que, em pouco tempo, se verificasse conflitos internos, em cada segmento, objetivando tentar impor idéias divergentes.
O que justificaria a revolução, o uso da violência para derrubar idéias contrárias e implantar as defendidas?
É senso comum que o ambiente ideal para o confronto de idéias é o debate entre teses que defendem hipóteses, com o máximo de dados possível.
A maioria das pessoas gostaria de um regime que lhes garantisse os direitos e os livrasse dos deveres. Que lhes proporcionasse benefícios sem qualquer custo. Alguns sonham com isso, outros consideram possível e, o resto, considera isso um direito inalienável.
Enquanto os idealistas defendem e lutam pelo que lhes parece melhor para o povo, este continua só querendo mais, mesmo que isso resulte em menos.
Ah, como é difícil resumir análises!
O objetivo de todo indivíduo, na vida, é a felicidade, mesmo que ele não tenha consciência disso. Suas ações e, principalmente, o repúdio à infelicidade provam isso.
A fonte da felicidade é a satisfação de vontades, desejos ou qualquer outro nome que se dê a isso.
O indivíduo costuma dar muito mais importância à busca da satisfação do que à análise da vontade que a provoca, pra saber se é coerente e, principalmente, se a satisfação lhe causará bem ou mal.
Não é raro que o indivíduo se esforce para satisfazer uma vontade e, quando consegue, perceba o prejuízo e sofrimento como resultado. Isso deveria provocá-lo a questionar suas vontades, no entanto, ele continua buscando satisfação, obediente, como verdadeiro escravo da vontade, sem questioná-la.
Capitalismo, comunismo e religião, podem ser considerados os três eixos principais das disputas ideológicas. A cada um desses eixos se agregam um sem número de variantes e acessórios.
O capitalismo defende o mercado como meio regulador das disputas entre os indivíduos na busca de seus objetivos que, para ele, é o progresso propiciado pela conquista. O capitalismo defende o direito do indivíduo se destacar dos demais, conquistando tudo o que desejar e que sua capacidade permitir. O progresso individual é a meta e o egoísmo a força que propicia essa busca. Ele admite e, até, incentiva a associação entre indivíduos para conseguirem seus objetivos. É mais ou menos o: “Cada um por si e Deus por todos”
O comunismo defende a igualdade entre os indivíduos, condenando destaques e privilégios. Defende que privilégios são resultado da exploração de indivíduos, por outros, propiciando mais do que os primeiros precisam, gerando falta do essencial para os segundos. Para o comunismo, não é possível o bem estar individual, sem uma sociedade que possibilite isso. A construção de uma sociedade justa e fraterna é o objetivo e, a solidariedade, é a força que poderá viabilizá-lo. É o: “Um por todos, todos por um”
As religiões pregam a onipotência do criador e a devida sub-missão dos indivíduos a ele. Elas pregam a paz enquanto lutam, e até guerreiam, buscando supremacia. Defendem que a vida na terra objetiva e resulta, no pós morte. Dependendo da vida na terra, o indivíduo merecerá o céu ou inferno, após a morte; por exemplo. É comum que considerem o sofrimento na terra como grande vantagem para conseguir recompensa após a morte. É muito difícil encontrar lógica nas religiões, principalmente, pela força dos dogmas em que se baseiam.
Se o determinante pelas escolhas fosse a racionalidade lógica, seria possível o consenso. No entanto, outros valores se sobrepõe à racionalidade, como por exemplo: preconceitos, emoção e sentimentos. Isso impede que a racionalidade seja determinante e possibilita escolhas variadas sobre as regras para a convivência em sociedade.
Não sendo possível o consenso, a alternativa menos ruim é respeitar a vontade da maioria. Eleições periódicas possibilitam a continuidade dos debates e as mudanças que a maioria escolher.
O problema se estabelece quando a força impede a divulgação de algumas idéias e privilegia as que se opõe a elas. É o caso, quando, quem está no poder, usa-o para forçar a aceitação do que defende e não mede esforço para impedir a defesa e divulgação das idéias que os contrariam.
Outra maneira de impedir a discussão e divulgação de idéias é a violência física pela força das armas. É o caso das revoluções ideológicas.
A revolução ideológica pode ser motivada pela impossibilidade de seus idealistas divulgarem suas idéias, enquanto a situação usa e abusa de sofismas para submeter o povo a seus interesses, enganando-o na tentativa de conseguir seu apoio.
Outra motivação da luta armada é tentar impor idéias que não conseguem ser aceitas pelos argumentos que as defendem.
A experiência mostra com, evidências estrondosas, que o uso da força, sempre, degenera e propicia seu uso para interesses escusos, por mais justificáveis que tenham sido os motivos que a provocaram.
sábado, 1 de março de 2008
O que é vida e onde começa?
Hoje pela manhã, assisti ao final de um debate, na Globonews, sobre células tronco. Participavam cientistas e religiosos.
Entendi que a questão fundamental é a definição do momento em que a vida tem início.
O que fica evidente é a consideração da superioridade da vida humana, em relação a todos os outros tipos de vida.
Parece que essa supervalorização se deve à crença de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Quer dizer: ele não é Deus, mas muito parecido, enquanto as outras espécies não mereceram essa distinção.
O homem pode matar outros seres vivos para se alimentar e, até, para oferecer essas vidas em rituais religiosos. Entretanto, a vida humana é sagrada e, em hipótese alguma, pode ser tocada.
Não existem provas sobre as afirmações religiosas, nem mesmo lógica nas argumentações que as defendem. Portanto, a fé é uma emoção, um sentimento que prevalece sobre a lógica.
A humanidade considera que o maior absurdo da ideologia do nazismo, era considerar a raça ariana como pura, merecedora de todas os direitos e benécies, enquanto, as outras, eram inferiores e deveriam ser dizimadas para não comprometer a raça superior.
Os religiosos defendem a mesma ideologia, só trocando a raça ariana pela humanidade como um todo. Hitler defendia que a raça ariana era superior a qualquer outra raça humana. Os religiosos defendem que o ser humano tem essa mesma superioridade em relação a todos os outros tipos de vida. Me parece tão absurda a primeira quanto a segunda tese.
Só considerando os seres vivos, é tão evidente a complexidade, que parecem absolutamente simplórias as teses da humanidade que pretendem compreendê-la. Saltam aos olhos as intenções corporativistas que estão na base dessas teorias, pretendendo monopolizar o direito do homem sobre todos os outros seres vivos.
Os animais selvagens continuam, hoje, praticamente iguais, vivendo e se comportando da mesma maneira que o faziam na época do império romano. Não criaram nada de novo.
O ser humano, durante esse tempo, descobriu e inventou uma enormidade de coisas objetivando melhorar sua qualidade de vida, diminuindo a necessidade de esforço físico, curando doenças, propiciando facilidades, conforto e lazer. A mesma capacidade que propiciou isso, gerou destruição, dor e sofrimento. Muitas dessas coisas geraram tanto o bem como o mal, dependendo do uso que lhes foi dado.
Os animais selvagens não criaram nada de bom, no entanto, também não causaram males novos. No entanto, não puderam deixar de sofrer as conseqüências da atividade humana. É isso que justifica a superioridade do ser humano sobre todos os outros seres vivos?
Voltando ao motivo do início desta reflexão, a pesquisa com células tronco, embrionárias ou adultas; a polêmica tem mostrado a fragilidade da razão em confronto com a emoção e da lógica frente à crença.
O homem considera natural que animais se alimentem de ovos de outros animais e, até, os da própria raça. Da mesma maneira que aceita que filhotes sejam devorados. No entanto, considera inadmissível a interrupção da evolução de um embrião humano que nem o estágio de ovo aviário atingiu.
A maior incoerência está no fato de se combater o uso de embriões criados em laboratório e que não têm como evoluir e acabarão sendo descartados, quer dizer, mortos. Eles foram gerados artificialmente, embora com matéria prima natural, em número maior que o necessário, objetivando diminuir a chance de fracasso. Se for criado só um embrião e ele apresentar problemas, o processo terá que ser reiniciado. Criando vários, é possível descartar os defeituosos e, ainda, sobrarão embriões perfeitos para o sucesso do processo. Mas, claro, como só será usado um, os outros não terão como se desenvolver.
Não seria mais lógico impedir a criação desses embriões? Eles não existindo, não haveria a possibilidade de qualquer ação sobre eles, portanto esse problema não existiria, muito menos, motivos para essa polêmica.
Mais incoerente, ainda, é admitir a não evolução desses embriões, impedidos de chegar à vida completa e, pior, admitindo que sejam descartados, quer dizer, que morram. Admitem uma morte inútil, enquanto repudiam a possibilidade de que essa morte possa representar a salvação de outras vidas, em pleno andamento e, muitas vezes, de indivíduos que já provaram ter muito a oferecer.
Usando uma argumentação agressiva: essas pessoas preferem defender a vida de um embrião, que poderá resultar num criminoso, enquanto impedem que alguém bom e com capacidade demonstrada, perca a chance de continuar vivendo.
Pelo que defendem as religiões, a fertilidade não seria um desígnio de Deus?
Se a vontade Dele é a não procriação daquele casal, não é uma afronta provocá-la artificialmente?
Entendi que a questão fundamental é a definição do momento em que a vida tem início.
O que fica evidente é a consideração da superioridade da vida humana, em relação a todos os outros tipos de vida.
Parece que essa supervalorização se deve à crença de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Quer dizer: ele não é Deus, mas muito parecido, enquanto as outras espécies não mereceram essa distinção.
O homem pode matar outros seres vivos para se alimentar e, até, para oferecer essas vidas em rituais religiosos. Entretanto, a vida humana é sagrada e, em hipótese alguma, pode ser tocada.
Não existem provas sobre as afirmações religiosas, nem mesmo lógica nas argumentações que as defendem. Portanto, a fé é uma emoção, um sentimento que prevalece sobre a lógica.
A humanidade considera que o maior absurdo da ideologia do nazismo, era considerar a raça ariana como pura, merecedora de todas os direitos e benécies, enquanto, as outras, eram inferiores e deveriam ser dizimadas para não comprometer a raça superior.
Os religiosos defendem a mesma ideologia, só trocando a raça ariana pela humanidade como um todo. Hitler defendia que a raça ariana era superior a qualquer outra raça humana. Os religiosos defendem que o ser humano tem essa mesma superioridade em relação a todos os outros tipos de vida. Me parece tão absurda a primeira quanto a segunda tese.
Só considerando os seres vivos, é tão evidente a complexidade, que parecem absolutamente simplórias as teses da humanidade que pretendem compreendê-la. Saltam aos olhos as intenções corporativistas que estão na base dessas teorias, pretendendo monopolizar o direito do homem sobre todos os outros seres vivos.
Os animais selvagens continuam, hoje, praticamente iguais, vivendo e se comportando da mesma maneira que o faziam na época do império romano. Não criaram nada de novo.
O ser humano, durante esse tempo, descobriu e inventou uma enormidade de coisas objetivando melhorar sua qualidade de vida, diminuindo a necessidade de esforço físico, curando doenças, propiciando facilidades, conforto e lazer. A mesma capacidade que propiciou isso, gerou destruição, dor e sofrimento. Muitas dessas coisas geraram tanto o bem como o mal, dependendo do uso que lhes foi dado.
Os animais selvagens não criaram nada de bom, no entanto, também não causaram males novos. No entanto, não puderam deixar de sofrer as conseqüências da atividade humana. É isso que justifica a superioridade do ser humano sobre todos os outros seres vivos?
Voltando ao motivo do início desta reflexão, a pesquisa com células tronco, embrionárias ou adultas; a polêmica tem mostrado a fragilidade da razão em confronto com a emoção e da lógica frente à crença.
O homem considera natural que animais se alimentem de ovos de outros animais e, até, os da própria raça. Da mesma maneira que aceita que filhotes sejam devorados. No entanto, considera inadmissível a interrupção da evolução de um embrião humano que nem o estágio de ovo aviário atingiu.
A maior incoerência está no fato de se combater o uso de embriões criados em laboratório e que não têm como evoluir e acabarão sendo descartados, quer dizer, mortos. Eles foram gerados artificialmente, embora com matéria prima natural, em número maior que o necessário, objetivando diminuir a chance de fracasso. Se for criado só um embrião e ele apresentar problemas, o processo terá que ser reiniciado. Criando vários, é possível descartar os defeituosos e, ainda, sobrarão embriões perfeitos para o sucesso do processo. Mas, claro, como só será usado um, os outros não terão como se desenvolver.
Não seria mais lógico impedir a criação desses embriões? Eles não existindo, não haveria a possibilidade de qualquer ação sobre eles, portanto esse problema não existiria, muito menos, motivos para essa polêmica.
Mais incoerente, ainda, é admitir a não evolução desses embriões, impedidos de chegar à vida completa e, pior, admitindo que sejam descartados, quer dizer, que morram. Admitem uma morte inútil, enquanto repudiam a possibilidade de que essa morte possa representar a salvação de outras vidas, em pleno andamento e, muitas vezes, de indivíduos que já provaram ter muito a oferecer.
Usando uma argumentação agressiva: essas pessoas preferem defender a vida de um embrião, que poderá resultar num criminoso, enquanto impedem que alguém bom e com capacidade demonstrada, perca a chance de continuar vivendo.
Pelo que defendem as religiões, a fertilidade não seria um desígnio de Deus?
Se a vontade Dele é a não procriação daquele casal, não é uma afronta provocá-la artificialmente?
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Deus II
Oi Deus!
Desculpa aí! Mas se eu não puder falar pra você, vou falar com quem, a respeito das minhas reflexões?
Estive pensando na possibilidade de você saber tudo, isto é: ver e ouvir o que todo mundo faz e fala; o que todos pensam, o que farão no futuro; em fim; tudo. Parece impossível que seja assim, mas, ao que tudo indica, é.
Aliás, o que não parece impossível, vindo de você? Tudo que você fez e, parece que ainda faz, parece mais que impossível!
Eu acredito que, seja lá o que você faça, está muito além de nossa capacidade de compreender; no entanto, a mania de tentar compreender me leva a especular sobre algum sistema que possibilitasse isso.
Imagino um batalhão de santos, espíritos e anjos, distribuídos numa hierarquia perfeita, com um sistema de comunicação de mão dupla, que propicia a circulação instantânea dos dados. Vão comandos e vem resultados, instantaneamente, em tempo real. Você seria uma espécie de CPU, armazenando dados, manipulando-os, emitindo ordens e cobrando resultados. Será que isso é possível? Sei lá...
Outras vezes, penso que a sua capacidade dispensa ajuda. Que você sozinho vê, escuta, cheira, sente, arma situações, provoca acontecimentos, prevê o resultado, em fim, tudo!
Bom..., você me desculpa, mas não posso deixar de pensar que esse sistema seja composto de um monte de santos e anjos, que eles não sejam tão competentes e que acabem aprontando as cagadas que verificamos aqui na terra. Eu sei que é meio absurdo pensar isso, considerando que, quem teve capacidade de criar o universo, com tamanha complexidade, não iria delegar poderes a incompetentes. Acabo concluindo que, se as cagadas existem, elas são resultado de sua vontade. Nós não sabemos os porquês, mas você deve saber.
No entanto, você sabe que nós, humanos, não temos total domínio sobre nossos pensamentos (aliás, temos tão pouco, que chego a considerá-lo insignificante.) Por isso, não consigo deixar de pensar que entre santos, anjos, espíritos, e sei lá o que mais; aja alguns corruptos. Não posso deixar de pensar que, alguns deles, vendam facilidades, quebra-galhos ou, até, maldades; em troca de promessas, rezas ou sei lá o que possa interessá-los.
Não consigo deixar de pensar que um santo aceite rezas, promessas e sacrifícios em troca de atender um pedido de um devoto. Que um espírito atenda o pedido de alguém em troca de um trabalho feito em um centro espírita, aceitando cachaça, frangos, farofa, velas e rituais.
É claro que você sabe o quanto e o que as pessoas pedem. Alguns alcançam o que pediram, outros, não. Algumas pessoas pedem curas, paz, felicidade, harmonia, em fim; coisas consideradas boas. Outros pedem vantagens para si, sem se preocupar com os prejuízos que seu pedido causará a terceiros. Pedem o amor de quem ama outra pessoa e, principalmente, é amado por ela; sem se preocupar com o que a pessoa perdedora poderá sofrer. Pedem a falência de alguém para usufruir vantagens que isso possa lhe propiciar.
Você sabe que, pela lógica dos homens, o atendimento desses pedidos demonstra muita injustiça. Muita gente boa não consegue o que pede com fervor e pureza; enquanto, outros, alcançam o desejado, mesmo que seja evidente sua má conduta, falta de caráter e coisas assim.
Em troca dos milagres pretendidos, há quem ofereça sacrifícios, bens materiais, rituais, ajudar ou prejudicar outras pessoas, em fim, há de tudo. Uma oferenda que me parece absurda, é o sacrifício de animais. Tem gente que promete percorrer grandes distâncias, só que vai em lombo de animais (cavalos, burros, etc.). Na verdade, quem paga a promessa é o animal, pois ele é que faz o sacrifício. Prometer o sacrifício de outros é fácil, né?
Será que as incoerências verificadas em milagres é fruto de corrupção?
Não acredito que você aceitaria isso, mas não consigo deixar de pensar nessa possibilidade, afinal, estamos tão acostumados com isso aqui na terra e, como a maioria dos santos e espíritos já viveram aqui, não é impossível que tenham contaminado o teu sistema. Acho que, depois do teu poder, vem o da corrupção. O coisinha poderosa!
Deus, se você sabe de tudo, sabe como me sinto e os pensamentos que me atormentam, portanto, não deve estranhar que eu faça estas reflexões e te coloque como destinatário delas. Provavelmente, é você mesmo quem me provoca a fazer isso. Como de resto, não sei qual seu interesse nisso, mas, seja feita sua vontade.
Desculpa aí! Mas se eu não puder falar pra você, vou falar com quem, a respeito das minhas reflexões?
Estive pensando na possibilidade de você saber tudo, isto é: ver e ouvir o que todo mundo faz e fala; o que todos pensam, o que farão no futuro; em fim; tudo. Parece impossível que seja assim, mas, ao que tudo indica, é.
Aliás, o que não parece impossível, vindo de você? Tudo que você fez e, parece que ainda faz, parece mais que impossível!
Eu acredito que, seja lá o que você faça, está muito além de nossa capacidade de compreender; no entanto, a mania de tentar compreender me leva a especular sobre algum sistema que possibilitasse isso.
Imagino um batalhão de santos, espíritos e anjos, distribuídos numa hierarquia perfeita, com um sistema de comunicação de mão dupla, que propicia a circulação instantânea dos dados. Vão comandos e vem resultados, instantaneamente, em tempo real. Você seria uma espécie de CPU, armazenando dados, manipulando-os, emitindo ordens e cobrando resultados. Será que isso é possível? Sei lá...
Outras vezes, penso que a sua capacidade dispensa ajuda. Que você sozinho vê, escuta, cheira, sente, arma situações, provoca acontecimentos, prevê o resultado, em fim, tudo!
Bom..., você me desculpa, mas não posso deixar de pensar que esse sistema seja composto de um monte de santos e anjos, que eles não sejam tão competentes e que acabem aprontando as cagadas que verificamos aqui na terra. Eu sei que é meio absurdo pensar isso, considerando que, quem teve capacidade de criar o universo, com tamanha complexidade, não iria delegar poderes a incompetentes. Acabo concluindo que, se as cagadas existem, elas são resultado de sua vontade. Nós não sabemos os porquês, mas você deve saber.
No entanto, você sabe que nós, humanos, não temos total domínio sobre nossos pensamentos (aliás, temos tão pouco, que chego a considerá-lo insignificante.) Por isso, não consigo deixar de pensar que entre santos, anjos, espíritos, e sei lá o que mais; aja alguns corruptos. Não posso deixar de pensar que, alguns deles, vendam facilidades, quebra-galhos ou, até, maldades; em troca de promessas, rezas ou sei lá o que possa interessá-los.
Não consigo deixar de pensar que um santo aceite rezas, promessas e sacrifícios em troca de atender um pedido de um devoto. Que um espírito atenda o pedido de alguém em troca de um trabalho feito em um centro espírita, aceitando cachaça, frangos, farofa, velas e rituais.
É claro que você sabe o quanto e o que as pessoas pedem. Alguns alcançam o que pediram, outros, não. Algumas pessoas pedem curas, paz, felicidade, harmonia, em fim; coisas consideradas boas. Outros pedem vantagens para si, sem se preocupar com os prejuízos que seu pedido causará a terceiros. Pedem o amor de quem ama outra pessoa e, principalmente, é amado por ela; sem se preocupar com o que a pessoa perdedora poderá sofrer. Pedem a falência de alguém para usufruir vantagens que isso possa lhe propiciar.
Você sabe que, pela lógica dos homens, o atendimento desses pedidos demonstra muita injustiça. Muita gente boa não consegue o que pede com fervor e pureza; enquanto, outros, alcançam o desejado, mesmo que seja evidente sua má conduta, falta de caráter e coisas assim.
Em troca dos milagres pretendidos, há quem ofereça sacrifícios, bens materiais, rituais, ajudar ou prejudicar outras pessoas, em fim, há de tudo. Uma oferenda que me parece absurda, é o sacrifício de animais. Tem gente que promete percorrer grandes distâncias, só que vai em lombo de animais (cavalos, burros, etc.). Na verdade, quem paga a promessa é o animal, pois ele é que faz o sacrifício. Prometer o sacrifício de outros é fácil, né?
Será que as incoerências verificadas em milagres é fruto de corrupção?
Não acredito que você aceitaria isso, mas não consigo deixar de pensar nessa possibilidade, afinal, estamos tão acostumados com isso aqui na terra e, como a maioria dos santos e espíritos já viveram aqui, não é impossível que tenham contaminado o teu sistema. Acho que, depois do teu poder, vem o da corrupção. O coisinha poderosa!
Deus, se você sabe de tudo, sabe como me sinto e os pensamentos que me atormentam, portanto, não deve estranhar que eu faça estas reflexões e te coloque como destinatário delas. Provavelmente, é você mesmo quem me provoca a fazer isso. Como de resto, não sei qual seu interesse nisso, mas, seja feita sua vontade.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
certo ou errado?
Há como julgar o certo ou errado no comportamento e modo de viver das pessoas?
Todos temos valores e padrões que orientam nosso comportamento e modo de viver, conseqüentemente, eles nos sevem de parâmetro para julgar os outros. Se vivemos segundo esses padrões e valores, é porque os consideramos certos, portanto, o que os contrariar, estará errado.
Por outro lado, esses valores e padrões, muitas vezes, são estabelecidos por preconceitos e os aceitamos sem questioná-los. Grande parte deles têm origem social e religiosa, enquanto, outros, se originam no egoísmo, comodismo e na preguiça.
Julgamentos baseados nesses parâmetros, dificilmente serão justos.
Não bastasse a irracionalidade de muitos parâmetros, o julgamento sofre grande influência da emoção. Portanto, o veredicto, além da distorções dos parâmetros usados, depende do estado emocional de quem julga. Some-se a isso s facilidade que temos para criticar e condenar, e as chances de um julgamento justo se situam muito próximo do impossível.
O que importa ao indivíduo é o que ele sente: prazer, alegria, ternura, amor, raiva, revolta, tristeza, melancolia, ódio, etc. Ainda que a racionalidade mostre com clareza o quanto aquele sentimento seja prejudicial ao próprio individuo ou a terceiros; ele prevalecerá e exigirá grande esforço para ser combatido, se o indivíduo decidir pela racionalidade.
O objetivo da vida é a felicidade e, esta, é resultado da satisfação de vontades. Portanto, é natural que o indivíduo sinta felicidade quando satisfaz vontades e, infelicidade, quando não consegue satisfazê-las ou a satisfação se mostra frustrante.
Pode-se considerar que a vida é como uma corrente formada de elos de tamanhos e de valores diferentes. Elos minúsculos, pequenos, médios, grandes ou enormes; de ferro vagabundo, cobre, bronze, prata, ouro, platina, até o mais precioso material que possa existir. A corrente é contínua, mas os elos variam em tamanho e valor, representando felicidade ou infelicidade, prazer ou sofrimento, nas mais variadas sensações.
Não dá pra saber se essa corrente vai sendo construída à medida que vamos vivendo, se já está pronta e só nos resta segui-la, se algo desconhecido interfere na sua construção, qual o nível de independência que temos para construí-la ou modificá-la. O que parece certo é que ela é contínua e os elos anteriores interferem nos seguintes.
Há pessoas que vivem segundo parâmetros bastante rígidos, evitando grandes variações. Um exemplo, desses, é o de religiosos que se submetem a rotinas de vida extremamente rígidas, muitas vezes, vivendo confinados, sem maior contato com a sociedade, em verdadeira clausura. Entre esses, é comum a auto-flagelação para tentar expulsar vontades, emoções e sentimentos que contrariem os valores que escolheram seguir e possam interferir na rotina a que se submetem. Isso evidencia a força e o poder da vontade, emoção e sentimentos. Essas pessoas se esforçam para que os elos da sua corrente sejam homogêneos em tamanho e valor; tentando diminuir os maiores, aumentar os menores e homogeneizar o material que os constitui. Essas pessoas conhecem bem os sacrifícios que têm que fazer para enfrentar as forças que tentam desviá-las de seus objetivos.
Em contrapartida, há pessoas que vivem como barcos a deriva, levadas por vontades, emoções e sentimentos, sem racionalidade, sem avaliar conseqüências.
Os que vivem lutando para manter a disciplina de rotinas e os que vivem a mercê de vontades, emoções e sentimentos; representam os extremos de uma gama enorme de possibilidades. Entre esses extremos existe um ponto médio onde se situam aqueles que conseguem um equilíbrio entre emoção, vontade, sentimentos e racionalidade; onde a análise do fator custo/benefício é fundamental para a tomada de decisões; É de se considerar que o número dessas pessoas deve ser muito pequeno.
Para justificar o que foi dito, nada melhor que exemplos reais.
Homem honesto, trabalhador, respeitador de mulheres, crianças e velhos; vivendo para a mulher e os filhos, abstendo-se de diversões, considerando que o dinheiro e energia gastos ali eram puro desperdício. De casa para o trabalho e do trabalho para casa, era a rotina desse homem. Nada de aventuras, nem de farras. Só conhecia o mundo pelo noticiário e se divertia torcendo pelo seu time. Trabalhava para o sustento da família e, o pouco que sobrava, investia na melhoria da casa e algum conforto para a família. Era admirado pelas mulheres, principalmente por aquelas cujos maridos viviam dando motivos pra ciúmes e gastavam um bom tempo e dinheiro em bares e outras diversões. Era admirado, mas, dificilmente, desejado. Era admirado, até, fisicamente, no entanto, não era desejado, não despertava paixões, era insosso, sem graça. Não oferecia perigo e era totalmente previsível. Como profissional cumpria seus deveres sem destaque, sem progresso, contentando-se com o suficiente. Era um homem bom.
Outro cara, não admitia ser igual a maioria. Sentia uma necessidade incontrolável de ser diferente, precisava ser admirado, estar na ribalta o máximo de tempo possível. Tinha um talento incrível para contar estórias que, claro, não teriam a menor graça se não fosse pelos detalhes quase absurdos que criava. Aliás, classifico-as como estórias e não histórias, porque era isso que eram. Embora ele pretendesse fazer crer que eram histórias, a maioria não passava de mentiras inventadas, baseadas em fatos reais que não contribuíam nem com dez por cento do que ele contava. Era muito admirado e capaz de reter a atenção de pessoas por longo tempo, ouvindo o que dizia. Era um aventureiro e vivia desafiando o perigo, não tanto o físico, mas, principalmente, o moral. Corria atrás de satisfazer suas vontades sem medir conseqüências, muito menos, os prejuízos que poderia causar a terceiros. Mãe, irmã e outros parentes, sentiram forte o que era sofrer as conseqüências do que ele aprontava. Saia das enrascadas, depois de causar grandes danos, como se nada tivesse acontecido e, logo depois, já estava se atirando em outra aventura, desconsiderando, novamente, as conseqüências. Sua capacidade de iludir as pessoas, granjeando admiração e conquistando algumas vítimas para as próximas investidas; facilitavam-lhe desconsiderar os que o desprezavam e, até mesmo, odiavam, pelo que tinham sofrido por causa dele. Passou a vida conquistando admiradores e frustrações. Em contrapartida aos poucos sucessos conseguidos, que foram efêmeros; soma-se um número bastante alto de fracassos. Sofrimento e frustrações. Tinha grande capacidade racional, mas só a usava para defender o que pretendia, argumentar em sua defesa e justificar suas safadezas. Sem dúvida nenhuma, teria sido um grande dramaturgo e ator, comovendo platéias, distraindo-as e divertindo-as. No entanto, quis fazer da vida a sua ribalta.
Todos temos valores e padrões que orientam nosso comportamento e modo de viver, conseqüentemente, eles nos sevem de parâmetro para julgar os outros. Se vivemos segundo esses padrões e valores, é porque os consideramos certos, portanto, o que os contrariar, estará errado.
Por outro lado, esses valores e padrões, muitas vezes, são estabelecidos por preconceitos e os aceitamos sem questioná-los. Grande parte deles têm origem social e religiosa, enquanto, outros, se originam no egoísmo, comodismo e na preguiça.
Julgamentos baseados nesses parâmetros, dificilmente serão justos.
Não bastasse a irracionalidade de muitos parâmetros, o julgamento sofre grande influência da emoção. Portanto, o veredicto, além da distorções dos parâmetros usados, depende do estado emocional de quem julga. Some-se a isso s facilidade que temos para criticar e condenar, e as chances de um julgamento justo se situam muito próximo do impossível.
O que importa ao indivíduo é o que ele sente: prazer, alegria, ternura, amor, raiva, revolta, tristeza, melancolia, ódio, etc. Ainda que a racionalidade mostre com clareza o quanto aquele sentimento seja prejudicial ao próprio individuo ou a terceiros; ele prevalecerá e exigirá grande esforço para ser combatido, se o indivíduo decidir pela racionalidade.
O objetivo da vida é a felicidade e, esta, é resultado da satisfação de vontades. Portanto, é natural que o indivíduo sinta felicidade quando satisfaz vontades e, infelicidade, quando não consegue satisfazê-las ou a satisfação se mostra frustrante.
Pode-se considerar que a vida é como uma corrente formada de elos de tamanhos e de valores diferentes. Elos minúsculos, pequenos, médios, grandes ou enormes; de ferro vagabundo, cobre, bronze, prata, ouro, platina, até o mais precioso material que possa existir. A corrente é contínua, mas os elos variam em tamanho e valor, representando felicidade ou infelicidade, prazer ou sofrimento, nas mais variadas sensações.
Não dá pra saber se essa corrente vai sendo construída à medida que vamos vivendo, se já está pronta e só nos resta segui-la, se algo desconhecido interfere na sua construção, qual o nível de independência que temos para construí-la ou modificá-la. O que parece certo é que ela é contínua e os elos anteriores interferem nos seguintes.
Há pessoas que vivem segundo parâmetros bastante rígidos, evitando grandes variações. Um exemplo, desses, é o de religiosos que se submetem a rotinas de vida extremamente rígidas, muitas vezes, vivendo confinados, sem maior contato com a sociedade, em verdadeira clausura. Entre esses, é comum a auto-flagelação para tentar expulsar vontades, emoções e sentimentos que contrariem os valores que escolheram seguir e possam interferir na rotina a que se submetem. Isso evidencia a força e o poder da vontade, emoção e sentimentos. Essas pessoas se esforçam para que os elos da sua corrente sejam homogêneos em tamanho e valor; tentando diminuir os maiores, aumentar os menores e homogeneizar o material que os constitui. Essas pessoas conhecem bem os sacrifícios que têm que fazer para enfrentar as forças que tentam desviá-las de seus objetivos.
Em contrapartida, há pessoas que vivem como barcos a deriva, levadas por vontades, emoções e sentimentos, sem racionalidade, sem avaliar conseqüências.
Os que vivem lutando para manter a disciplina de rotinas e os que vivem a mercê de vontades, emoções e sentimentos; representam os extremos de uma gama enorme de possibilidades. Entre esses extremos existe um ponto médio onde se situam aqueles que conseguem um equilíbrio entre emoção, vontade, sentimentos e racionalidade; onde a análise do fator custo/benefício é fundamental para a tomada de decisões; É de se considerar que o número dessas pessoas deve ser muito pequeno.
Para justificar o que foi dito, nada melhor que exemplos reais.
Homem honesto, trabalhador, respeitador de mulheres, crianças e velhos; vivendo para a mulher e os filhos, abstendo-se de diversões, considerando que o dinheiro e energia gastos ali eram puro desperdício. De casa para o trabalho e do trabalho para casa, era a rotina desse homem. Nada de aventuras, nem de farras. Só conhecia o mundo pelo noticiário e se divertia torcendo pelo seu time. Trabalhava para o sustento da família e, o pouco que sobrava, investia na melhoria da casa e algum conforto para a família. Era admirado pelas mulheres, principalmente por aquelas cujos maridos viviam dando motivos pra ciúmes e gastavam um bom tempo e dinheiro em bares e outras diversões. Era admirado, mas, dificilmente, desejado. Era admirado, até, fisicamente, no entanto, não era desejado, não despertava paixões, era insosso, sem graça. Não oferecia perigo e era totalmente previsível. Como profissional cumpria seus deveres sem destaque, sem progresso, contentando-se com o suficiente. Era um homem bom.
Outro cara, não admitia ser igual a maioria. Sentia uma necessidade incontrolável de ser diferente, precisava ser admirado, estar na ribalta o máximo de tempo possível. Tinha um talento incrível para contar estórias que, claro, não teriam a menor graça se não fosse pelos detalhes quase absurdos que criava. Aliás, classifico-as como estórias e não histórias, porque era isso que eram. Embora ele pretendesse fazer crer que eram histórias, a maioria não passava de mentiras inventadas, baseadas em fatos reais que não contribuíam nem com dez por cento do que ele contava. Era muito admirado e capaz de reter a atenção de pessoas por longo tempo, ouvindo o que dizia. Era um aventureiro e vivia desafiando o perigo, não tanto o físico, mas, principalmente, o moral. Corria atrás de satisfazer suas vontades sem medir conseqüências, muito menos, os prejuízos que poderia causar a terceiros. Mãe, irmã e outros parentes, sentiram forte o que era sofrer as conseqüências do que ele aprontava. Saia das enrascadas, depois de causar grandes danos, como se nada tivesse acontecido e, logo depois, já estava se atirando em outra aventura, desconsiderando, novamente, as conseqüências. Sua capacidade de iludir as pessoas, granjeando admiração e conquistando algumas vítimas para as próximas investidas; facilitavam-lhe desconsiderar os que o desprezavam e, até mesmo, odiavam, pelo que tinham sofrido por causa dele. Passou a vida conquistando admiradores e frustrações. Em contrapartida aos poucos sucessos conseguidos, que foram efêmeros; soma-se um número bastante alto de fracassos. Sofrimento e frustrações. Tinha grande capacidade racional, mas só a usava para defender o que pretendia, argumentar em sua defesa e justificar suas safadezas. Sem dúvida nenhuma, teria sido um grande dramaturgo e ator, comovendo platéias, distraindo-as e divertindo-as. No entanto, quis fazer da vida a sua ribalta.
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